EDITORIAL

       

 

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A História Das Gravações Perdidas de Elvis Presley Parte 1:    My Happiness/Thats When You Heartaches Begin- Por Sergio Biston

A história da gravação de Thats All Right é tão conhecida pelo fã de Elvis quanto a Gêneses é para o crente. Mas como todo aquele que se aprofunda na obra de Elvis descobre, antes de Thats All Right mudar para sempre a história da música, My Happiness foi sua apresentação para um mundo que até então só fazia parte de seus sonhos. Se Thats All Right é a Gêneses, My Happiness é o Santo Graal. A história de sua gravação e de sua re-descoberta 37 anos mais tarde é um capítulo fascinante na história da música. Ela começa numa tarde de verão em 1953 quando o hesitante jovem entrou no abafado escritório da SUN, incentivado pelo amigo de escola Ed Leek*. Munido de poucos dólares e muito sonhos, foi atendido pela secretária de Sam Philips, Marion Keisker. O diálogo que se seguiu é talvez o mais reproduzido da história do rock:

- Se Você souber de alguém que precise de um cantor...

-Que tipo de cantor você é? 

-Canto todos os estilos.

-Você canta como quem? 

-Não canto como ninguém.

 

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Rara Foto Do Acetato My Happiness

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Lado B com Thats When You Heardaches Begin

Três dólares e noventa e oito centavos, mais os impostos,  foi o preço pago pelo então motorista de caminhão Elvis Presley pela gravação de um acetato de dois lados. Não é difícil de imaginar o humilde jovem sentado na varanda de sua casa no conjunto Lauderdales, arranhando o surrado violão que ganhou por volta dos 11 anos de idade, muito antes de decidir parar em frente ao hoje lendário endereço da Union Avenue. Foram seus vizinhos e amigos da escola que ouviram pela primeira vez sua versão de My Happiness, bem como tantas outras que dominavam seus sonhos e as ondas do rádio da borbulhante Memphis. Sentado na varanda ou no pátio da escola Elvis foi pouco a pouco ganhando a confiança necessária, quebrando a casca de timidez que sempre o envolveu. Mesmo sem causar grande impacto entre estes primeiros observadores, Elvis sentia que a música tinha o poder de liberta-lo e conduzi-lo aos seus sonhos mais distantes.

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Elvis em 1953, no álbum de fotografias da Humes High School

O que mais fascina em My Happiness e That´s When You Heartaches Begin é que não ha nada na superfície delas que insinue um grande talento. Não ha nada fora do comum ou aquele estalo que uma grande canção desperta em quem as ouve pela primeira vez. É preciso mergulhar nas entrelinhas, na delicadeza da total insegurança e fragilidade dos vocais de Elvis para só então entender sua real importância. Só assim é possivel enxergar o que Elvis sentia, na força motriz que o fez acreditar que deveria entrar naquele estúdio. Nem mesmo Sam Phillips com seu genial feeling, consegUiu naqueles cinco minutos perceber a chama que ardia fortemente na alma de Elvis**. "Bom cantor de baladas - Guardar" escreveria Marion Keisker antes do aspirante cantor deixar o estúdio sem a certeza de que havia causado qualquer tipo de impressão positiva o suficiente para tira-lo da sufocante pobreza que o cercava desde a infância. Com o acetato debaixo do braço, em algum momento daqueles dias, Elvis seguiu até a casa da avó de Ed Leek. Lá, tocou o acetato pela primeira vez para o amigo e sua avó. Mais tarde, sairam para se encontrar com alguns amigos no centro de Memphis. Por algum motivo, Elvis deixou o disco com o amigo para ser para sempre esquecido. Anos mais tarde, Ed Leek encontraria Elvis em Chicago, agora um astro da música como nenhum outrora fora. Na conversa, Ed mencionou ao amigo que ainda guardava o acetato em sua casa. Elvis limitou-se a dizer, "Fique com ele." Por quase quatro décadas o primeiro registro sonoro de Elvis ficaria perdido e envolto em mistério, até que Ed finalmente se recordasse da preciosidade em suas mãos. Através de um acordo com a BMG, Leek permitiu que a canção viesse finalmente a tona. Lançada sem o devido estardalhaço, My Happiness debutou no LP The Greatest Performance de 1990. Ed ainda guarda o acetato original, mas está disposto a vende-lo. Ele é sem dúvida nenhuma o objeto mais importante da história de Elvis e que soma poderia arrecadar num leilão está ainda para ser visto.

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* Segundo Ed Leek, foi ele quem emprestou a Elvis os $4,00 para fazer a gravação, o que talvez explique porque Elvis deixou o acetato com o amigo.

* *Existe um grande debate sobre quem fez o primeiro acetato de Elvis. Marion Keisker afima ter sido ela a responsável pela confecção do acetato, pois Sam Philips estaria fora quando Elvis esteve no estúdio. Marion teria feito uma cópia em fita do momento para mostra-lo a Sam Phillips. Isso explicaria porque Marion tomou nota do nome do cantor e seu telefone, bem como suas considerações junto as anotações. Mais tarde, Marion afirmaria que Sam Phillips chegou mais tarde durante a gravação. Sam Phillips por outro lado, afirma que foi ele quem gravou o acetato e que Marion não saberia operar a máquina. Em sua biografia, Last Train To Memphis - The Rise Of Elvis Presley, o autor Peter Guralnick usou a segunda descrição dos fatos de Marion Keisker.

Fontes de pesquisa: Last Train To Memphis - The Rise Of Elvis Presley - Guralnick, Peter -1994

Elvis Presley Memphis Recording Service - The Beginning Of Elvis Presley, The Birth Of Rock n´Roll Vol 1 - 1953-1954 - Pirzada,Joseph e Heath, John Michael

® Texto e Pesquisa: Sergio Luiz Fiça Biston, Fevereiro de 2010

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