FTD - Perdendo a direção?

[Douglas]

O propósito desse texto é simplesmente refletir sobre o encadeamento e a lógica dos lançamentos da FTD. Espero que entendam minha visão.
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Quando a FTD começou em 1999 foi um grande achado para os fãs. Esperávamos boxes, lançamentos especiais ao nível da Bilko, do tipo da série There’s Always Me, com muito material inédito, inclusive dos anos 50. Mas o início não foi lá muito promissor: um cd contendo faixas dos shows do Especial de 68. A partir de então vieram bons lançamentos, sendo que os maiores representantes foram sem dúvida: The Jungle Room Sessions, One Night Only (show de abertura de 1970), The Nashville Marathon. A partir de então os lançamentos caíram de qualidade, com muitas repetições e shows pouco interessantes. Mas o objetivo do selo, como o próprio Ernst disse, é de uma forma ou de outra, cobrir todas as temporadas e turnês de Elvis.

O selo parecia estar com os dias contados, por volta do 2003, Ernst teria revelado em uma entrevista que a FTD tinha material para mais 3 até 5 anos, mas não para 10 anos. Entretanto, num momento de criatividade surgiu a idéia de reeditar os álbuns da carreira do Elvis, os chamados Classic Albuns. Essa linha de lançamentos deu novo fôlego ao selo, entretanto, passou a usar em extrema do artifício de repetir material já lançado...

A minha principal queixa, além do excesso de repetição de material, é o mix de material que não possui muita afinidade. Vamos citar um exemplo: An American Trilogy. Um CD contendo faixas de fevereiro de 1972, gravadas profissionalmente, muitas já não eram inéditas, pois já havia sido utilizadas, pelo menos 2 lançamentos anteriores: Burning Love (1999) e The Essential 70’s Masters. Faixas como You Gava Me a Mountain, Never Been To Spain, It’s Over, apenas para citar algumas poucas, já haviam sido utilizadas antes. Embora o repertório do American Trilogy-FTD fosse bom, sempre uma pedida, frustrou-me a inclusão de partes do show de abertura de janeiro de 1972, gravados em soundboard, ou seja, outro tipo de gravação com outra qualidade. Como todos nós sabemos, esse show é importante, pois pela primeira vez Elvis apresentou You Gave Me a Mountain, A Big Hunk O’ Love e algumas outras. Prá mim esse show podia muito bem ser adicionado como um segundo CD a esse lançamento, pois as faixas básicas em si, já eram repetições.

Mais tarde, tivemos o Standing Roon Only, novamente fazendo uso de faixas previamente lançadas pela própria FTD, embora o conceito seria a reprodução do que seria esse álbum, não deixou de utilziar pela 4 (quarta) vez, sendo a segunda pela FTD, das mesmas faixas já lançadas anteriormente. Alguns dizem que a qualidade sonora deixou a desejar, não sei se isso é fato, eu particularmente gostei do lançamento, pois trata-se uma coletânea muito boa, com faixas representativas do período que Elvis vivia.

No final de 2008 a FTD lançou o Nevada Nights, contendo o show de abertura de Agosto de 1974, já lançado e relançado pelos bootleggers, e um segundo show inédito. Ou seja, dois shows pelo preço de um CD. Ponto para a FTD !!

Agora em outubro de 2009, a FTD lança, os ensaios para o show de abertura de 1974, muito requisitado pelos colecionadores e de quebra trechos do show de 20 de setembro de 1974 (apenas trechos), com duas faixas cantadas por Shaun (ou Sherill, sempre me confundo) Nielsen. A pergunta que fica é: como pode alguém incluir trechos de um show para completar o ensaio, ainda mais quando duas faixas não são cantada pelo próprio Elvis? Pq. não completar com um show inédito da mesma temporada?

Será que a FTD está perdendo seu rumo? Será que a quantidade de shows, faixas de estúdio é tão grande que a equipe da FTD não chega a analisar a coerência do lançamento?

Na minha opinião, não vejo sentido em lançar um ensaio e para completar apenas algumas faixas de um show. Seria mais interessante encontrar um show curto e adicioná-lo aos ensaios, caso contrário, que motivação nós teríamos em adquirir esse lançamento?

Não quero parecer o chato que só reclama, mas acho que tudo é uma questão de “bom senso”. Parece que a FTD carece de um projeto, um rumo. Os lançamentos não seguem uma lógica. Não possuem uma coerência. Lançaram o That’S the Way it Is, em seguida o Elvis Country, depois o Love Letters, todos contando gravações de 1970. Pela lógica lançariam algo de 1971, mas ao invés disso vieram com o Standing Room Only, contendo gravações de 1972. Ou seja, pularam 1971, que compreende o Wonderful World Or Christmas e o Elvis Now, além do Fool. Agora anunciaram o Good Times de 1974 e já prorrogaram o lançamento, o que era de se esperar afinal de contas, a quantidade de lançamentos já indicava isso...

Por fim, não entendo essa sequência de lançamentos, com faixas picadas. Prá mim, a FTD segue uma variável aleatória onde não há um encadeamento lógico nos lançamentos, exceto os 3 de 1970, TTWII, Country e Love Letters.

Ernst parece ter perdido o rumo, talvez devido à extensão da discografia do Elvis, talvez devido às insistentes reclamações de fãs europeus (???) embora Elvis fosse americano... É de estranhar que a própria base da FTD fica na Europa e não em Nashville, Memphis... etc. Para nós, resta torcer para que no grupo ligado à FTD surja alguém com um pouco de bom senso e que coloque , pelo menos uma certa coerência nos lançamentos. Quem sabe após isso, teremos shows completos uma maior sensatez nos lançamentos. Desculpem se escreví demais.

[POSSER]

Particularmente minha única critica é misturar shows no mesmo CD. Isso fora o lançamento de material repetido, é claro.

Acho que show deve ser lançado na integra (quando existir), sem pincelar partes de um show no outro.

Quanto a sequencia cronologica, não vejo maiores problemas.

[Sergio Biston]

Bons questionamentos, Douglas. Concordo em algumas partes e discordo em outras.
Acho que a FTD nos serviu muitíssimo bem nos últimos 7 anos, mas não é segredo que o material de estúdio está acabando. Foram praticamente 30 anos de "mineração" e é até de se espantar que ainda temos uma boa quantidade a ser lançada. Ernst falou que 2005 seria o último ano que veríamos a mesma quantidade de material de estúdio.
Logo no início do selo, eu tinha esperança muito maiores do que tenho hoje. Acreditava em Soundboards de Pittsburgh 76, Lake Tahoe 1971, Asheville 1975, Indianápolis 1977, ensaios e músicas raras. Hoje eu tenho convicção que a Sony não possui esse material nos arquivos. Tudo isso está na mão de colecionadores. Por isso, acredito que a única maneira desse material vir a tona um dia, é através de lançamentos clandestinos, já que a FTD não poderá se sustentar através de lançamentos esporádicos. Vide Let Me Be The One.
A série Classic Albuns foi uma benção e uma maldição, dependendo do ponto de vista. Eu acho que esse deveria ter sido o conceito desde o início. Mas como a direção tomada no começo foi outra, acabamos com material repetido nas mãos, CDs que se tornaram obsoletos e impacto e importancia dos novos CDs comprometido. Imagine como teria sido fantástico se todos os takes em Standing Room Only, Thats The Way It Is, Country e Love Letters fossem inéditos. Infelizmente não foi o caso e quando o conceito foi concebido, pouco material inédito restava. Nesse sentido, acho que a aqui a FTD desviou-se sim um pouco do seu rumo.
Por um outro lado, CDs como Nashville Marathon são muito agradáveis de se escutar e as vezes pintam um panorama mais completo da sessão como um todo. São os dois lados da moeda. De um, o ponto de vista do colecionador. Do outro, o ponto de vista do ouvinte.
Um outro ponto negativo na minha opinião é o fato de Ernst deixar de fora material inédito. É o caso de Today, por exemplo, que possui 2 ou três takes inéditos que não foram incluídos na edição clássica. Achei uma tremenda besteira pois essa sobra, possivelmente false starts e tentativas incompletas, não justifica um novo lançamento. Deveria ter sido tudo incluido nesta edição, que se tornaria definitiva.
Outra inadimissível é o fato da FTD estar agora relançando o Girl Happy, com melhoria sonora e gráfica. Esse tipo de coisa é um insulto para quem apoia o selo e acaba com material inferior nas mãos. Esperei cinco anos para comprar o Girl Happy e quando decido adquiri-lo, duas semanas depois recebo a notícia que uma melhor versão está a caminho
Quanto aos soundboards e ao vivo em geral, se a FTD quiser, pode se sustentar por outros 10 anos com o que tem em arquivo. O problema é que fora um lançamento ou outro, não estamos recebendo nada de muito importante ultimamente. Mesmo assim a FTD foi responsável por coisas maravilhosas como:

Tucson 76- Unica versão ao vivo conhecida de Danny Boy
Dixieland Rocks - Um dos melhores shows de 1975, em matéria de repertório
All Shook Up- Possivelmente O MELHOR show de 1969
Dragon Heart- Canção inedita All Right, Okay, You Win
In A Private Momment - Canção Inédita Its a Sin To Tell A Lie, além de várias gravações caseiras
Taking Tahoe Tonight - Única versão ao vivo de Faded Love
Closing Night - Um dos shows que esperava existir em soundboard. Um show bizarro, amado ou odiado, mas muito diferente do padrão
The Jungle Room Sessions - Possivelmente O mais importante lançamento da FTD - Pela primeira vez, outtakes das últimas sessões de Elvis
Elvis - The On Tour Rehearsals - Ensaio de Young And Beautiful
I Sing All Kinds - Pela primeira vez, outtakes de algumas canções das sessões de 1971, como Im Leaving
I Found My Trill - Primeiro e único registro conhecido da primeira temporada de Vegas em 1974
Dinner At Eight - Unico soundboard conhecido com Wooden Heart
Livros - Todos eles, talvez com exceção de Writing For The King foram o tipo de projeto que os fãs só sonhavam na década de 90.


Então, se algumas expectativas minhas não se tornaram realidade, outras que eu nem imaginava aconteceram. E nesse sentido, a FTD continua fazendo juz ao seu objetivo inicial: Representar todas as turnes e temporadas de Elvis com pelo menos 1 CD.
Se somarmos isso com toda a quantidade de takes inéditos ao longo dos anos, temos um verdadeiro tesouro lançado pela FTD nesses 11 anos.
Mas não dá para negar que 2008 e a primeira parte de 2009 foi relativamente sem graça comparado com os anos anteriores. Talvez seja um período "entre-safras" Esse final de ano parece estar revertendo a onda, com o lançamento de Jailhouse Rock em 2 partes(!) e Good Times, se tiver material inedito suficiente. Podemos contar ainda, quem sabe em 2010, com um show inédito do Hayride(!) e o projeto Sun, que ainda tem esperanças de incluir a inédita Little Mamma. Quem sabe assim Ernst consegue reverter esse periodo meio sem sal.

[JeanFabricio]

Eu penso que a FTD está chegando ao fim sem ter tido um planejamento profissional adequado.

Se eu fosse criar um selo, antes de tudo faria uma pesquisa de mercado. Saber o que o mercado quer, mercado de fãs e de não-fãs.
Segundo, eu listaria TUDO que eu, como produtor, teria disponível para lançar comercialmente, áudio, vídeo e fotos.
Terceiro, programaria os intervalos de lançamento conforme os dois itens acima. Muito material, menor prazo; pouco material, maior prazo, deixando os "mais requisitados" sempre para os intervalos maiores (tipo Páscoa e Natal).
Quarto: não me ateria apenas ao "som". Por exemplo: "todos" os shows de 1970 são iguais. Então o diferencial viria no material gráfico.
E aproveitaria o caso de ser um braço da RCA (por meio da holding) para lançamentos "premium" - BOXES com material fotográfico e audio-visual de tudo gravado pela RCA (On Tour, TTWII e outros)
E finalmente alternaria a categoria do lançamento: show/filmes/não-filmes, por década (50, 60 e 70), para não ficar repetitivo.

Eu acho que a FTD presta um bom serviço, e assim como as outras, terá fim. Pelo menos ficará o material para nós!

[Nassib]

Eu acredito que a "maldição do Col Parker" ainda ronda por ai. Tudo que for lançado com o nome Elvis Presley, venderá! Estão seguindo fielmente o que o empresário fazia. Para quem é fã recente, isso é uma mina de ouro. Mas para a grande maioria nem compensa gastar tanto dinheiro para ter algo que já foi lançado anteriormente, nenhuma novidade. As mesmas músicas em quase todos os repertórios (salve raras exceções). O que muda? Só porque em uma versão Elvis dá uma gargalhada? Ou conta uma piada?
Amigos, eles irão lançar as mesmas coisas até perceberem que estão perdendo dinheiro. Dai então poderá surgir algo realmente novo, em termos de filmagens e cds. Eles tem metas para atingir financeiramente. Se lançarem 3 FTD que já conhecemos, mudando a capa e acrescentando algumas fotos, muita gente vai comprar e eles irão atingir seus objetivos.
Como vi em um documentário: Os fãs iam assistir seus shows em 76 e 77 e viam a imagem de Elvis dos anos 50. Se tivessem dito: "Vc está fora de forma, não queremos vc assim" e fossem embora, ele teria se cuidado (concordo plenamente).
Da mesma forma é hoje em dia. Se os fãs reclamarem, não comprarem esses lançamentos, e eles tiverem prejuízo, irão repensar. (Esta é minha opinião).
Deus queria que nunca um furacão atravesse o porão onde estão guardados as "preciosidades" dos shows em vídeo e audio que a ÈPE guarda como o maior tesouro do mundo, pois seria um duro golpe para todos os fãs e principalmente a EPE.
É por isso que eu não estou mais comprando esses lançamentos. Meu primo olhou minha coleção e disse: Vc tem uns 20 discos com o mesmo repertório, praticamente só muda 1 ou 2 músicas. Por que vc compra isso? Dai até eu fazer ele entender...
Se não mudarmos nossa forma de avaliar cada lançamento e fizermos um esforço enorme para não comprar, vai continuar assim por anos e anos. vcs tem que ver que é isso que eles querem, estão lucrando ao máximo somente caprichando nas capas e melhorando um pouco o som.
Muita gente não concorda e eu respeito a opinião deles. Alguns acham que deveriamos comprar todo lançamento da EPE para que eles se sintam encorajados a lançar cada vez mais coisas. Coisas repetidas? Tô fora! Prefiro ficar com o que já tenho pois pelos lançamentos que estão ai, é tudo a mesma coisa.

Bom é isso, minha humilde opinião
abraços
Nassib

[Douglas]

Valeu os comentários de todos os amigos aqui.
Eu particularmente não achou ruins os lançamentos da FTD, com exceções. Por exemplo o From Sunset to Las Vegas, contendo os ensaios de 1974, acrescido de algumas faixas ao vivo, esse CD me pareceu perdido na série.

Prá mim, os Classic Albuns foram um achado para a FTD, deram um novo rumo para o selo, como o próprio Sérgio falou, esse deveria ter sido a tônica do FTD logo de início, porém, somente em 2003 ou 2004 perceberam que os takes estavam acabando. E dá para entender o que aconteceu: na mioria dos casos, quando existem 10, 15 takes, apenas 2 ou 3 estão completos, os demais são false starts. Basta ver o caso de Wearin' That Loved On Look, onde apenas 2 takes estão completos, se não me engano o master e o take 10. Essas situações é que comprometeram a série iniciada pelos CDs em digipack.

Quando um lançamento traz takes da Platinum, da Close UP, da Today Tomorow and Forever, ok, dá para aceitar, afinal são faixas que não estariam mais disponíveis para os fãs. O que não dá para entender são as repetições da própria FTD.

Eu me pergunto se a FTD teria algum planejamento. Às vêzes temos a impressão de que os lançamentos são feitos às pressas e no tapa, vejam o que aconteceu com o Good Times. Previsto para outubro, só vai ser liberado em dezembro. Provavelmente ainda estão trabalhando na seleção das faixas. Enfim, o debate não se esgota aqui, mesmo porque a RCA, BMG, agora Sony e FTD não ouvem os fãs. Basta obsevar que entre o show One Night Only, contendo o show de abertura de agosto de 1970, foi lançado em 2000. Nove anos se passaram, até que a International Label lançou todos os shows do TTWII. Em junho, surgiu o selo Audiônics lançando o Stranger In The Crowd, contendo o show de 13.08.1970. Só então a FTD resolveu lançar o The Wonder Of You, contendo o mesmo show de 13.08.1970.

Prá mim, não fossem esses lançamentos piratas esse show continuava guardado.

[POSSER]

Não podemos esquecer que a FTD esta lançando LPs. Isso pode dar mais alguns anos de vida ao selo.

Existe um publico fiel aos LPs. Acho que umas edições de 1000 unidades renderia um bom lucro para manter o pessoal na ativa.

[JeanFabricio]

Não podemos esquecer que a FTD esta lançando LPs. Isso pode dar mais alguns anos de vida ao selo.
Existe um publico fiel aos LPs. Acho que umas edições de 1000 unidades renderia um bom lucro para manter o pessoal na ativa.

Eu compraria, não fossem os valores inviáveis.

[POSSER]

O valor, se não me engano, é parecido com o do CD.

Na verdade, o selo é voltado para um grupo reduzido de colecionadores. Nunca foi objetivo popularizar a FTD.