Good Times (FTD)

Good Times (FTD) - Por Sergio Biston

Com nada menos do que 11 takes alternativos completos e inéditos, duas duzias de ensaios e tentativas e mais alguns masters sem os overdubs, a re-edição expandida da FTD do album de 1974, Good Times, é um baú recheado de tesouros. Se o primeiro CD a cobrir o material do Stax, Raised On Rock, trouxe quantidade semelhante , Good Times eleva a experiência ao trazer não só  a mesma quantidade de material inédito, mas músicas de muito maior calibre. Temporariamente livre da maioria das indisposições que o afetaram em Julho e expuseram um artista desmotivado, produzindo, com algumas exceções, material de baixa qualidade, em Dezembro Elvis estava de volta ao trabalho com gosto. E isso fica claro no primeiro take das sessões de Dezembro, Loving Arms. É delicioso ouvir as pequenas nuances no fraseameto, no primeiro take ainda desajeitado dessa excelente canção.  A surpresa fica pro final, com Elvis seguindo uma sugestão de um dos músicos e trabalhando a melodia da canção só com a modulação das notas, sem cantar qualquer palavra. My Boy ganha uma interpretação apaixonada já no primeiro take, e não é difícil interpretar o empenho de Elvis na canção como uma catarse. Seu divórcio havia se concretizado a apenas dois meses.O bom humor do artista e seu prazer em estar gravando ficam evidentes entre os takes ou nos erros durante a execução das músicas. Charlie, os músicos e até ele mesmo são alvos de suas piadas. O bom humor impera em She Wears My Ring, quando Elvis é acometido por uma crise de riso.  Entre as faixas do disco estão I´Ve Got A Thing About You Baby e Take Good Care Of Her, ambas tiradas das sessões de Julho. A apatia de Elvis nessa ocasião fica ainda mais evidente em contraste com a exuberância das sessões de Dezembro, mas mesmo assim os produtores do disco foram muito felizes na inclusão dos diversos takes da primeira. Através deles é possível acompanhar todo o desenvolvimento da canção, desde sua primeira tentativa que tem um arranjo muito mais rápido, próximo ao estilo country de salão, aos takes finais muito mais cadenciados. Entre eles o humor tão presente de Elvis, infalível até em seus momentos mais obscuros, pede para que Lisa, presença ilustre no estúdio, vire para o outro lado, quando pai Elvis solta um impropério.

O master cru de Good Time Charlie Got The Blues encerra o segundo disco e se revela mais uma agradável supresa. Ele é na verdade mais longo, com um solo de guitarra country fabuloso de James Burton.

Um livreto recheado de fotos, memorabílias e notas sobre a sessão complementam o pacote, agraciado pela remasterização quase perfeita de Vic Anesine. O que mais pode ser dito de um lançamento que traz tudo aquilo que adoramos em um disco de Elvis? Somente que a FTD nos proporcionou mais um fascinante vislumbre do processo de criação de algumas das canções mais agradáveis da parte final da carreira de Elvis. Parafraseando da lingua americana,"Good Times indeed!"

O Stutz branco de Elvis, estacionado no Stax Studio em Dezembro

Elvis descansando em Memphis, no estacionamento do cinema, em 23 de Dezembro de 1973. 7 dias após o fim das sessões no Stax.

®Colleen Taylor - retirado do site Paul´s Elvis Page Candid Center

Conteúdo: 5/5

Som: 5/5

Arte do CD: 4,5/5

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® Sergio Luiz Fiça Biston - Abril de 2010