 
 

Elvis is Back!
(US) 
RCA LSP / LPM 2231
LADO 1
Make Me Know 
It
Fever
The Girl Of My 
Best Friend
I Will Be Home 
Again
Dirty, Dirty 
Feeling
The Thrill Of 
Your Love
LADO 2
Soldier 
Boy
Such a 
Night
It Feels So 
Right
The Girl Next 
Door Went A´Walking
Like a 
Baby
Reconsider 
Baby
 
Fame And Fortune- Por Sergio Biston
Para muitos, a entrada de Elvis no 
exército americano marcava o fim e uma era. “Elvis morreu quando entrou no 
exército”, proferiu John Lennon, décadas mais tarde.
Em retrospectiva,  foi uma jogada ousada do Coronel Parker e 
tirar de cena por dois anos o maior astro daquele momento parecia uma decisão 
irracional. E continua parecendo até hoje.
Não nos cabe aqui esmiuçar as 
intenções de Parker, ou se ele fez ou não a decisão mais correta, mas podemos 
afirmar que Elvis e sua música nunca mais seriam os mesmos depois que a roupa de 
lamê dourada deu lugar ao fardão do “Tio Sam”. 
Foram dois longos anos aqueles do 
final da década de 50. Para um jovem saído da absoluta pobreza americana e que 
vivera seu sonho mais inalcançável, a Alemanha parecia mais fria do que nunca. 
Haviam sido anos fabulosos aqueles de 1955,56 e 57. Alçado ao estrelato mundial 
como um foguete espacial, o garoto pobre do Mississipi devia ter várias 
perguntas sem resposta em sua mente. Estarão eles ainda me esperando? Será que 
minha música ainda pode “encantar multidões”? Serei eu apenas mais um modismo 
passageiro?
É impossível dizer o que se 
passava na cabeça de Elvis quando embarcava naquele navio rumo ao seu país, mas 
com certeza a morte de sua mãe e o temor de que seus anos de “fama e fortuna” 
fossem apenas lembranças de um passado dourado, eram fardos pesados em seus 
pensamentos.
Ao desembarcar no Brooklin ao 
menos uma de suas angustias haveria de passar. Lá estavam eles, esperando. Assim 
como a dois anos atrás, quando lenços umedecidos de lagrimas e acenos 
desesperados enviaram o herói dos jovens para uma nação distante, gritos e 
acenos de felicidade o recebiam de volta. Elvis voltava.
A imprensa também estava lá, 
afoita para transmitir as primeiras palavras do ídolo exilado. O Rock ´n´Roll 
Morreu?
Elvis respondeu tranquilamente as 
questões. Uma tranqüilidade talvez reforçada pela sua suspeita de que, mesmo os 
dois anos no exército, não haviam diminuído seu apelo. Afinal, eles estavam lá. 
Seus fãs, a multidões de repórteres, e até Frank Sinatra vieram 
recebê-lo.
“A primeira coisa agora...é gravar 
algumas canções” respondeu Elvis ao repórter e nos dias 20 de Março à 4 de 
Abril, Elvis tentaria, take após take, achar uma resposta afirmativa para sua 
dúvida: ? Será que minha música ainda 
pode “encantar multidões”?
“Make Me 
Know It , 
Go ahead 
and Show me
´Cause 
hearing is deceiving 
And 
Seeing is believing”
Proclama Elvis nos primeiros 
versos de Make Me Know it. De certa forma, é um recado aos seus fãs. Um exemplo 
explícito de sua necessidade em saber se ainda é Elvis, o “encantador de 
multidões.” Todos os ingredientes de sucesso já estão presentes. O arranjo 
primoroso, a letra bem escrita e a instrumentação soberba de seus músicos. Sua 
voz também é mais completa, misturando a energia dos primeiros anos e uma 
suavidade recém descoberta.
O mesmo pode ser dito de Fame And 
Fortune. Cantada com uma mistura única e antagônica de delicadeza e firmeza, é 
mais plausível dizer que Elvis estivesse pensando numa jovem adolescente que 
deixara na Alemanha, mas é difícil resistir a tentação de imaginar que talvez, 
escondida debaixo da obviedade de seus versos, Elvis também pensasse em seus fãs 
quando cantava os versos:
Your kind of love 
is a 
treasure I hold
It's so much greater 
than silver or gold
I know that I 
have nothing
If you should go away
But to know that you love me
Brings 
fame and fortune my way
Mas se Fame and Fortune deixa 
dúvidas em seu significado, Fever é um recado explícito. Picante, com doses 
discretas de erotismo e deliciosamente provocadora, Fever é mais um trabalho 
magistral de Elvis e seus produtores Steve Sholes e Chet Atkins. A vocalização 
“preguiçosa”, justaposta com a secura de um estalar de dedos que ecoa no 
estúdio, entremeado pelo baixo melancólico, cria um cenário carmim, de paredes 
tijoladas, enevoado pela fumaça de cigarros e coberto pelo desejo carnal.  Não é difícil imaginar o que Presley 
queria de Priscilla...What a Lovely Way 
To Burn....
Elvis talvez queimasse pela jovem 
garota de “feições perfeitas” ( como uma vez dissera),e é provável que tivesse 
encontrado conforto em outros braços.Se assim foi, Such a Nigh se encaixa 
perfeitamente, completando “Fever” de maneira magistral. O mesmo vale para Dirty 
Dirty Felling, que esconde um significado muito mais “sujo” do que  “Tickle Me” nos leva a inocentemente 
acreditar...
Pecados à parte, uma nova faceta 
de Presley surgia nestas sessões. Uma inegável suavidade impressa subjetivamente 
nas canções românticas, que agora tornaria-se sua marca registrada. É seguro 
dizer que nenhum outro cantor conseguiu ajustar tão precisamente essa mistura de 
suavidade com emoção como Elvis o fez.
Essa mistura se mostra ainda mais 
presente 
Essa nova veia romântica, 
daria  luz a pelo menos dois 
clássicos imortais de Presley: Are You Lonesome Tonight? e It´s Now Or Never. A 
primeira, uma antiga canção romântica na qual Elvis imprimiu suas novas técnicas 
vocais e a segunda, baseada na italiana “O sole e mio”, que trazia a marca 
operística de seus ídolos românticos, como Mario Lanza. 
Reza a lenda, que Elvis tentava 
sem sucesso, alcançar a altíssima nota vocal que adorna o final da canção. Após 
diversas tentativas, seu produtor teria sugerido à ele, que gravasse a nota em 
separado, o que facilitaria muito o processo. Presley não acatou o conselho e 
disse que se não pudesse cantar a canção toda e então alcançar a nota 
final, não lançariam a canção. Elvis, não é necessário dizer, conseguiu seu 
objetivo e Its Now Or Never tornar-se-ia seu compacto mais vendido de todos os 
tempos.
Infelizmente, sua execução maciça 
nas rádios por décadas seguidas, juntamente com os estupros cometidos pelos covers, transformou essa bela canção de 
Elvis, em algo quase insuportável aos ouvidos de seus fãs.
Elvis sabia, entretanto, que não 
podia simplesmente conformar-se com baladas românticas. Era preciso inovar, 
diversificar e principalmente, agradar.  A Mess Of Blues, Reconsider Baby, Like a 
Baby e It Feels So Right vinham justamente cumprir essa difícil 
missão.
Se os fãs de Rock sentiam um certo 
desapontamento com o rumo das coisas, Stuck On You vinha como uma tábua da 
salvação. Essa mistura fina de Rock com Pop é talvez uma das melhores coisas que 
Elvis fez em sua carreira e isso diz muito sobre ela. Novamente aqui, Presley 
mostra suas habilidades vocais, principalmente nas dificílimas passagens agudas 
do refrão, onde lampejos da voz que causou uma revolução em 1954 mostram-se 
presentes.
Esses lampejos se estendem também 
para a essência da música de Elvis. “Rock´n´Roll é basicamente Gospel e Rhytm 
and Blues”, proferiu Elvis em seu especial de 1968. Rock também é Blues...e 
Elvis sempre teve o “Blues”. Tanto o Blues impregnado em sua consciência musical 
pelas andanças na Beale Street, quanto pela imensa tristeza que sempre carregou. 
Sendo assim, Reconsider Baby representa de certa forma, a volta de Elvis às suas 
origens. O menino que outrora fugia das vistas de sua mãe para se perder no 
gospel e no blues dos negros de Memphis, tinha absorvido a essência daqueles 
músicos e cantores. Trouxe deles a malícia e o rancor, descaradas em 
“Reconsider”e contidas em “Feels So Right”. Traria com ele também, aquela 
tristeza característica que só se mostraria anos mais 
tarde...
E foi justamente com Reconsider 
Baby, que Elvis encerrou um de seus mais importantes passos na estrada 
musical.
O resultado desses dias de 
incertezas e esperanças, de dedicação e entrega, foi o aclamado Elvis is Back! 
Cria de um momento transitório na musicalidade de Elvis, o álbum trouxe Elvis de 
volta ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Das canções gravadas em 
Nashville, 12 seriam selecionadas para o álbum. Além de marcar seu retorno, 
Elvis is Back! é também um reflexo na mudança de seus conceitos musicais. Seu 
horizonte era agora muito mais vasto e o Rock´n´Roll ( para a frustração de 
alguns) seria a partir daquele dia, apenas mais um estilo em sua musicalidade 
eclética. Elvis rompia os grilhões que o prendiam ao título de “Rei Do 
Rock,´n´Roll” para dar os primeiros passos no reinado da música. Tempos difíceis 
viriam, é verdade. Uma enxurrada de filmes de qualidade duvidosa formaria um 
enorme abismo entre Elvis is Back! e From Elvis in Memphis, oito anos 
depois.
Mesmo assim, “Elvis is Back!” tornou-se um clássico. 
Aclamado pelos críticos como um álbum essencial para fãs e não fãs, “is 
Back” provou que Elvis ainda era uma força musical sem igual e que Elvis estava, 
literalmente, de volta. Engula isso, Lennon.
® Sergio Luiz Fiça 
Biston, Maio de 2006
® 2006 Elvis Collectors 
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