® Elvis Collectors Brasil, Fevereiro de 2014



 



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Cantor gospel de sucesso, Bill Baize foi vocalista de fundo de Elvis Presley juntamente com os demais integrantes do quarteto gospel J.D.Sumner & The Stamps Quartet, quando Elvis decidiu voltar às turnês, no começo da década de 70. Batemos um papo com Bill sobre sua carreira, a época que cantou com Elvis e sua recente visita ao Brasil.

Bill Baize foi entrevistado para o Elvis Collectors Brasil por Marco Ruiz, Sergio Biston e Renan Ruiz.
ECB: Elvis Collectors Brasil
BB: Bill Baize


ECB: Bill, nos conte um pouco sobre você e sua carreira.
BB:
Nasci em Indiana, Estados Unidos, em 1939. Comecei a cantar com um  quarteto em Evansville, Indiana, chamado  "The Echoes of Calvary Quartet"  quando tinha 14 anos. Cantávamos na igreja e para um programa de rádio ao vivo da igreja, toda semana. Foi assim que comecei em 1953. Fiz isso até os meus 18 anos, quando então entrei para a Marinha americana. Eu fiquei lá por 5 anos, e aí voltei para Indiana.
Durante minha temporada na Marinha em 1963, comecei a cantar com outro quarteto gospel de Evansville chamado "The Trailsmen Quartet" que na verdade tinha os mesmos membros do "Echoes of Calvary", com exceção do barítono, que era novo.
Deixei o quarteto em 1966 e me mudei para o Texas para cantar com o "The Smitty Gatlin Trio".   Fiquei com eles até o final de 1967 quando então me mudei para Nashville para cantar com outro trio, o  "The Hal Kennedy Trio".  Esse grupo não durou muito.   
Deixei o grupo e fui para a universidade estudar ópera e educação. Fiz as aulas por três anos, completando o curso de 4 anos em 3, quando me graduei. Um pouco antes da minha graduação, J.D. Sumner me ouviu cantar e gostou. Ele me contratou na primavera de 1971. Viajava para apresentaçãos com os Stamps nos finais de semana, cantava com eles e voava de volta à Nashville até Junho de 1971, quando me formei na universidade e passei a cantar em tempo integral com J.D Sumner And The  Stamps Quartet. Em Novembro do mesmo ano, os Stamps foram contratados para cantar com Elvis. 






















 

ECB: Como era cantar com J.D. Sumner?
BB: Vou falar muito sobre isso no livro que estou escrevendo. Gostei muito de ter trabalhado com J.D. Sumner.  Ele era o o cantor com o maior grave do mundo e era muito prazeroso trabalhar com ele. Nunca cantei com um "baixo" que pudesse se comparar a ele. Era absolutamente o melhor. Tenho orgulho em dizer que trabalhei com ele.

ECB: Qual seu tipo favorito de música e qual sua música favorita de Elvis?
BB: Tenho um gosto bem variado para músicas. Gosto de todos os estilos, de bluegrass até ópera e tenho meus favoritos em cada área. Acho que minha favorita de todas de Elvis é Always On My Mind ( secular) e How Great Thou Art no campo do gospel. Essas são as que gosto mais. . Mas gosto muito também de "The Carpenters"  "Spyro Gyra's" ,   Kenny G, e gosto muito de " Placido Dolmingo"  bem, como "Vince Gill", "Emmylou Harris", e "Ricky Skaggs e todos esses artistas de bluegrass.  Tenho um gosto bem variado representado na minha coleção de CDs.

ECB: Qual sua opinião sobre a indústria musical, hoje?
BB:
Acho que hoje ela está em constante mutação. Algumas coisas que ouço hoje não gosto muito. Parece haver uma carência de letras realmente boas e boas melodias. Ha muita repetição de frases sem sentido e muita repetição na estrutura dos acordes da música pop moderna. Gosto muito da pureza do Bluegrass. Nesse momento me parece ser o tipo de música que mais se volta às suas raízes. Muito do pop e um pouco do country se tornou muito do tipo de música que não me agrada.


ECB: Voltando a Elvis, Qual era o envolvimento dele nos arranjos das vozes de fundo?
BB:Elvis fazia sugestões as vezes sobre como ele queria ouvir determinada parte, mas na maior parte do tempo ele deixava isso a cargo do arranjador do grupo, que no caso era Donnie Sumner.

ECB: Logo após a entrada dos Stamps no show de Elvis, ele começou uma série de turnês. Uma delas foi capturada num documentário ganhador do Globo De Ouro, Elvis On Tour. Nele, um dos pontos altos é o segmento onde os Stamps cantam “Sweet Sweet Spirit” enquanto Elvis permite-se absorver e ser absorvido pela música. Como aconteceu esse momento, foi algo planejado ou inesperado?

BB: Surpreendentemente isso tudo aconteceu de improviso. Elvis simplesmente falou ao público que os Stamps iam cantar "Sweet Sweet Spirit"  e que ele não cantava nessa música.  Glen D deu o tom e começamos a cantar.

ECB: Qual a sensação de cantar “Sweet Sweet Spirit” com Elvis no telão, mais de 40 anos após sua morte, sabendo que ele não está mais conosco?
BB: Na primeira vez foi uma sensação incômoda, estranha. Agora é mais uma sensação de alegria em poder compartilhar esse momento tão íntimo com o público. 



























ECB:Ele era uma pessoa muito religiosa e cheio de inquietações espirituais. De acordo com muitos que conviveram com ele, havia essa busca dele em entender porque ele havia sido escolhido por Deus para ser famoso. Você chegou a ter esse tipo de conversa com ele?
BB:
Nunca falei com Elvis sobre isso a sós, mas participei de discussões em grupo sobre esses assuntos. Ele se sentia como você disse e sempre expressou sua gratidão à Deus pelo talento que recebeu. Sei que ele sempre queria fazer o seu melhor toda vez que cantava. Acredito que ele agia assim porque queria agradar a Deus e agradar os fãs que o ouviam.

ECB: Você também esteve presente em outro grande momento de sua carreira, o show Aloha From Hawai. O que lembra desse momento?
BB:
Tenho lembranças especiais desse show. Pude levar minha mulher e filha para o Havaí quando ele fez o show. Não só gostei muito de trabalhar no evento como também gostei de ter minha família comigo. Em 1962, Dorcas e eu nos casamos no Havaí enquanto eu servia a Marinha Americana e estava em Pearl Harbor. Minha filha, Susan, que é minha única filha, nasceu no Havaí no hospital militar em Setembro de 1963. Então foi um grande momento para nós poder voltar e visitar o local e também ir a um evento tão empolgante como foi o Aloha From Hawaii. Gostamos muito.


ECB: Você certamente deve ter muitas histórias de seu convívio com Elvis, seja nos estúdios, nos palcos ou nas famosas sessões gospel em sua suíte no Hilton. Gostaria de partilhar alguma?
BB: 
Uma vez, durante a turnê, não me lembro exatamente em que cidade, aconteceu algo interessante. Foi numa dessas ocasiões onde Elvis estava no clima de pregar peças. Ele se aproximou de J.D. no palco, durante o show, e ele tinha um copo d´agua na mão. Charlie sempre deixava vários copos de água para Elvis beber durante o show. Quando Elvis se aproximou de J.D. para apresentar os Stamps ao público, ele estava com o copo nas mãos.
Depois que ele apresentou os Stamps, ele voltou para o centro do palco e em seguida virou-se subitamente e jogou a água em JD. Isso já tinha acontecido antes e quando mais tarde ele voltou para o nosso lado do palco, J.D. pegou uma pistola de água e quando Elvis virou-se de costa para voltar ao centro, J.D. disparou a pistola nas costas de Elvis. Elvis continou o show normalmente.
Depois do show Red e Sonny mandaram alguém falar para J.D. que Elvis queria vê-lo. Estávamos num desses hotéis onde as escadas ficam do lado de fora do prédio e ha uma plataforma antes de cada lance de escadas. Quando J.D. estava se aproximando do andar onde Elvis estava, Red e Sonny estavam na plataforma de cima com um balde cheio de água, que eles entornaram todo em cima de J.D e o encharcaram. E informaram que essa era a vingança por J.D. ter atirado com a pistola de água em Elvis. Foi muito engraçado. Espero que faça você rir um pouco



ECB: Você esteve pela primeira vez no Brazil em 2013. Como foi essa experiência?
BB:
  Essa turnê do Elvis in Concert foi minha primeira vez no Brasil. Gostei muito de visitar o país e conhecer os fãs. Os fãs do Brasil são maravilhosos.
Fui muito bem tratado quando estive aí. Todos os shows foram lotados e foi maravilhoso cantar para os fãs no Brasil. Obrigado Brasil pelo apoio à Elvis. Ele foi um grande talento e tem os melhores fãs do mundo. O Brasil é um desses lugares que realmente ama Elvis. Obrigado pelo seu entusiasmo, apoio e carinho por Elvis e todos nós que trabalhamos com ele. Vocês são entusiasmados, atenciosos, lisonjeiros e pessoas muito vibrantes de se estar por perto. É assim que vejo o povo do Brasil. Obrigado por serem quem vocês são.


ECB:Mais de 40 anos após essa época incrível, como é trabalhar hoje com os Stamps, com os Imperials, as Sweets e a banda TCB? Como é a relação de vocês?
BB:
Sou muito amigo dos Stamps e dos Imperials, porque nós moramos todos em Nashville. Também tenho muita amizade com Joe Guercio, que também mora em Nashville. As Sweets eu só as vejo quando trabalhamos juntos. Elas são muito talentosas e ótimas pessoas para se conviver. Também só vejo a banda TCB quando trabalhamos juntos. Acho que são absolutamente os melhores músicos, sem comparação, com os quais já tive contato. Respeito e admiro cada um deles. Quando trabalhamos juntos, fico em constante admiração do talento e dedicação desses grandes músicos. Toda vez que vejo Joe Guercio me maravilho com o seu talento e pela capacidade dele em conduzir uma orquestra de qualquer cidade e trabalhar de forma que eles façam o seu melhor. Joe é um talento incrível. Respeito e admiro muito o seu talento. Os Imperials continuam sendo grandes cantores e sempre considerei um privilégio trabalhar com eles em qualquer show.


ECB: Além de Elvis, quais outros artistas você gosta de trabalhar? 
BB:
Quando você trabalha com Elvis, não ha ninguém que se compare. Então vou me limitar a falar sobre ele.

ECB: O que você mais sente falta em Elvis e como você acha que ele deveria ser lembrado?
BB:
Sinto falta do grande cantor que ele era. Também sinto falta daqueles momentos especiais que sempre tivemos juntos após cada show, na sua suíte, cantando e falando sobre o show e conversando com outros artistas que vinham visitar Elvis, especialmente quando trabalhávamos em Vegas.


ECB: Bill, poderia deixar uma mensagem para os fãs do Brasil?
BB:
Os brasileiros são os fãs mais entusiasmados para os quais já cantamos. Gostei muito da hospitalidade e da simpatia dos brasileiros quando estive aí. Que Deus os abençoe e traga a vocês a mesma felicidade e alegria que vocês me deram quando eu estive aí.

O Elvis Collectors Brasil agradece Bill Baize pela entrevista concedida, sua disponibilidade e simpatia com todos os fãs no Brasil.




O
Bill Baize, Ed Hill e as Sweets cantam Sweet Sweet Spirit, em Belo Horizonte. 2013. Vídeo do usuário Vitor Tadeu, Youtube.
Elvis e o grupo Stamps. Bill Baize é o primeiro à esquerda na foto.