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A Profile Vol2, Disco 2

Maryland, 28 de Setembro de 1974

See See Rider
Dialogue
I Got A Woman / Amen
Love Me 
 If You Love Me  
 It's Midnight 
 Big Boss Man
Fever 
Dialogue
 Love Me Tender
 Hound Dog  
 Band Introductions 
 Blue Christmas
All Shook Up 
 Teddy Bear/Don't Be Cruel 
 Trying To Get To You  
 Killing Me Softly (The Voice)
When It´s My Time  
 Heartbreak Hotel
Let Me Be There (Com reprise)
How Great Thou Art  
Blue Sued Shoes*
Dialogo*
Hawaian Wedding Song*
Cant Help Falling In Love*
Closing Vamp*

*O final do show encontra-se no CD3 da caixa
 
 

A Profile Vol 2, CD 2 - Por Sergio Luiz

 

Para os 15.000 fãs  presentes na Universidade de College Park, em Maryland, tudo se encaminhava para um grande acontecimento.

Elvis Presley estaria na cidade para mais um show de sua turnê, a qual batia recordes de lotação desde que o artista voltara ao esquema nacional em 1970, tornando-o uma lenda em seu próprio tempo.

Mas Maryland entraria para a história como um dos momentos mais trágicos da carreira deste artista que apenas alguns meses antes hipnotizara a platéia com seu carisma, energia e talento.

Ao entrar no palco da Universidade de Maryland, o homem que naquele ano realizara dois concertos recordistas de público no gigantesco Astrodome e ganhara o Grammy por melhor performance gospel pela interpretação ao vivo de How Great Thou Art, era apenas uma pálida sombra de um grande artista, ofuscado pela depressão e pelo abuso de medicamentos. Ofegante, visivelmente alterado pela medicação e apático, Elvis jamais se apresentara nessas condições nos cinco anos que precederam sua aparição em Maryland.

Mas o concerto em College Park foi apenas a conclusão de eventos que viam se desenrolando silenciosamente desde 1972, acumulando-se sorrateiramente na corrente sanguínea, como um veneno administrado gota a gota.

Elvis já demonstrava sinais de depressão e abuso de medicamentos em Novembro de 1972, mas até então esse problema não se manifestava em suas apresentações ao vivo, salvo momentos menos inspirados aqui e acolá.

A situação manteve-se sobre controle, com altos e baixos, durante todo o ano de 1973 e no ano seguinte ao estrear sua temporada de Inverno em Las Vegas, Presley parecia estar com o espírito renovado.

Esse bom momento perdurou até finais de Agosto, quando uma tentativa de reinventar o repertório acabou mostrando-se menos eficiente aos olhos de Elvis do que o imaginado, levando-o a uma nova depressão e conseqüente aumento do uso de antidepressivos, estimulantes e calmantes.

Apesar de o grande público permanecer ignorante de sua real situação, a famosa noite de encerramento mostraria que nem tudo estava correndo bem com Elvis Presley. Irado pelos boatos da imprensa de que estava usando heroína, Presley explodiu no palco do Hilton, desferindo ameaças aos criadores dos rumores. Visto por alguns como um momento embaraçoso, a atitude de Elvis é na verdade um desabafo público, um reflexo da pressão da vida na estrada e da máquina impiedosa do showbusiness.

A situação piorou quando Elvis voltou à estrada para mais quinze apresentações.

Dessa vez, os intervalos entre os altos e baixos ficavam perigosamente menores. Em um dia, Presley conseguia se apresentar relativamente bem e no outro, fracamente. E então, tudo culminou em Maryland.

Curiosamente, foi o primeiro show em Maryland que entrou para a história como um momento trágico, mas com o lançamento de novos tapes pode-se concluir que esta ingrata verdade cabe a segunda apresentação.

 

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Elvis em dois momentos do concerto em Mayland. Embora aparente boas condições físicas, passava por momentos turbulentos na vida pessoal

 

 

 

Não há nada que possa ser dito de positivo sobre o concerto. Elvis está em seu pior momento e as canções escolhidas para a fatídica noite ganham suas piores versões. Em See See Rider, If You Love Me, e Let Me Be There, canções que exigem maior vigor físico, Presley soa como um toca discos cuja rotação está incorreta. Seu fraseamento é arrastado e sua voz está nitidamente prejudicada na consistência e alcance.  Quando realmente tenta injetar mais vida nas canções, o resultado é semelhante a um rádio cujas pilhas estão no fim da vida útil. Na última, Presley soa afônico, mas consegue miraculosamente, gritar os versos.

Talvez por isso, ciente da situação, Presley muda o fraseamento e improvisa varias vezes nos vocais. Mas não é o suficiente e o concerto só não é um desastre maior porque Elvis consegue espremer alguma energia em Its Midnight e Big Boss Man e; mesmo nelas, sua voz soa trêmula e enfraquecida. Não há nada nelas, ou em outras faixas, que sequer assemelhem-se com o grande artista ao qual estamos acostumados a ouvir, no palco ou no estúdio.

How Great Thou Art é a versão mais trágica de toda sua carreira. Quando parte para a parte mais exigente, sua voz falha miseravelmente, fato extremamente raro em suas apresentações ao vivo.

Incrivelmente, afora talvez alguns observadores mais perspicazes, a platéia aplaude, grita e incentiva seu ídolo, hipnotizada por seu carisma.

Ironicamente, talvez tenha sido exatamente essa atitude complacente de seus fãs que o levou a estagnação artística que se instalaria por definitivo em 1976.

Elvis jamais deveria ter entrado no palco naquela noite e seu empresário, o ganancioso Coronel Parker, jamais poderia permitir que seu artista se apresentasse de maneira tão pequena, inda mais quando se leva em consideração seu imenso talento e carisma.

Mas Parker permaneceu omisso ao fato, muito semelhantemente aos fãs de seu protegido. Dessa omissão e da omissão do próprio Elvis, ficou registrado para sempre esse triste momento de sua vida e carreira.

Dentro de sua vasta discografia, muitos outros concertos de grande quilate foram também registrados e posteriormente lançados, tanto oficialmente como pelos piratas, e feitas as devidas medições na balança da qualidade, a quantidade de grandes apresentações supera e muito o número de shows ruins. A noite em College Park figura num pequeno, mas perturbador, grupo de performances extremamente medíocres mas que devem ser encaradas com naturalidade pelo fã. Embora a condição física de Elvis possa chocar o ouvinte, noites como essas foram extremamente raras, talvez repetindo-se por quatro ou cinco vezes mais.

Pelo que se apresenta, Maryland, em toda sua pobreza artística, constitui registro indispensável para a compreensão dos fatos que levaram ao fatídico 16 de Agosto, quando o mundo se calou perante a perda de um de seus maiores artistas.

 

Som: 4/5

Performance: 0,5*/5

 

* O meio ponto deve-se somente as performances de Its Midnight e Big Boss Man, que mesmo medíocres, apresentam ao ouvinte uma experiência um pouco melhor do que as demais; e pelo esforço de Elvis em tentar apresentar o show, sob as citadas circunstâncias.

 

Para saber mais, leia também:

 

Dragon Heart – Por Luiz Henrique

Chaos In College Park – Por Luiz Henrique

A Profile Vol 2, CD3 – Por Sergio Luiz

Breathing Out Fire - Por Renan

 
 
 
 
® Sergio Luiz Fiça Biston, Julho de 2007
 


 

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