Easy Come, Easy Go – Por Sergio Biston

Com Easy Come Easy Go Elvis Presley atinge o fundo do poço como artista. Sem material suficiente para um LP completo, a RCA decidiu lançar a medíocre trilha sonora no moribundo formato Extended Play ( EP).

Gravado em Setembro de 66 e reunindo seis canções ridículas, o disco entrou para a história de Elvis de maneira triste; sendo o vinil de menor vendagem de sua carreira. Meras 30.000 cópias.

Juntos, filme e trilha sonora marcaram um período sombrio da carreira de Presley. Seus filmes não tinham mais o mesmo impacto nas bilheterias e Hal Wallis começava a ter dúvidas sobre o futuro da carreira de Elvis nos cinemas. Em um memorando para o Coronel Parker, a respeito da aparência de Elvis para o próximo filme, o diretor escreveu:

“O cabelo de Elvis está muito afofado, preto demais e parece uma peruca.”

Como previsto pelo veterano diretor, o filme fracassou nas bilheterias quase tanto quanto seu parceiro fonográfico.

Ficava claro para todas as partes envolvidas que uma mudança na maneira como a carreira de Elvis vinha sendo conduzida seria imprescindível.

Além disso, Elvis vivia um momento delicado na vida pessoal. Artisticamente desmotivado, aprofundou-se imensamente numa busca espiritual que lhe trouxe algum alívio mental, mas foi insuficiente para aplacar suas angústias. Sua relação com o Coronel começava também a apresentar sinais de instabilidade e pela primeira vez parecia que a comunicação entre artista e empresário encontrava barreiras intransponíveis. Parker era incapaz de entender seus anseios artísticos e tão pouco os pessoais.

E o disco é um reflexo disso tudo. Diferente das outras trilhas ruins dos anos 60, não há nada que salve Easy Come, Easy Go. As seis faixas do disco não são acompanhadas de nenhum bonus e as composições presentes são, em diversos momentos, embaraçosas. É possível que esta seja sua pior trilha sonora. Yoga Is As Yoga Does é patetica e chega a ser irritante. The Love Machine é infantil bem como Ill Take Love. You Gotta Stop com um bom refrão e um solo de guitarra mais ousado chega a dar alguma esperança, mas fica no caminho. Sing Your Children é possivelmente a única exceção. Um gospel fraquinho mas simpático, no meio de um disco POP!

Ademais, o disco não tem nada a oferecer além de um triste instantâneo do período mais crítico da carreira de Elvis. Por alguns momentos parecia que nada mais poderia ser feito e Elvis estava fadado a lentamente desaparecer na neblina de Hollywood, engolfado pela música criativa e explosiva dos Beatles e outras forças musicais que se entranhavam cada vez mais na cultura mundial.

Mas os ventos da mudança soprariam em breve, numa guinada artística que começou com uma inovativa sessão em setembro de 67 e culminaria em um dos mais empolgantes e espetaculares acontecimentos do showbusiness. Um momento de redenção como nunca antes visto no mundo da música.