 
 
 
 Elvis G.I. Blues - An Original Soundtrack Recording
(US) RCA LSP / LPM 2256* 
Somente no lançamento britânico.
Elvis G.I. Blues - An Original Soundtrack Recording - Por Sergio Luiz
Lançado apenas seis meses após o 
excepcional  Elvis Is Back, G.I. 
Blues contrastou enormemente com seu antecessor. Enquanto “Is Back!” pavimentava 
um futuro brilhante para a carreira de Elvis “pós-exército”, G.I. Blues parecia 
ser apenas uma frivolidade comercial, um bônus de final de ano para capitalizar 
em cima de seu primeiro filme após dois anos de serviço. Infelizmente a trilha 
sonora se tornaria a regra ao invés da exceção.
 Melódico, simples e muito longe do som 
selvagem que o alçou ao estrelato mundial, ou mesmo da sofisticação de seu álbum 
de retorno, G.I. Blues marcaria o início de uma mudança radical pela qual sua 
imagem e carreira passariam durante toda a década de 60. Distante ficaria a 
lembrança do topete atrevido, as costeletas marginais e da aura rebelde que 
tanto afligia os pais. A capa não deixava dúvidas: Elvis havia se tornado o bom 
moço do ideal norte-americano.
É fácil colocar toda a culpa deste 
processo nas costas de seu empresário, Tom Parker,ou do próprio Elvis, que 
reagiu passivamente a essa mudança mesmo que não fosse de sua vontade gravar 
esse tipo de material. Mas é preciso considerar o imenso sucesso de G.I. Blues, 
que certamente influenciou as decisões de Parker.
Embora seu antecessor tenha sido 
sucesso absoluto de público e crítica, G.I. foi um sucesso ainda maior, 
atingindo as primeiras posições tanto no Reino Unido quanto nos EUA, vendendo 
cerca de três milhões e quinhentos mil dólares, três vezes mais que seu 
antecessor. Também foi bem recebido pela crítica especializada, que tem sua 
parcela de “culpa” nessa mudança de rumos, já que o álbum recebeu duas nomeações ao Grammy; por 
Melhor Trilha Sonora e Melhor Performance Masculina- Album.
Buscando influências germânicas, 
local onde a história do filme se passa, o álbum conta com uma série de baladas 
românticas de sonoridade aprazível e bem arranjadas, como a  faixa de abertura,  
Tonight Is So Right For Love, cujos arranjos são fortemente 
influenciados pela música típica alemã, na visão americana. Curiosamente, a 
a edição americana do álbum contém uma versão diferente da música, com pequenas correções na letra e na estrutura, já que problemas com 
direitos autorais impediram sua inclusão no formato original. É uma balada 
simples, agradável aos ouvidos, mas muito distante do potencial de Elvis. 
What She Really 
Like , segunda 
faixa do bolachão é bastante simpática, com uma levada muito agradável e 
sonoridade mais americanizada quando comparada diretamente com a faixa de 
abertura. 
Dessa leva de baladas, 
sobressai-se Doing The Best I Can, 
onde descartando-se à aproximação da musica alemã, assemelha-se às canções 
românticas do início da carreira de Elvis e Pocket Full Of Rainbows. Essa última 
conta com uma vocalização precisa de Elvis e arranjos discretos. Curiosamente, a 
faixa foi escolhida para fazer parte da trilha sonora de Jerry Maguire- A 
Grande Virada, de 1996.
Fechando a leva de baladas, estão 
Wooden Heart ( Adptação de Muss I 
Den, canção típica alemã) e Big 
Boots. Ambas são canções infantis e completamente descartáveis. É 
compreensível que essas canções fossem utilizadas nas seqüências apropriadas do 
filme, mas sua inclusão no álbum da trilha sonora é totalmente desnecessária, 
comprometendo o álbum como um todo. O mesmo vale para Didja Ever. Ainda no vagão da 
mediocridade, a terrível Frankfort 
Special, com seus “Yah, Yahs” estereotipados.
O álbum melhora significativamente 
com a canção tema, G.I. Blues e com 
a ótima Shopping Around.  A primeira beira a leviandade com seus 
“hop two threes” de fundo, mas ainda consegue ficar acima da média pela boa 
levada e tom irônico. Já a segunda é sem dúvida a melhor peça do álbum, um 
rockinho simples, com letra ingênua e 
cativante, além de contar com uma rara participação de Elvis como músico, tocando guitarra. É o mais próximo do Elvis da década de 50 que o álbum chega. E isso 
levando em consideração o remake de Blue 
Sued Shoes que embora interessante, não faz jus ao original de 
Presley.
Supostamente, Elvis não ficou 
contente com a qualidade do material oferecido para a gravação do álbum. É 
compreensível. Embora não compusesse o seu próprio material, sempre fora 
criterioso com a seleção do mesmo. As restrições e exigências contratuais do 
ambiente “Holywoodiano” somado a um aparente descaso na oferta de material de 
melhor qualidade, com vistas a maximizar os lucros, resultavam num ambiente 
hostil a criatividade do artista, que se via obrigado a aceitar tal condição. 
Esse processo por fim, levaria a um gradativo desinteresse de Elvis por seu 
material.
Ao chiar da agulha, marcando o 
final do disco, chega-se a conclusão que G.I. tem seus momentos e consegue 
agradar o ouvinte, mas a impressão que fica é que o álbum é a primeira  queda na qualidade do padrão Elvis, já 
que fica distante de discos anteriores como Is Back, Golden Records, King Creole 
e Jailhouse Rock.
® Sergio Luiz Fiça Biston, Novembro de 2007
® 2007 Elvis Collectors 
Brasil. O conteúdo 
deste site, seus textos e layout são de exclusividade do mesmo. Qualquer 
reprodução do seu conteúdo sem prévia autorização dos proprietários é proibida e 
consiste em falta de ética.