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LOVE LETTERS FROM ELVIS

(US) RCA LSP 4530

Lado 1
Love Letters
When I'm Over You
If I Were You
Got My Mojo Working
Heart Of Rome


Lado 2
Only Believe
This Is Our Dance
Cindy Cindy
I'll Never Know
It Ain't No Big Thing (But It's Growing)
Life

 

 

Love Letters From Elvis - Por Sergio Luiz

 

Love Letters From Elvis é um dos clássicos exemplos do descaso da RCA com a integridade artística de Elvis. Lançado na onda de That´s The Way It Is e do soberbo Elvis Country, o álbum constitui-se da “raspa do tacho” das sessões de Nashville em 1970 e merecidamente alcançou baixas posições na Billboard.

Love Letters From Elvis é resultado da política “asnina” de lançamentos da RCA, que objetivava ter três álbuns de Elvis lançados por ano, mais seus respectivos singles e demais compilações oportunas. Com isso, era necessário balancear material de qualidade com material mais fraco (os “fillers” como são chamados na indústria. Comuns a todos os artistas, são canções mais fracas usadas apenas para preencher o álbum), dividindo-os em três álbuns diferentes. Muitos álbuns de Elvis poderiam ter alcançado posições mais elevadas e mais apreço crítico se as melhores canções fossem focadas em um só álbum, com o número de “fillers” reduzido ao máximo de dois, ao invés dessa política de “balanceamento”.

A crítica de Jonh Landau sobre o álbum, publicada na Rolling Stone de 1971, exemplifica muito bem os resultados dessa técnica da RCA:

  

“ Tem-se a impressão de que Elvis Presley faz o que seus acessores pensam ser o mais lucrativo. Meu conselho a eles: Ponham Elvis Presley no estúdio com bons músicos contemporâneos, tranque a sala e diga que ele não poderá sair até que faça um álbum que seja bom do começo ao fim. Assim vocês conseguirão o álbum mais vendido de Elvis nos últimos dez anos e nós vamos ter Elvis fazendo o que ele deve fazer.”  

 

As palavras de Landau atingiram ouvidos moucos e para frustração dos apreciadores ( e até mesmo de Elvis) esse tipo de política se extendeu até o fim de sua carreira.

Como resultado desta ação, as vendas individuais dos álbuns e singles de Presley eram prejudicadas enormemente. Piorava ainda mais a situação, o fato de a RCA ter um plano de divulgação praticamente nulo para os álbuns de seu artista mais lucrativo.

O álbum abre com um remake de Love Letters, gravada originalmente por Elvis na década passada. As razões para esta regravação são desconhecidas, mas Elvis não consegue suplantar sua primeira versão, carecendo da mesma delicadeza da original.

 When I´m Over You, I´ll Never Know e If I Were You são baladas com melodias agradáveis, mas as letras não são as melhores desta leva de Nashville.

Elvis investe com gosto em Heart Of Home, que embora esteja longe de uma canção própria a seu legado, evoca uma grande performance vocal. Os arranjos exageram nos metais, comprometendo ainda mais uma canção já batida.

Only Believe é outro exemplo da raspa do tacho, uma fraca canção gospel que mais uma vez só se salva pela vocalização apaixonada de Elvis.

O álbum tem seus momentos, entretanto. Got My Mojo Working / Keep Your Hands Off Of It e Cindy, Cindy são bons rocks embora os metais não funcionem tão bem na primeira quanto funcionam na segunda.  It Ain´t No Big Thing, But It´s Growing é ótima mas deslocada no álbum, devendo ter sido colocada no lugar de Whole Lotta Shaking Goin On no Elvis Country. No campo das  baladas, This Is Our Dance é bonitinha, mas seus arranjos lembram mais Frank Sinatra do que Elvis Presley. Por fim, temos Life e assim como a vida, uns a amam e outros a odeiam.

Se qualidade e conceito artístico fossem os objetivos da RCA, a gravadora deveria ter montado o álbum com “Patch It Up” do Álbum Thats The Way It Is e “Whole Lotta Shaking Goin On” de Elvis Country, adicionando “Until It´s Time For You To Go”, “Help Me Make It Through The Night”, “We Can Make The Morning”, “Early Morning Rain”  do Elvis Now e I´m Leaving, It´s Only Love, The Sound Of Your Cry e Where Did They Go Lord que saíram apenas em singles.

Infelizmente, a RCA preteriu qualidade por quantidade e Love Letters é um reflexo desanimador desta realidade.

 


 

® Sergio Luiz Fiça Biston, Agosto de 2006




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