FUN IN ACAPULCO - Por Sergio Biston
Rodado em 1963, Fun in Acapulco é mais um dos exemplos da "fórmula Presley", expressão pela qual seus filmes ficariam conhecidos a partir do meio da década de 60. Ambientado na cidade de Acapulco, no México, o filme conta a história de Mike Windegren, um estrangeiro que busca superar o trauma de um acidente trágico em sua família circence. Como de praxe para os filmes dessa época, o personagem de Elvis é um jovem despreocupado que vive ao sabor do vento, sempre cercado de mulheres e que começa a cantar nas situações mais bizarras. Embora bonito visualmente e alegre, o filme tem enredo fraco e atuações pobres. Elsa Cardenas é engessada, enquanto sua rival, a belíssima Ursula Andress, não consegue libertar-se de sua aura gélida. A parceria com o menino Raoul Almeido não convence, principalmente porque o garoto não era nenhum talento precoce na arte da atuação. Elvis está apático em sua papel, claramente entediado pela falta de profundidade do personagem e pelas situações bizarras em que deve mostrar seus dotes musicais.
O trauma de Mike, usado como ponto chave para o desenrolar da história, é pouco explorado e não tendo o tempo necessário para se desenvolver acaba tornando a presença de Mike no país sem sentido. Piorando a situação, a trilha sonora é paupérrima, acentuando o declínio evidente das trilhas sonoras de seus filmes. Ha momentos constrangedores como El Toro, Marguerita e as embaraçosas There´s No Room For Rhumba In A Sports Car e The Bulfighter Was A Lady. Mexico e I Think I Gonna Like It Here são simpáticas, mas a única verdadeira grande canção é Bossa Nova Baby. Não é de se surpreender que a mesma tenha sido escrita pelo time Jerry Leiber/Mike Stoller, enquanto as demais tenham seus créditos divididos pelos fracos Tepper/Bennet, e Baum/Kay . Nem tudo é um desperdício em Fun In Acapulco, entretanto. O filme consegue ser agradável aos olhos e a fotografia cumpre seu papel em mostrar as belezas do México. Os efeitos especiais que utilizam as técnicas de projeção de fundo para inserir Elvis no cenário mexicano, demonstram esmero e continuam eficientes ainda hoje. O filme foi lançado em Novembro de 1963 e recebeu reações mistas da crítica. Escreveu um jornal americano:
" Elvis Presley divertiu-se muito em Acapulco, e não poupa canções na sua mais recente extravagança nos cinemas.
Como de praxe, ele mistura seus momentos, alguns rápidos, alguns agradavelmente mais intimistas com outros francamente bobos, tanto nas canções quanto nas situações.[...] Ainda esperamos por um papel que lhe dê a chance de atuar de verdade"
Outro foi mais condencendente, mas também citou os pontos fracos do projeto:
"Elvis está de volta à telona, após vários meses, e seus seguidores devem ficar eufóricos. O novo filme de Presley, Fun In Acapulco, estréia essa semana [...] Enquanto a trama e as atuações são tão substanciais quanto o título, ninguém pode negar o fato de que o produtor Hal Wallis tem em mãos um arrasa quarteirão. [...]O diretor Richard Torpe consegue imprimir um bom ritmo ao filme, o que ajuda a cobrir a falta de desenvolvimento dos personagens e o roteiro padrão."
O público fiel devorou o filme e sua trilha sonora, mas não com o apetite furioso de seus antecessores. Ainda assim, Fun In Acapulco consegue ser simpático por sua ambientação e segura as pontas quando comparado com outros filmes posteriores, mais por seus valores técnicos do que por seus méritos artísticos.
Em sentido horário, do topo: Cenas iniciais de Fun In Acapulco; Mike enfrenta seu grande temor,
O melhor momento do filme - Bossa Nova Baby.Mike e Raoul passeiam pelas ruas de Acapulco.
O clássico final dos filmes da fórmula Presley do meio da década de 60.
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