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   O site Elvis Collectors Brasil tem o orgulho de iniciar sua nova seção com uma entrevista com Jerry Scheff, baixista de Elvis Presley entre 1969 e 1977. A entrevista foi possível graças a ajuda de Jacqueline Ulmo, que intermediou o contato e enviou as perguntas elaboradas pelo site. É uma rara ocasião onde um membro da TCB Band falou diretamente aos fãs do Brasil.

 

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ECB: Elvis Collectors Brasil

JS: Jerry Scheff 

JU: Jacqueline Ulmo

 

 

ECB: Qual foi sua primeira impressão de Elvis, quando você o conheceu?

 

JS: Eu não era um fã de Elvis Presley quando o conheci. Eu gostava de música negra e Jazz contemporâneo.Eu fui até o ensaio só para ver e ouvir o que ele estava fazendo.

Entrei no estúdio de gravação da RCA e ele estava sentado num banquinho usando roupas bacanas. Eu fui até ele e me apresentei. Ele foi muito educado. Levantou e apertou minha mão e disse que estava muito contente por eu ter vindo. Eu disse: “ Elvis, eu não conheço nenhuma canção sua.”

Ele disse: “Não se preocupe, vamos tocar um pouco de blues. Teremos muito tempo para tocar meu material”. Pensei comigo “Esse é um cara legal” Não havia qualquer tipo de estrelismo . Tocamos um blues e fiquei impressionado.

 

Eu fui para casa a noite e contei para minha ex-mulher que havia aceitado o trabalho. Ele achou que só podia ser uma piada e eu disse “Não. Venha ouvi-lo amanhã à noite.”

Ela foi e ficou impressionada. Nos tornamos fãs desde então.

 

ECB: Quais são suas lembranças da noite de abertura de 1969? Depois de grande noite, qual foi a reação dos envolvidos? Elvis ficou feliz com os resultados? A TCB Band ficou satisfeita?

 

JS: Ensaiamos por semanas e todos nos sentiam-mos empolgados e confiantes na música.

Fomos todos para o camarim de Elvis antes do show. Ele estava muito nervoso. Temia que o público não gostasse mais dele depois de todos aqueles filmes e anos de exército.

Quando terminamos a primeira canção sabíamos que o público ainda o amava. Tudo correu perfeitamente e deixamos o palco em êxtase.

 

 

ECB: De acordo com informações e documentos, Elvis parece ter ensaiado muitas canções para sua volta em Las Vegas. Entretanto, muitas dessas canções nunca viram a luz dos palcos.  Elvis temia, de alguma forma, que essas canções não funcionassem ao vivo e preferiu se agarrar aos antigos sucessos?

 

JS: Não, na verdade ele apresentou novas canções no show. Algumas delas chegaram a fazer parte do programa, mas não estabeleceram uma comunicação entre Elvis e a platéia ( Sweet Caroline, por exemplo).

 

 

ECB:  O especial Aloha From Hawaii foi indiscutivelmente o ponto mais alto de sua carreira, como superastro. Compreensivelmente, Elvis estava muito nervoso. Como você se sentiu sendo parte deste evento e tocar ao vivo para uma audiência mundial? E como Elvis se sentiu depois do show, ficou satisfeito com o resultado?

 

JS:

O Aloha é um dos meus shows preferidos. Ele entrou em forma e estava com uma aparência ótima.

Não quero soar arrogante, mas quando estávamos fazendo os shows, havíamos tocado estas canções muitas e muitas vezes e para mim, foi muito parecido com muitos outros concertos que tocamos com Elvis em três anos. Não lembro de pensar “Oh Oh, um bilhão de pessoas estão nos assistindo”. Acho que os outros membros da banda concordam comigo.

Elvis ficou muito contente após o espetáculo e o Coronel ficou extremamente feliz porque fãs do mundo todo pagaram para ver Elvis e o Coronel não teve que enfrentar todos os problemas e despesas com uma turnê mundial ( risos).

 

 

ECB: Depois do Aloha, havia intenção de uma turnê mundial? Elvis estava disposto a isso?

 

JS: Sim, Elvis queria fazer uma turnê mundial. Estávamos voando com Elvis logo depois que ele comprou o “Lisa Marie” e ele disse que uma das razões que o motivaram a comprar o avião era justamente para fazer uma turnê pela Europa, Ásia e América do Sul.

 

É um consenso, entretanto, que o Coronel convenceu Elvis a não sair dos Estados Unidos. Dizem que Parker era um imigrante ilegal e evidentemente não poderia deixar os EUA sem sofrer as conseqüências.  Evidentemente, Parker não queria que Elvis fosse sem ele e descobrisse eventualmente, que poderia continuar sem ele como empresário.

 

Sabemos que Elvis tentou se livrar do Coronel pelo menos três vezes, mas ele o convenceu do contrário todas as vezes.

 

 

ECB: Você mencionou o desejo de Elvis em fazer uma turnê pela América do Sul. Você acredita que Elvis sabia do grande número de fãs que tinha na América do Sul e no Brasil? Ele alguma vez mencionou planos de vir ao Brasil, assim como outros grandes astros fizeram?

 

JS: Não me recordo de Elvis mencionar o Brasil, especificamente, mas tenho certeza que ele sabia dos fãs na América do Sul.

 

 

ECB: Você deixou o show de Elvis em 1973, qual foi o motivo?

 

JS: Estava cansado e queria passar um tempo pescando, cuidando de jardins e cuidar de minha saúde.

 

 

ECB: Depois que você voltou, em 1975, notou alguma diferença em Elvis e nos shows?

 

JS:  Havia menos intensidade nos shows. Não notei nada diferente em Elvis exceto que havia ganhado um pouco de peso, mas ele estava num ponto da vida em que todos nós lutamos contra o peso. Acho que isso só dizia respeito a ele e enquanto as pessoas pagassem para vê-lo e ouvi-lo, isso não era problema de ninguém.

Ouvi algumas histórias de outros membros da banda de como Elvis ficava fora de controle as vezes, mas nunca percebi isso regularmente.

 

 

 

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Elvis e Jerry em 1975, logo após seu retorno à banda.

 

 

ECB: Vocês fizeram dois shows de “virada de ano” com Elvis. Um em Pontiac em 1975 e outro em 1976 em Pittsburgh. Ambos continuam inéditos. Quais são suas lembranças destas duas noites e você acredita que uma gravação em soundboard exista destes eventos e possa um dia ser lançada pela FTD?

 

JS: Eu tenho mais lembranças de Pontiac. Era um lugar gigante, onde o teto era sustentado por ar comprimido. Estávamos posicionados num palco rotatório, montado em camadas como se fosse um bolo de casamento. Elvis estava no topo, como se fosse o noivo. Estava muito e frio e estávamos congelando. 

O Coronel contratou uma banda de Bluegrass para abrir o show. Ele os fez usar fraldas e nada mais. Como se fossem o ano que nascia. Sentimos muita pena por eles. O show não foi tão bom por causa do frio e da montagem do palco. Não conseguíamos ver um ao outro muito bem.

Não tenho idéia se um soundboard existe.

 

 

ECB: Isso nos leva a outra questão: Recentemente, muitos concertos de Elvis foram lançados tanto oficialmente quanto por selos piratas. Estes shows são muitas vezes soundboards. Quem era o responsável por essas gravações, quem ordenou a gravação e estavam Elvis e a banda cientes que estavam sendo gravados?

 

JS: Não sei quem dava as ordens para essas gravações. Sei que Bill Porter, o engenheiro de som, deve ter gravado todos esses shows. Sei de um álbum famoso de Ray Charles chamado Live In Atlanta, que inicialmente foi gravado por uma estação de rádio, com apenas um microfone. Quando eles ouviram a gravação mais tarde, ficou tão bom que a gravadora de Ray decidiu mixar e lançar o álbum, que vendeu muito bem. Sabemos que muitas pessoas filmaram e gravaram os shows da platéia, então talvez essas gravações sejam o que muitos pensam ser “soundboards”.

 

 

ECB: Elvis fez grandes shows até o fim, entretanto, nos últimos anos, 76-77, era cada vez mais difícil para ele conseguir dar o seu melhor, o que por vezes resultou em performances abaixo do padrão. A banda notou que algo estava errado com sua saúde?

 

JS:  Olhando pra trás, tenho certeza que Elvis sofria de depressão clínica nos últimos anos. Eu sofri com essa doença no passado e acredite quando digo que isso não é apenas uma tristeza passageira.

Depressão Clínica é uma doença sufocante que agora acredita-se ser uma falha na combinação química do cérebro. Auto medicação, Álcool, drogas, etc. são muito comuns entre as pessoas com esse tipo de doença. A pessoa faz qualquer coisa para tirar essa dor psicológica.

Suicídio ou tentativas de suicídio são comuns. Não acredito ( enfatiza ), que Elvis tenha cometido suicídio. Acho que foi uma longa descida até o fundo do poço.

Atualmente existem antidepressivos e terapia moderna que funciona bem para algumas pessoas. Infelizmente, elas não estavam disponíveis na década de 70.

Quanto aos shows, algumas pessoas envolvidas me contaram histórias de Elvis no palco e eu juro que não me lembro das coisas serem tão ruins como dizem.

 

 

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Elvis e Jerry Em 1977

 

ECB: Por muito tempo, circularam rumores que as últimas sessões de gravação em Graceland, em 1976, foram complicadas pela falta de comprometimento e mau humor de Elvis. Entretanto, com o lançamento do CD The Jungle Room Sessions, fomos apresentados á um cenário completamente diferente, que mostra um Elvis bem humorado e disposto.

Quais são suas lembranças destas últimas sessões?

 

JS: Alguns dos meus momentos favoritos com Elvis são desta sessão. Ele estava bastante comprometido com as canções que queria gravar. O Coronel e outras pessoas ( inclusive eu, com minha canção Fire Down Below) queriam que Elvis gravasse mais material de rock, mas eu não acho que ele queria mais gravar esse tipo de canção.

Entretanto, como você disse, música de qualidade foi criada na Jungle Room.

 

 

ECB:  Você mencionou que alguns de seus momentos favoritos com Elvis foram nesta última sessão ( Jungle Room). Você poderia comentar um pouco sobre esses momentos especiais? Você se recorda de fotos ou filmagem serem feitas durante a sessão.

 

JS:  As sessões na Jungle Room foram especiais porque na maior parte do tempo Elvis estava feliz e brincando muito, o que fez com que todos ficassem de bom humor. Não lembro de nenhuma filmagem ser feita, acho que Elvis não teria permitido.

 

ECB: Você menciona em seu website que “ Escrevi a última canção que Elvis Presley trabalhou no estúdio. Chama-se “Fire Down Below”“. Estávamos trabalhando nela quando Elvis ficou realmente pálido e subiu para descansar”. Podemos concluir que Elvis tentou gravar a canção, talvez apenas um ensaio, mesmo que incompleto?

 

JS: Não. Se existisse eu saberia.

 

 

JU: Sobre a sua excelente canção: “That´s When The Real Love Begins”, parece que ela foi feita depois de um pedido de Elvis. Porque Elvis nunca a gravou?

 

JS: Elvis nunca ouviu a canção, porque o seu produtor não achou que fosse uma canção para ele. Eu a compus como uma canção country e mudei a melodia e os acordes mais tarde.

 

 

JU: Deixando o passado para trás, notícias na Internet mostram que o espetáculo “Elvis The Concert” está tomando forma para 2006. A turnê mundial passaria por locais como Bangkok, Japão, Nova Zelândia e Austrália. Existe alguma chance da turnê vir para a América do Sul em sua opinião?

 

JS: Sim, estaremos fazendo uma turnê em Outubro, passando por todos esses lugares. Estamos negociando shows na Europa para o próximo ano, mas nada para a América Latina, infelizmente.

 

 

JU: Para encerramos esta entrevista, o que Jerry Scheff está fazendo agora e quais são os planos para o futuro?

 

JS: Atualmente estou morando na Escócia. As vezes sinto falta do clima quente da Califórnia, mas só de vez em quando. Vivemos numa casa vitoriana construída em 1850, nas terras do castelo Duns no sul da Escócia.

Estou na metade de um livro sobre minhas memórias musicais. Tudo sobre a música em minha vida e apenas alguns capítulos sobre meus tempos com Elvis. Recentemente fui procurado por uma editora em Londres, então acho que estou no caminho certo.

Tenho diversos compromissos agendados para esse ano e também algumas conferências. Estou escrevendo canções novamente, e montando meu próprio estúdio.

 

 

 

 

 

Agradecemos imensamente à Jerry Scheff por ter nos destinado esse tempo para um bate papo simples mas tão importante para os fãs de Elvis no Brasil. Agradecemos também a Jacqueline Ulmo, que nos permitiu este contato com Jerry Scheff.

 

 

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