Clambake- Por Sergio Biston

Clambake, o 11º disco de Elvis década de 60, é uma anomalia no cânone discográfico desta época. Concebido como a trilha sonora do filme de mesmo nome, o disco acabou transformando-se num híbrido que marcaria o momento da virada de uma carreira em franca decadência.
O momento de sua concepção coincide com uma queda acentuada na qualidade do material de Hollywood e do interesse do público pela sua música. Em contrapartida, deu de frente com os primeiros esforços de Elvis para romper os grilhões da apatia que se apossara de sua carreira.
O que torna esse disco interessante na discografia de Elvis não é nenhuma melhora na qualidade das músicas de filmes, que continuam absurdamente fracas e ridículas, mas sim no material de estúdio que Elvis gravou em Nashville e que por falta de material para compor o álbum, acabaram como faixas bônus nesta trilha sonora.
A primeira delas é Guitar Man, uma composição meio country, meio swamp-rock, da pena de Jerry Reed, que Elvis ouviu no rádio e ficou fascinado. Elvis a trouxe para as sessões, mas ficou frustrado com o resultado quando não conseguia replicar o solo de guitarra de Jerry Reed. A solução encontrada foi contactar Reed e trazê-lo ao estúdio para fazer ele mesmo o detalhado solo.

Reed estava numa pescaria quando recebeu o convite, em caráter de urgência, para participar de uma sessão de Elvis em Nashville e em poucas horas estava com Elvis Presley num estúdio, tocando guitarra em uma de suas composições, vestindo ainda as roupas de pesca e com a barba por fazer.
Juntos, Elvis e Jerry conduziram a canção num ritmo alucinante, bem mais rápido do que o original.
Depois de um começo arrasador o álbum despenca vertiginosamente num precipício com a horrorosa Clambake, a canção título do filme, e a partir daí a queda livre se estende até atingir o chão duro com Hey,Hey,Hey, mas não sem antes ferir-se gravemente na patética Confidence.

Felizmente o LP sobrevive a queda e começa a se levantar com a sensacional You Don´t Know Me. Começando com um belíssimo piano e uma interpretação maravilhosa, a música do compositor Eddy Arnold ganha uma versão sincera, delicada e muito bonita.
O disco continua com The Girl I Never Loved e How Can You Loose What You Never Had, duas simpáticas composições feitas exclusivamente para compor a trilha sonora do filme. A primeira é uma balada bonita, senão um tanto comum, e a segunda conta com uma batida mais "swingada", que suscita algum esforço de Elvis e resulta num momento agradável.
Big Boss Man é a segunda contribuição de Jerry Reed e incendeia o disco com sua letra afiada e contribuições geniais dos músicos. Junto com Guitar Man, mostra a busca de Elvis por uma nova direção musical através da experimentação. Ambas soam totalmente diferente de tudo o que ele
 
ELVIS -CLAMBAKE


® Sergio Luiz Fiça Biston, Março de 2012



 



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(US) RCA LSP / LPM 3893

LADO 1
Guitar Man
Clambake
Who Needs Money
A House That Has Everything
Confidence
Hey Hey Hey
LADO 2
You Don't Know Me
Girl I Never Loved
How Can You Lose What You Never Had
Big Boss Man
Singing Tree
Just Call Me Lonesome
havia gravado e em retrospecto, seriam os primeiros passos rumo aos acontecimentos que iriam ressuscitar sua carreira. Infelizmente passou desapercebido pela maioria dos fãs, com os esforços jogados entre as faixas de um disco que se apresentava como apenas mais uma trilha sonora medíocre. O golpe final viria com o resultado comercial do disco, menos de 200 mil cópias vendidas. E apesar da aposta tanto de Elvis quanto da RCA, os compactos com Big Boss Man e Guitar Man acabaram falhando nas paradas, embora tenham vendido razoavelmente bem.
O resultado pífio dos compactos pode ter sido um banho de água fria, mas Elvis não se daria por vencido e em muito breve encontraria a redenção num projeto em que apostaria todas as suas fichas, um projeto no qual teria que pela primeira vez entrar em confronto com seu empresário para que seu conceito não se tornasse mais um embaraço artístico.

O disco ainda conta com um excelente country, Just Call Me Lonesome, e uma balada mediana, Singing Tree, que se não trazem nada de espetacular, estão longe de serem ruins, especialmente a primeira.

Foto promocional para o filme Clambake.