CD 1:

Love Letters

When I’m Over You

If I Were You

Got My Mojo Working / Keep Your Hands Off Of It

Heart Of Rome

Only Believe

This Is Our Dance

Cindy, Cindy

I’ll Never Know

It Ain’t No Big Thing (But It’s Growing)

Life

The Sound Of Your Cry

Sylvia

Rags To Riches

Something

The Sound Of Your Cry – takes 1, 2, 3

Cindy, Cindy – take 1

I’ll Never Know – take 1

It Ain’t No Big Thing (But It’s Growing) – takes 1, 2

Life – take 1, 2

Heart Of Rome – take 1

If I Were You – take 1

Rags To Riches – rehearsal, take 2.

Love Letters From Elvis (Reedição FTD)- Por Segio Biston

Ha cerca de dois anos atrás, Ernst comunicou que estávamos chegando ao fundo do poço no que se referia a material de estúdio. Love Letters vem confirmar essa triste realidade. Tudo o que o álbum apresenta são tentativas incompletas das canções e apenas 1 take alternativo completo. Os demais takes integrais foram todos lançados em compilações anteriores como Nashville Marathon e Today, Tomorrow & Forever. Não ajuda também o fato de que o álbum original é apenas mediano, quase medíocre. A falta de apelo do álbum se reflete até mesmo no livreto interno, com um texto genérico e com poucas fotos interessantes.

Pelas informações das páginas, nota-se que o conceito do álbum, ou a falta dele, destinava-o ao ocaso. Constiuia-se basicamente de sobras das canções das sessões mencionadas, sem um tema definido e cujo agrupamento ia-se denominar "Festival" (!?). Entre as faixas planejadas para o álbum estavam Sylvia, The Sound Of Your Cry e Something, o que explica suas inclusões nesse lançamento como faixas bônus.

Era de se esperar portanto, que esse fosse um lançamento totalmente descartável. Não é o caso. A audição completa, do álbum original até o ultimo take do CD 2, cumpre com competência sua função de documentar os trabalhos de Elvis nas sessões de Nashville em 1970. A adição de três faixas de estúdio bônus constituem melhoria substancial à qualidade geral do CD. É claro que as canções continuam sendo as mesmas; poucas boas, outras medianas e algumas provincianas. Mas é o panorama apresentado, a possibilidade de acompanhar as conversas de estúdio e o desenvolvimento das composições que faz com que a audição seja prazerosa e importante para quem aprecia e quer entender a fundo a música de Elvis Presley. Só não é o que poderia ter sido,  principalmente porque as compilações anteriormente mencionadas minaram a raridade deste CD.

Dada a quase inexistência de takes completos inéditos, os destaques do lançamento ficam imensamente reduzidos. Entre eles está If I Were You, quase um ensaio e infelizmente incompleta, mas com um fraseamento interessante. I´ll Never know, balada simpática mas descartável, é o único take completo que ainda não havia sido lançado e ganha aqui uma tentativa insegura mas interessante. Um take quase completo do gospel Only Believe também merece atenção. As primeiras tentativas mostram Elvis ensaiando o final da canção, buscando a maneira correta de encerra-la. Sua voz já parece um pouco cansada, um efeito da maratona de gravações que essas sessões representaram. 

O ensaio de Rags To Riches é divertido, com Presley ficando sem fôlego nas passagens mais exigentes. Elvis deve carregar consigo um tanque de oxigênio escondido nos outros takes e principalmente no master. Pode não ser uma grande canção, mas é testemunho do imenso talento vocal de Elvis. Os takes de Sylvia, uma das mais populares canções de Elvis no Brasil, permitem acompanhar o desenvolvimento da canção com os primeiros takes mostrando um Elvis ainda hesitante em algumas passagens.

É curioso notar como as primeiras tentativas das canções ganham uma vocalização mais suave, quase sem esforço, lembrando um pouco a maneira que Elvis cantava na década de 60. Depois de algumas tentativas, os takes mais avançados já o demonstram operando com força total, característica das suas gravações no período.

Alguns masters em sua versão sem edições e overdubs também merecem atenção.

Cindy Cindy possui um final mais longo que conta com um bom solo de James Burton. Por fim,I Got My Mojo Workin/Keep Your Hands Off Of It conta com duas peculiaridades. A primeira é o "motherfuck" no meio do medley, que foi obviamente cortado da versão oficial. A segunda é o peculiar comentário de Elvis, às gargalhadas, após o fim do medley: "Crescemos com essa merda medíocre. É o tipo de  de material que não é nem ruim, nem bom. É apenas medíocre." Outro comentário hilário, acontece entre os takes dois e três de I´ll Never Know. Após errar a letra, Lamar comenta alguma coisa e Elvis segue dizendo: "Tenho um gordo e um anão de cada lado, me dizendo o que faço de errado." Ao que Charlie Hodge responde: "Temos que estar aqui para segurar a sua bunda magra."

Serve também como curiosidade, o comercial de rádio sobre o lançamento do album original em 1971. 

Infelizmente, isso é é tudo o que o álbum tem a oferecer. Com pouco material inédito e canções regulares, Love Letters distancia-se de demais lançamentos de estúdio da série clássica como Today, Raised On Rock e até mesmo Thats The Way It Is, que apesar de também sofrer de certa escassez, conseguiu apresentar um número maior de takes completos e interessantes. É apenas para os completistas que anseiam em ouvir cada fragmento de canção e conversas de estúdio que ainda permanecem inéditas. Mas não somos todos assim?

Apresentação: 4/5 

Conteúdo: 3/5

Apresentação do Material: 4,5/5

® Sergio Luiz Fica Biston, Setembro de 2008