A famosa sessão de gravação de
1969.
Músicas:
After
Loving You (Take 3)
Stranger In My Own Home Town (Undubbed
master)
In The Ghetto (Take 11)
Suspicious Minds
(Rehearsal plus take 6)
Any Day Now (Take 2)
Only The
Strong Survive (Take 22)
Wearin' That Loved On Look (Takes 3 and
10)
Do You Know Who I Am (Take 1)
And The Grass Won't Pay
No Mind (Undubbed master, Alternate vocal)
You'll Think Of Me (Take
14)
Power Of My Love (Take 6)
This Is The Story (Takes 3
and 4)
True Love Travels On A Gravel Road (Takes 6 and 7)
Long Black Limousine (Take 6)
Kentucky Rain (Take 9)
Without Love (Takes 3 and 4)
Hey Jude (Spliced from takes 5
and take 1)
If I'm A Fool (Take 3)
From A Jack To A King
(Takes 1,2 and 3)
I'm Movin On (Takes 1-2, Undubbed master)
The Memphis
Sessions- A Ressureição da Fênix-Por Sergio Luiz
Se existe um disco que mostra
despuradamente um artista encontrando seu caminho de volta, buscando em suas
raízes aquilo que o definira e o define, e acima de tudo, botando toda a energia
acumulada em anos de reclusão musical, este disco é From Elvis in Memphis.
Lançado em 1969, foi a segunda parte da “trilogia” do retorno de Elvis à musica
que realmente importava à ele.
Após anos trancado em Hollywood
fazendo trilhas sonoras inferiores, Elvis vislumbrava agora a oportunidade de
mostrar que ainda era uma força vital na música mundial.
Embora seus anos em Hollywood tenham
rendido algumas dezenas de músicas de qualidade e outras tantas de clássicos
memoráveis, era óbvio que o material dado à Elvis era frustrante, tanto para seu
público, quanto para o artista.
Por isso, quando finalmente se
livrou de seus contratos e entrou pela primeira vez em um estÚdio , Elvis deu
sua alma às gravações.
Literalmente, não existem canções
ruins nesta sessão. Até mesmo o material de qualidade inferior beneficia-se pela
paixão que Elvis devota à elas. É
como se cada silaba cantada sangrasse.
É justamente esse material que a FTD
disponibiliza, através de uma série de takes alternativos. Alguns são inéditos outros não, uma vez que
apareceram previamente em lançamentos não oficiais como o fantástico American
Crown Jewels. Entretanto, nenhum destes lançamentos anteriores apresenta
qualidade sonora que possa competir com o produto da FTD. O disco, 9º lançamento
do selo dinamarquês, possui uma mixagem clara, som alto e limpo e masterização
perfeita, graças ao trabalho soberbo de Leine Rendel
Além da qualidade sonora, outro
atrativo é a conversa dos músicos e Elvis entre os takes, que tanta falta fez no
Nashville Maraton, mas que aqui é preservada.
O disco abre com a agressiva balada
After Loving You, não muito diferente do master que todos conhecemos, mesmo
assim uma adição válida ao disco. A letra e os vocais ásperos de Elvis
impressionam logo de início.
Elvis em 1969
Stranger
In My Own Home Town dá continuidade ao disco, mostrando a surpreendente mistura
de estilos presente nessas sessões. O baixo hipnótico e a bateria incisiva
marcam o passo deste take, que se tornaria o master e que é aqui apresentado sem
os overdubbs finais. Um excelente funk do rei do Rock!
Provavelmente
uma das canções mais maduras e contundentes de Elvis, In The Ghetto é aqui
representada pelo take de número 11. O elevado número de takes mostra o
comprometimento de Elvis com a canção, onde o mesmo busca impor a suavidade
necessária em harmonia com a forte mensagem da letra. E embora os overdubbs
posteriores irão dar a consistência necessária para a canção, o take aqui
presente, contando apenas com uma sóbria bateria e o dedilhado do violão oferece
uma visão diferente, mais soturna e contemplativa da
canção.
In The
Ghetto abre caminho para o maior clássico e o maior sucesso originado desta
sessão: Suspicious Minds. Composta por Mark Davis, Suspicious Minds tornaria-se
seu último primeiro lugar, em 1969. A letra recheada de paranóia, traduzia o
desespero de um amor que se destrói pouco a pouco pela desconfiança. “Deixe
nosso amor sobreviver, ou enxugue as lágrimas de seus olhos. Não deixe algo tão
bom morrer, porque você sabe que nunca mentiria pra você”, suplica
Elvis.
Já Any
Day Now, é outro desses clássicos esquecidos da discografia de Elvis. Composta
pelo grande Burt Bacharat, o master é um clássico absoluto, embora tenha sofrido
levemente com o excesso de metais adicionados posteriormente. O take (número 2)
disponibilizado aqui obviamente não apresenta esses metais, o que confere uma
sonoridade mais limpa, permitindo que apreciemos os vocais de Elvis com mais
facilidade. É possível se deliciar com a entrega total de Elvis na canção: “ Sei
que não devo te prender, se você não quer ficar. Até que você se vá pra sempre,
me agarrarei a vida, te segurando assim, implorando pra você
ficar”.
Outra
canção forte, Only The Strong Survive é o mesmo take que apareceu no clássico
bootleg American Crown Jewels, mas aqui obviamente, está com a qualidade sonora
perfeita. Muito similar ao master, diferindo mais notadamente pela ausência de
metais e do monólogo no meio da canção. Mais uma vez os vocais são bem
proeminentes e a guitarra e a bateria misturam-se de maneira discreta e
eficiente.
A provocativa Wearing That Loved On Look começa de maneira inusitada, com Elvis falhando a voz de maneira muito engraçada. Nota-se que a laringite que acometia Elvis interfere ligeramente aqui. O take seguinte mantém o mesmo nível das outras canções, uma excelente performance deste funk bem humorado. Destaque para o piano de Bobby Wood.
Elvis Gravando no American em 1969
A bela balada Do You Know Who I Am? sofre sem a presença dos violinos e demais instrumentos adicionados na versão final. Mesmo assim uma bonita versão, cuja letra atinge seu momento mais tocante quando Presley canta: “ ...Vejo que ainda existe uma chance para mim. Talvez em um outro lugar, em uma outra ocasião quando houver nosso amor em seu coração e um sorriso em seu rosto”.
And
The Grass Won´t Pay No Mind e This is The Story são duas boas baladas-country,
que embora não sejam a cereja deste bolo, são boas adições quando inseridas no
todo. O mesmo se aplica nos bons “countrys” This Is The Story ,If I´m A Fool
(For Loving You), From A Jack To A King e True Loves Travels On A Gravel Road.
Não que sejam canções ruins, longe disso, mas quando comparadas diretamente com
canções primorosas como Suspicious Minds e Kentucky Rain são ofuscadas pelo brilhantismo das
mesmas.
Além
de Any Day Now, You´ll Think Of Me, representada aqui pelo 14º take, também
entra na categoria de “clássicos esquecidos”. Sinto muito garota, mas devo
deixa-la. Há algo no fundo de minha alma que insiste em me chamar.” o vento do
inverno não irá engana-la e na sua
fria e vazia cama, pensará em mim” canta Elvis, abrindo a canção para depois
continuar:“Mas você deve saber, que estarei chorando naquela estrada solitária,
onde nenhuma alma pode ver. Derrubo minhas lagrimas, por um amor que morre”.
Embora seja interessante ouvir a versão limpa, a ausencia dos metais é também
sentida, à exemplo de Do You Know Who I Am?
Power Of My Love vem para arrebentar a cozinha e acelerar o ritmo do álbum. Um excelente Blues-Rock. É uma pena que Elvis não tenha se aventurado mais por esse gênero, bem como no funk que as vezes pincela neste e em outros albuns.
Elvis em 1969
Long Black Limousine em
contraposição, da o tom sombrio ao disco, mesclando perfeitamente o álbum com os
mais variados estilos. O take aqui presente ainda não possui todas as nuances
que caracterizam o master, uma vez que Presley ainda não impôs toda sua força à
canção e mais uma vez, a falta dos overdubbs é sentida.
I´m Movin On, cuja mixagem dá ênfase
ao baixo de Mike Leech, vem para encerrar o álbum, mas não sem antes passarmos
por Hey Jude, o clássico supremo dos Beatles. Capturada informalmente, Hey Jude
nunca foi considerada para um possível lançamento. Sem a letra e acometido ainda
por uma laringite, Elvis e os músicos apenas brincaram com a música. Coube ao
“Coronel” Parker em sua ânsia pelo dinheiro, lança-la 3 anos depois , totalmente
deslocada, no álbum Elvis Now. Entretanto, o take presente neste CD é a versão
integral, inédita, e que inclui as brincadeiras de Elvis durante a
“Jam”.
The Memphis Sessions é sem dúvida
nenhuma um dos melhores CDs lançados pelo selo FTD e é altamente recomendado.
Muito embora a maioria dos takes já houvessem aparecido antes em Bootlegs e até
mesmo em compilações da própria RCA, a compilação das mesmas neste CD com a
qualidade sonora merecida, fazem deste CD uma compra essencial. Se não para
completar sua coleção, para servir como um testemunho do imenso talento e
carisma de Presley e principalmente, como um documento de sua
ressurreição.
Som:
5/5
Conteúdo:4,7/5
Resenha: © Sergio Luiz Fica Biston. 23/08/2005
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