Elvis Collectors Brasil - FTD : 48 Hours To Memphis.

48 HOURS TO MEMPHIS (FTD) - Por Sergio Biston

Quando a FTD anunciou o lançamento de 48 hours to Memphis, criou-se grande expectativa. Divulgado como um multitrack, o anúncio do tape surpreendeu os fãs uma vez que gravações profissionais de múltiplos canais que não as já conhecidas, não deveriam, teoricamente, existir. Entretanto, segundo as informações divulgadas, a equipe da FTD havia localizado um tape contendo o show de Richmond, no dia 18 de Março de 1974, gravado profissionalmente pela RCA. O show já circula a muitos anos entre os colecionadores, graças ao bootleg Guarateed To Blow Your Mind. Nele já era possível ouvir o show em grandiosa qualidade sonora, muito superior inclusive, à maioria dos soundboards.
O que 48 Hours to Memphis é na verdade, é uma gravação profissional multicanal, mixada em MONO possivelmente por Felton Jarvis, como um teste para a gravação do show em Memphis que iria se tornar o álbum As Recorded Live On Stage In Memphis. Nessa mixagem, Felton adicionou algum reverb na voz de Elvis, na tentativa de reproduzir na gravação a atmosfera dos shows. O porque da mixagem ser em MONO, permanece um mistério.
Segundo as informações do livreto incluso no CD, o show foi gravado em 16 canais, mas o tape final usado para esse CD é um tape de dois canais recém descoberto, possivelmente com o vocal de Elvis num canal e os demais instrumentos agrupados em outro.
Infelizmente, essa mixagem final é tudo o que se tem hoje deste gravação, o que signifca que nada nela pode ser mexido. Ou seja, não é possível trabalhar individulamente os volumes de áudio de cada instrumento ou vocal, como é possível nos masters multicanais. O que aconteceu com a gravação original de 16 canais é uma incógnita.
Numa comparação direta entre 48 Hours To Memphis e Guaranteed To Blow Your Mind, o produto da FTD ganha nos detalhes. Graças a fidelidade do tape original o que se ouve é uma gravação mais encorpada, que captura melhor a sonoridade de uma apresentação ao vivo e que possui uma maior clareza das frequencias mais altas, mas nada que seja radicalmente diferente do já conhecido bootleg da DAE.
No que a FTD supera e muito o rival pirata é na apresentação do material.Um encarte fabuloso com informações sobre a turnê de Março e várias fotos inéditas feitas pelo fotógrafo Glen Clark, complementam o excelente design gráfico do digipack em formato mini-vinil.
É claro que tudo isso não teria importância se o show gravado no CD não estivesse a altura da arte gráfica que o cerca. E o show de Elvis em Richmond faz jus a todo o impresso. Como em toda a turnê de Março, Elvis apresenta um show relaxado, com repertório bem variado e excelentes interpretações.
Talvez sua melhor turnê desde 1972, os shows desse período, como este em Richmond, mostram Elvis concentrado nas intepretações, sempre em ótima voz e mantendo as brincadeiras e interações com a platéia na medida certa. Outra característica marcante desses shows, certamente presente neste registro, é a atmosfera carregada da energia gerada entre Elvis e a platéia. Foi essa energia que Felton tentou reproduzir com os overdubs de platéia feitos na edição original de Elvis As Recorded Live On Stage In Memphis e que, no final, resultou na materialização desta gravação.
No final do disco a FTD incluiu 3 faixas bônus de 2 outros shows da mesma turnê. Johnny B. Good e That´s All Right são do show em Memphis no dia 17, enquanto uma rara Sweet Caroline representa o show de abertura da turnê. A qualidade sonora, embora inferior ao show principal é excelente e certamente os dois shows dos quais fazem parte merecem lançamentos futuros.
48 Hours To Memphis não é tudo o que prometia ser, mas é um fabuloso registro de uma igualmente fabulosa apresentação de Elvis.

ARTE DO CD: 5/5
SHOW: 4,8/5
SOM: 5/5

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