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O Elvis Collectors Brasil tem orgulho de apresentar mais uma entrevista inédita e exclusiva, desta vez com Sandi Miller. Sandi era uma fã de Elvis como todos nós, mas ao longo dos anos ela se tornou uma amiga pessoal, um privilégio que muitos poucos tiveram. Sandi não só se tornou uma amiga como também passou a ser presença constante em suas várias mansões e esteve presente em momentos importantes de sua carreira. Ela também tirou algumas das fotos amadoras mais queridas pelos fãs. Muitas dessas fotos apareceram no ótimo livro Behind The Image, junto com algumas de suas fascinantes histórias que puderam ser relembradas como se tivessem acontecido ontem, graças as suas anotações em seus diários. Nessa conversa, Sandi compartilhou mais algumas histórias de seu tempo com Elvis Presley. Esperamos que você aprecie a leitura tanto quanto apreciamos.

ECB: Elvis Collectors Brasil

SM: Sandi Miller

 

ECB:Sandi, para dar início a nossa entrevista, por favor nos conte um pouco sobre você e como você se tornou uma fã.

SM: Cresci na Holanda e em Minnesota. Acho que tornar-se uma fã de Elvis foi quase um processo subconsciente. Minha mãe tinha um restaurante em Minnesota e ela sempre colocava músicas de Elvis. Soma-se a isso o fato dela levar eu e minha irmã para trabalhar com ela e também por estarmos sempre no cinema ao lado do restaurante enquanto ela trabalhava. Depois de ouvir “a voz” finalmente fui ver como esse cara era na tela do cinema! E acho que foi isso, virei uma fã!


ECB:Quando foi a primeira vez que você o conheceu e qual sua primeira impressão dele?

SM: É uma história longa, mas vou tentar me conter. Primeiro, morando em Minnesota não havia muitas chances de conhece-lo e embora eu sempre deseja-se ir a Graceland,não sabia por onde começar.

Enquanto isso, num projeto de Inglês, minha professora pediu para que todos na sala arranjassem amigos for a do estado para se corresponder. Escolhi uma garota que vivia na Califórnia (Achei ela na sessão de correspondência da revista Teen Beat), porque ela disse que era uma fã de Elvis. Depois de escrever para ela por quase um ano, ela me convidou para visita-la em Orange County, Califórnia, nas férias escolares. Ela mencionou que talvez sua mãe nos levasse até a casa de Elvis em Bel Air e talvez conseguíssemos vê-lo. Não tenho certeza, para ser honesta, que acreditei nela porque essa tinha sido a primeira vez que ouvi falar que ele morava na Califórnia, mas for a isso, estava ansiosa para conhecer a Califórnia. Disse a ela que morreria feliz se pudesse só “ver” Elvis por um segundo e nunca iria querer mais nada!

Bem, aconteceu que apenas vê-lo não foi suficiente – foi vício instantâneo.

Essa foi a primeira vez que eu o vi. Minha primeira impressão ao finalmente conhece-lo foi que ele era absolutamente lindo, de fala tranqüila e absolutamente encantador. O fato dele ter se apresentado me surpreendeu muito! Ao longo dos anos, construí essa imagem dele em minha cabeça de que ele era absolutamente perfeito. Ele amava sua mãe, sua família, não fumava, não usava palavrões, era religioso, etc etc. Tinha ele num pedestal tão alto que ele bem podia ter asas e sair voado. Não levou muito tempo para que essa impressão começasse a mudar...Ok, ele fuma, ele fala palavrões, certo...Oh Meu Deus, ele é humano! Ele perde a calma, ele é engraçado, ele é irreverente...gosto desse cara ainda mais!


ECB:Elvis era conhecido por ser muito amigável com os fãs. Mas também é sabido que ele era uma pessoa muito reservada. Muitos poucos conseguiram fazer parte do seu círculo de amizades. Como você conseguiu passar de uma fã nos portões para uma amiga?

SM: Acho que foi uma questão de estar no lugar certo na hora certa, mais do que qualquer coisa. Naquela época, nos anos sessenta, não era incomum que vários fãs fossem convidados a entrar nas casas na Califórnia ( E as vezes em Graceland também, pelo que sei). Se você se comportasse, seria convidada novamente de tempos em tempos e isso acontecia frequentemente. Comecei com um convite esporádico e progrediu dali. Já nos idos do início dos anos 70, já não era mais necessário para mim ficar esperando nos portões, embora quando eu estivesse com amigos eu os levava até o portão para que eles conhecessem a casa e quem sabe Elvis.

Mas na maioria das vezes, éramos convidados para ir até sua casa em Palm Springs nos fins de semana e era lá que passávamos a maior parte do tempo com ele. Também eramos convidados. Para ir até os estúdios da RCA no Sunset Boulevard e muitas ocasiões para vê-lo ensaiar ao longo dos anos.


ECB:Como foi sua primeira visita à Graceland?

SM:Surreal! Fomos convidadas para a festa de ano novo ( uma coisa muito comum para os fãs na época) Decidimos ir e chegamos aos portões de Graceland ( depois de muita aventura pelo caminho) onde um de seus tios disse: “Vocês devem ser as garotas da Califórnia. Aparentemente alguém deve tê-lo avisado de nossa chegada. Prontamente ganhamos um convite para ir até o Memphian para uma noite de filmes.

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Sandi e Elvis , nos portões de sua casa em LA. 1969.

ECB: Quando ele estava em casa, quais eram as coisas que ele gostava de fazer?

SM:Coisas bem normais, na verdade! Ele assitia TV mas tinha o hábito irritante de mudar de canal no meio do programa, as vezes de algo interessante ou ainda pior, tinha o péssimo hábito de contar o final do filme que assistíamos! Ele gostava de “narrar” e comentar tudo o que passava na TV, as vezes tornando difícil ouvir o que se passava. Ele também gostava de sentar-se ao piano e cantar e na maioria das vezes ele queria que todos se juntassem a ele e cantasse. Eu apenas falava a letra porque com certeza ninguém ia querer ouvir a minha voz! Ele provavelmente iria me jogar para for a da sala se tivesse me ouvido cantar!

Ele gostava de jogar...Jogos de tabuleiro, cartas, etc.

Em Palm Springs ele pegava seus buggies e corria como um louco. Tiro ao alvo, ( ele colocava latas em volta da piscina e atirava nelas). Ele gostava de ler mas acho que gostava ainda mais de ler para alguém.

Um fã uma vez deu a ele um livro sobre autópsia e ele trouxe para o fim de semana. Tinha fotos explicitas e ele devorou aquilo. Fez questão de passar o livro para todos e de que todos vissem. Ele provavelmente leu aquilo de ponta a ponta diversas vezes.


ECB: Um de seus passatempos favoritos era ir as noites de filmes no cinema local. Você participou dessas sessões?

SM: Sim,em todas as nossas idas a Memphis fomos ao Memphian assistir filmes. Mas eu só fui três vezes a Memphis enquanto ele ainda vivia. Na primeira viagem a Memphis, depois dos filmes, Charlie se ofereceu para nos levar de volta ao hotel, se nós não nos importássemos em ir com ele para entregar os rolos de filme daquela noite. Era melhor do que pegar um taxi e como conhecíamos Charlie na Califórnia, concordamos. De repente ele entrou nos portões de Graceland, os portões se abriram e Charlie dirigiu até a casa e deu a volta, entrando por trás. Nossos cérebros não estavam funcionando corretamente naquela hora, especialmente quando ele nos disse para entrar.

Lembro-me muito pouco daquela noite porque foi um choque. Mas me lembro que havia muitas árvores de natal, e elas ainda tinham presentes sob elas, alguns abertos, outros não. Era incrível!

Todos nos sentamos, conversamos e escutamos música até o amanhecer. Lembro-me de Red estar lá, Elvis, Charlie e outros que eu não conhecia, provavelmente a gang de Memphis que não ia para Califórnia com freqüência.

Já com relação as sessões de cinema...Elas iam a noite toda. As vezes ele pediu para trazerem comida. ( pequenos hamburgers). As vezes ele assitia o filme por completo e em outras ocasiões eles iniciam vários filmes, os quais Elvis interrompia após dez ou vinte minutos para começar outro.

As vezes ele vinha armado com pistolas de água e começava uma guerra de pistolas ou então uma guerra de pipoca. Os filmes eram tudo menos chatos. Uma vez ele começou a correr pelos corredores só por diversão. Os caras ficavam doidos porque tinha um que o seguia sempre, para qualquer lugar que ele fosse, seja o banheiro o o saguão.


 


ECB:Ele comentava sua insatisfação e preocupação com a qualidade de seus próprios filmes e da direção que sua carreira estava tomando?

SM:Ele fazia piada deles e de si próprio...Ele fez um comentário uma vez, de que ele achava uma completa estupidez o fato dele estar dirigindo numa estrada na cena e do nada uma orquestra surgia para acompanha-lo.

Numa outra ocasião nós perguntamos a ele como tinha sido seu dia e ele nos disse: “Ah o de sempre...Cantar pra um cachorro, para um árvore, socar alguém...” Dava para notar que ele não estava satisfeito com a situação.



ECB:Ha muitas histórias sobre as loucuras nos sets de filmagem. Você o acompanhou em algumas dessas locações? Lembra-se de alguma história em particular para nos contar?

SM: Fui a algumas locações e era incrível como os fãs descobriam o exato lugar onde ele ia filmar em qualquer dia. Havia sempre gente o observando e na maioria das vezes os lugares não eram nem isolados. Elvis brincava com os fãs entre as cenas ou as vezes, quando ele não estava na frente das câmeras, ele ia até os fãs e conversava com todos. Não me lembro de nenhuma loucura em específico mas lembro que ele sempre ia cumprimentar os fãs que vinham vê-lo trabalhar...e muitas vezes eram muitos fãs!



ECB: Um momento crucial na sua carreira foi o especial de 1968 para a NBC . Quais as suas lembranças dessa época e quais eram os pensamentos, preocupações e expectativas de Elvis com relação ao futuro projeto?

SM:Muito antes dos ensaios e das gravações começarem, ele falava como estava nervoso em encarar novamente uma platéia. Ele comentou que fracassou em Vegas na década de cinqüenta e ele estava muito, muito nervoso em se apresentar novamente em frente a uma platéia. Ele temia que ninguém fosse aparecer para as gravações. Ele ficava perguntando: “Você vai não é?” “Você tem certeza que vai, não é?

Aí num dia ele apareceu com um monte de ingressos e distribuiu para todos! Acho que ele queria ter certeza que alguém iria! Nós já tínhamos nossos ingressos ( Eles eram gratuitos, tudo o que tinha que se fazer era enviar uma carta com porte pago e os ingressos eram enviados pelo correio de volta para você), então demos os ingressos que tínhamos para outras pessoas e ficamos com aqueles que ele nos deu.

A maioria das pessoas que estão em volta do palco são fãs que ele conhecia. Eles escolheram da platéia algumas pessoas.

Depois que os shows foram filmados, mas antes que fossem ao ar, ele praticamente interrogou os fãs para saber o que eles acharam.

Todo mundo REALMENTE gostou?” O que eles gostaram? O que eles gostaram mais...

Mesmo embora ele estivesse confiante e muito orgulhoso do show, essas inseguranças ainda estavam lá, de alguma forma.



ECB:Qual foi a sensação de estar lá em Burbank, em 1968, assistindo sua primeira apresentação em frente a uma platéia pela primeira vez em anos?

SM:Essa foi a primeira vez que eu o vi cantar ( com exceção dos clips no Ed Sullivan ou nos filmes). Não tinha a mínima idéia do que esperar já que tudo o que eu conhecia era ele pessoalmente, batendo papo, dando autógrafos, posando para fotos e as brincadeiras costumeiras. Ver ele cantando ao vivo foi incrível, especialmente porque era um lugar pequeno. Eles começavam uma canção, paravam para que ele pudesse enxugar o rosto ou começar de novo para coloca-lo em determinada posição. Havia muitas paradas e re-inicios. Na verdade eu achei isso ótimo porque assim conseguíamos ficar mais tempo observando!


ECB: Após o sucesso estrondoso do especial, o desejo em se apresentar novamente ao vivo o levou a Vegas em 1969. Conta-se que ele estava extremamente nervoso com a recepção que teria. Ele comentou sobre esses temores?

SM:Foi basicamente a mesma coisa do que em 1968...Ele ainda não estava seguro de que poderia preencher um auditório grande, de que a platéia difícil de Vegas fosse aprova-lo ou se os fãs iriam tão longe para vê-lo. Essas eram as preocupações dele. Lembro-me vagamente dele discutindo os músicos que queria. Ele trabalhou duro para escolher as canções que queria cantar e em qual ordem faze-las para que pudesse recuperar o fôlego depois de uma canção mais energética.


ECB:Voce assistiu aos ensaios de suas temporadas em Vegas?

SM:Sim, vários. Alguns na RCA , outros em Los Angeles, outros em sua casa na Califórnia e alguns em Vegas. Alguns eram feitos numa sala pequena, longe do showroom e outros eram feitos no próprio showroom.

Ele brincava muito. Acho que era o nervosismo, as vezes. Havia muitas conversas sobre o que ele ia vestir. Mais tarde, em Palm Springs, num final de semana, várias jumpsuits foram entregues e Elvis vestiu cada uma delas e basicamente desfilou. Não somente as roupas mas também as poses e movimentos que faria nos shows. Como ajoelhar-se e abrir a capa. Várias fotos dele fazendo o mesmo foram tiradas em sua suíte em Vegas, mas antes disso ele fez o mesmo em Palm Springs.

Foi incrível ver como ele estava mapeando todo o concerto, como ele queria que fosse. Era quase como ser parte do evento em si.Ele fez uns passos de fada, como se fosse um balé na ponta dos pés, enquanto batia os braços com a capa como um pássaro que foi hilário! Ele era muito brincalhão na maioria das vezes.

Os ensaios podiam ser qualquer coisa entre o “intenso”, como quando ele chegava pronto para realmente trabalhar e cantava uma canção várias e várias vezes até que ela ficasse simplesmente perfeita, até uma sessão não levada a sério, onde ele só brincava, cantava canções bobas (que não eram dele), com vozes engraçadas, contava piadas, queria tocar outros instrumentos e as vezes sentar e fofocar (Ah sim, ele fazia isso!)

E ouve uma vez que ele chegou e outros músicos chegaram, todos estavam prontos e ele chegou ao microfone e disse: “Obrigado a todos por virem. Vamos pra casa!” Nunca dava para se saber o que iria acontecer.


ECB:Muitas pessoas que conheceram Elvis, dizem que ele gostava de conversar por horas sobre os mais diversos assuntos. Que tipo de conversas você tinha com ele?

SM: Acho que nunca conheci nenhum outro homem que pudesse conversar sobre tantos assuntos diferentes quanto Elvis. Quando ele começava...ele podia continuar por horas e horas, literalmente falando. Numa noite em particular em que ele começou a conversar sobre religião e acho que ele falou sobre todas. Um por um os caras foram saindo dala sala até que apenas algumas garotas ficaram. A conversa começou por volta das oito horas da noite e terminou somente quando o dia nasceu. Ele queria saber das crenças de todo mundo e tinha perguntas e comentários para todas.

Devo dizer que do mesmo jeito que gostava de falar, ele era um excelente ouvinte e uma das poucas pessoas que podia conversar de verdade sobre religião e política e não fazer disso uma discussão. Ele podia, e falava, sobre política, adorava falar sobre a velha máfia de Chicago, a máfia irlandesa, enfim, parecia saber sobre todos os criminosos que viveram. Ele falava sobre medicina, história da música, mas o mais engraçado era quando ele começava a inventar histórias e ele era muito bom nisso. Ele inventava histórias para ver quantos de nós conseguia enganar.

As vezes ele conseguia, as vezes não mas a gente nunca conseguia ter certeza! Ele contava de corpos enterrados no deserto de Nevada e que um dia ele iria lá encontrá-los. Era o tipo de pegadinha que ele gostava de fazer. Ele gostava de pregar uma peça, por assim dizer.



ECB: Ele falava com você a respeito das mulheres em sua vida, Priscilla, Linda, Ginger, sua mãe e sua filha?

SM:Na verdade não. - Ele podia fazer um comentário rápido, mas nada mais do que isso. Ele provavelmente achava que isso não era da minha conta, de qualquer forma. Ele falou sobre sua mãe, uma vez. Nunca me falou de seu irmão gêmeo.

Uma vez gêmeas estavam na casa de Palm Springs num final de semana e ele disse que ele também era gêmeo, mas essa foi a única vez que vi ele comentar sobre isso.



ECB: Depois da separação com Priscilla e da guarda de Lisa ter sido dada à sua mãe, ele alguma vez falou sobre isso?

SM:Não – Mas ele ficava muito empolgado toda vez que Lisa ia passar um tempo com ele. Ele gostava de falar sobre ela e mostrar fotos dela. Claro que ela era a mais inteligente e fofa coisa da face da terra...o típico pensamento de um pai! Ele inventava coisas sobre ela também... “Lisa vai chegar a qualquer minuto, ela está testando a Ferrari dela”!



ECB:Com o passar dos anos, ele tornou-se mais recluso. Parece que ele não ia mais aos portões conversar com os fãs depois de 1972. O que você acha que aconteceu que o tornou mais fechado?

SM:Ele parou de ficar nos portões quando ele se mudou para a casa em Monovale, a última casa que teve em Los Angeles. Não tenho certeza do porquê e não gosto de especular, mas acredito que ele perdeu um pouco do gosto pela vida. Elvis estava sempre no topo quando tinha um desafio a sua frente, uma montanha para conquistar. E naquele momento de sua vida, tudo era lugar-comum e nada mais o empolgava. Isso afetava sua vida privada.

Também o seus problemas de saúde começaram a se agravar. Eu continuei a fraquentar a casa em Monovale, mas era estranho não ver mais os fãs no portão. Parte disso se deve ao fato de que a forma que a casa estava situada, não havia lugar para os fãs estacionar e ficar, assim como as casas em Palm Springs. Os carros bloqueariam a rua estreita se estacionassem em frente a casa.

Também não dava para ver nada da rua. A casa não era visível da rua como as outras.



ECB: Durante sua entrevista para o DVD Behind The Image, você disse que uma vez Elvis lhe disse que queria encontrar paz no coração. O que você acredita que o angustiava tanto?

SM:Novamente tenho que especular, já que somente ele sabia o que estava pensando. Acho que ele estava desconfiado de várias pessoas a sua volta. Muitas coisas estavam acontecendo e o incomodando no círculo íntimo de amizades e na sua vida profissional e acho que ele sentia que tinha pouco ou nenhum controle sobre elas. Acho que era uma combinação disso e de solidão. Novamente, não só uma coisa,mas uma combinação de coisas que estavam acontecendo há algum tempo.

Eu não insisti para saber o que ele quis dizer com aquilo, ele não precisava de comentários naquele momento, só precisava de alguém para ouvi-lo, acredito.




ECB:Durante os muitos anos que você conviveu com Elvis, você tirou muitas fotografias. Você ainda possui fotos as quais nunca mostrou?

SM: Eu tenho algumas...Não muitas, talvez umas doze ou mais...São fotos que tirei de Elvis dentro de suas casas ou na piscina e nunca deu cópias delas para ninguém.Também tenho várias fotos dele no palco que nunca foram vistas. Elas estarão no próximo livro Behind The Image, que deve sair esse ano.

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Uma das centenas de fotos tiradas por Sandi, Julho de 1969


ECB:Em 1973 ele fez um dos mais comentados especiais de TV da época, o Aloha From Hawaii. Depois do show, quais eram as opiniões dele sobre o programa? Ele ficou satisfeito?

SM:Ele não falou nada para mim e embora eu não goste de falar assuntos de outros, vou fazer uma exceção. Minha amiga Carol, que morava em Palm Springs e era uma convidada freqüente da casa de tempos em tempos,estava na casa quando o show foi transmitido e assistiu o Aloha com Elvis. Se me lembro direito, ela disse que ele criticou tudo. Ela disse que achou tudo perfeito, mas ele comentou sobre os instrumentos estarem levemente for a ou o baterista se adiantar ou dele se adiantar ou se atrasar na hora de começar ou terminar uma canção. Ela disse que ele foi muito crítico com o show mas ela não conseguia entender porque ao mesmo tempo ele estava contente com o show. Vá entender!




ECB:Os fãs foram quase tão parte de sua vida quanto a música. Ha muitas histórias fantásticas do seu relacionamento com os fãs. Você gostaria de partilhar uma, ou mais do que uma, dessas histórias?

SM:Oh wow- Isso poderia dar um livro! Tenho muitas histórias favoritas, mas vou tentar escolher uma...Havia um casal de idosos que viajava de Valley até a casa de Elvis em Hillcrest. Eles vinham com freqüência então Elvis acabou se familiarizando com eles. Eles eram um casal muito simpático, mas o marido não estava em boa saúde. Elvis sempre lhes dava mais atenção quando eles apareciam. Depois de vários meses sem aparecerem, ele perguntou para todos os fãs que sempre estavam nos portões se eles sabiam se algo havia acontecido porque ele estava começando a ficar preocupado. Não sabíamos o sobrenome deles, apenas que viviam em Van Nuys.

Seis meses depois, ou mais ou menos isso, encontramos a mulher no lobby do Hilton junto com sua vizinha. Dissemos pra ela que Elvis estava perguntando sobre ela e ela nos disse: “Você não soube?” E começou a nos contar que Elvis apareceu na porta um dia, (ela morava num trailer). Nós nos entreolhamos com aquele olhar. de quem não acredita..”Ah sim, claro...”... Mas aparentemente Elvis, cada vez mais preocupado pela saúde precária do marido, foi atrás do endereço deles. Ele havia gravado a placa do carro e usou isso para encontra-los.

O marido havia morrido...Ela disse que tinha fotos da visita e tinha mesmo! Ela tirou e nos mostrou. Lá estava...Elvis no que parecia ser a sala de estar de um trailer, cheia de flores, possivelmente do funeral. As duas tiraram uma foto com ele. Ele nunca disse nada. Ela disse que ele foi sozinho...Sem sua turma!


Outra história que realmente se destaca foi em Palm Springs. Uma das garotas que frequentemente era um convidada da casa, trouxe uma amiga para conhecer a mansão. Ela não era um agarota atraente, era grande, parecia mais velha do que realmente era.

Alguns dos caras começou a fazer comentários deselegantes para ela, os quais não vou repetir.

Após alguns minutos disso, Elvis levantou da cadeira, andou até a garota, que a essa altura estava arrasada e deslocada no sofá e perguntou se ela queria beber algo e ela respondeu com a cabeça que sim. Ele foi até a cozinha e voltou com um copo de limonada para ela. Quando ela terminou, ele pegou na mão dela e perguntou “Você gostaria de conhecer a casa?” Ele saiu com ela da sala de estar e foi até sala de jantar, até o jardim, e nesse caminho olhou por cima dos ombros e fulminou com os olhos aqueles que haviam sido grosseiros com ela. Não precisa nem dizer que quando ele voltou a sala com ela, nenhum deles falou mais nada para ela. Ele lidava dessas forma com muitas situações...não falava muito, agia. Ele podia dizer mais com um olhar do que com palavras muitas vezes



ECB:Entre as pessoas que se associaram com Elvis, poucas receberam um TCB ou TLC. Você foi uma dessas pessoas. Por favor nos conte como e quando você ganhou esse fascinante presente.

SM:Recebi meu TLC em Palm Springs e foi muito inesperado porque achava que isso era apenas para pessoas especiais – não para os fãs. Elvis mandou todos para for a da sala e voltou com uma caixa que reconheci na hora. Meu cérebro congelou na hora e não sei nem te dizer o que ele falou enquanto colocava...algo como “por ser você”, ou algo do estilo.Eu realmente não me lembro. Sei que fui gritando no carro na volta para casa por um bom tempo! Sempre escondia o TLC debaixo da roupa quando estava em Vegas, porque logo percebi que quando ele aparecia, as pessoas te seguiam (risos).


ECB:Ele lhe deu mais algum presente que você guarda com muita consideração?

SM: Tenho um relógio de diamante e um anel. O anel não foi algo que ele me deu, mas uma caixa de jóias foi levada até a suíte no Hilton e ele pediu a todos na sala que escolhessem algo ( O joalheiro ficou muito feliz!).

Minha amiga e eu pegamos as menores jóias porque nos sentimos desconfortáveis em pegar algo que obviamente sairia muito caro. Elvis tentou nos convencer a pegar algo maior, mas demos a desculpa de que tínhamos mãos e dedos pequenos e não ficaria bem. Ele pareceu aceitar isso! Aprendemos que nem adiantava dizer “ Não queremos nada”. Isso nunca funcionava com ele!


ECB:Algumas das ótimas histórias que você vivenciou com Elvis foram publicadas, com grandes detalhes graças ao seu diário, no livro Behind The Image 2. Você~e gostaria de nos contar alguma história em particular que não foi incluída no livro?

SM:Teria que rever o foi usando no BHI2, mas algumas das histórias que contei aqui nunca foram publicadas. Algumas outras histórias serão usadas no Behind The Image 3. Muitas histórias não tem como serem publicadas. Não porque haja algo de errado com elas, mas sim porque a graça da história era na maneira com a qual ele contava algo ou uma careta que fazia. Até hoje, consigo visualizar algumas de suas expressões e ouvir sua voz, enquanto contava uma história em particular.

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Sandi e Elvis, por volta de 1969


ECB:Você tem planos de escrever um livro? Tenho certeza que os fãs adorariam ler suas histórias.

SM:Tenho os meus diários que gostaria de passar para meus filhos. Se você os ler em ordem, eles são um livro. Mas acho que algumas coisas acho que devem ser mantidas privadas. O mais próximo que cheguei de compartilha-los foi no livro Behind The Image. Acho que não gostaria que tudo o que está escrito neles fosse publicado em um livro, então sem planos para um livro no momento.


ECB:Qual foi a última vez que você o viu?

SM: Em Palm Springs, Junho de l977. Ele aparentava estar bem apesar de tudo, mas o que lembro mais é que ele tinha voltado a ter aquele brilho nos olhos. Estava falando sobre tirar um tempo fora dos shows, voltar em forma, fazer algumas mudanças e começar algo novo. Não tenho a mínima idéia do que ele estava falando e não pensei em perguntar porque sempre achei que teria a próxima vez. Infelizmente nunca houve essa próxima vez.


ECB:Essa última questão é uma que sempre gostamos de perguntar. O que você mais sente falta nele e como você acha que ele deveria ser lembrado?

SM:Acho que a maneira com a qual ele via as coisas...Ele tinha um jeito e uma atitude incríveis de olhar as coisas e ele me ajudou a superar algumas coisas quando era jovem...Eu sempre pedia seus conselhos de tempo em tempo e seus conselhos era sempre diferente de todos os outros e eram quase sempre perfeitos!

Eu gostaria que ele fosse lembrado pela pessoa única que era. Não apenas belo fisicamente, mas tinha uma alma e um coração gentis e ele era brilhante! Sei que isso soa brega, mas muitas pessoas não conseguem enxergar além da caricatura que foi desenhada ao longo dos anos, da estrela do rock drogada e gordo. Odeio isso porque foi um período tão pequeno da vida dele e ainda assim parece ser o que é sempre lembrado...Isso me deixa louca!

Claro que ele sempre vai ser lembrado pela marca que deixou na música mas nem vou mencionar isso porque já é obvio. Seus fãs, é claro, sabem o que ele nos deixou e o que ele significava para nós, mas eu gostaria que a mídia, aqueles que não são fãs mais ardorosos, gostaria que eles soubessem que existia muito mais e como ele tocava a todos que o conheciam, de alguma forma. Ele mudava vidas. Ainda muda!



 


 


Sandi Miller entrevistada em Fevereiro de 2009 por Sergio Biston

 

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