Elvis Collectors Brasil

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Elvis No Brasil: Ontem, Hoje e Amanhã.

Por Sergio Luiz Fiça Biston

Entre 1969 e 1977, os anos de concerto, Elvis fez mais de 1200 shows, todos nos EUA. Incrivelmente, mesmo sem ter botado o pé para fora de seu país natal, sua fama percorreu os quatro cantos do mundo. Do Texas à África do Sul, seu nome, musica e imagem foram ditos,ouvidos e estampados nas mais diferentes formas.

Não foi diferente naquele grande país da América do Sul, que passava por um período conturbado de sua história, o Brasil.

Getúlio Vargas havia ha pouco se suicidado no Palácio do Catete e o país saía de um sufocante regime político. Foi nesse cenário que dois compactos duplos de Elvis foram lançados em 1956, e que Presley foi apresentado ao mercado Brasileiro. Logo no mesmo ano, a RCA lançou o primeiro LP de Elvis, o agora famoso BKL-60, no qual escrevia na contracapa:

O BKL-60

“O Moço que revolucionou o mundo radiofônico e fonográfico dos Estados Unidos há alguns meses atrás, o incrível cantor que introduziu no cenário musical americano um surpreendente estilo de interpretação-combinando gestos e com inflexões vocais extremamente “avançadas”....Outro não é senão o discutido Elvis Presley”.Nascia o fenômeno no Brasil.

 

A capa vermelha com um bamboleante Elvis tornou-se um ícone discográfico tal qual, guardada as devidas proporções, a famosa capa do LPM 1254 com o nome Elvis Presley em verde e rosa.

Ainda no verso lia-se: “No Brasil, Elvis Presley vem dia a dia se impondo ao público amante da musica popular norte-americana; seus discos anteriores aqui lançados ( 45 extended play) tem recebido o mais consagrador acolhimento.” 

Como não podia deixar de ser, Elvis foi sucesso instantâneo, provocando a imaginação de milhões de Brasileiros que levantaram a gola de suas jaquetas de couro, arrumaram o topete atrevido e deixaram suas costeletas crescerem. Pais, mães, políticos e professores obviamente não gostaram. Mas nada podia ser feito, Elvis havia chegado pra ficar.

Fanzines

O fenômeno de Memphis foi crescendo cada vez mais e muitos fa-clubes foram surgindo. Um dos primeiros foi o Elvis Rock Clube, na Bahia, fundado em 1959, por ninguém menos que Raul Seixas. Muitos outros se seguiram, entre eles o Gang Elvis de SP, fundado por Walteir Terciani em 1967 e um dos mais expressivos e ativos do país. Elvis seguiu influenciando gerações; Roberto e Erasmo Carlos foram dois de seus maiores seguidores.

Walteir Terciani, em Viagem à Memphis ( à direita)

Foram vários os sucessos de Elvis no Brasil, entre eles Kiss Me Quick na década de 60 e Sylvia, Burning Love, Bridge Over Troubled Waters e My Boy na década de 70.

Após a morte de Elvis em 1977,a Globo exibiu o especial da CBS, narrado por Mário Lago, e entramos na década de 80. Foi um período negro para os fans do mundo inteiro, mas no Brasil tivemos muitos projetos interessantes.

Três deles se sobressaíram. O primeiro foi a “Caixa Vermelha” Elvis Presley, lançada pela São Paulo Elvis Presley Society (SPEPS), de Marcelo Costa. Com 5 discos recheados de material inédito e cujo projeto gráfico surpreendeu pelo capricho e cuidado na execução, a caixa foi um sucesso absoluto e até hoje é muito cotada entre colecionadores, inclusive internacionais.

"A Caixa Vermelha"

Talvez o maior mérito da caixa Elvis Presley não tenha sido a grande quantidade de canções disponíveis, mas sim a excelente concepção da caixa, que abrangia toda a carreira de Elvis de maneira clara e objetiva. Estavam lá Thats All Right do período Sun, os rocks dos anos 50, o pop fantástico dos anos 60 e a mistura genial da década de 70.

Seguiu-se outro excelente projeto da SPEPS, os álbuns duplos Good Rockin Tonight. Composto por 2 volumes, tornou-se o maior sucesso de vendas no Brasil e é até hoje um dos discos mais vendidos de Elvis no país. Sua reedição em CD também alcançou sucesso ímpar e colecionadores internacionais freqüentemente buscam adquiri-los. Lançados em parceria com a SBT discos, foram os únicos discos de Elvis a serem anunciados na TV.

 

"Elvis-Mito e Realidade"

No campo literário, o final dos anos 80 ficou marcado pelo livro Mito e Realidade, de Maurício Camargo Brito. Embora possua alguns dados incorretos, era e é ( foi recentemente reeditado) a obra mais profunda sobre Elvis feita no país. O início dos anos 90 mostrou-se promissor, com o projeto livro CD-ROM Elvis Presley ( pioneiro na época), co-autoria de Ana Flávia Miziara e Marcelo Costa. Lançado pela Editora Roka, trata-se de um projeto único no Brasil, e de extrema qualidade.

Elvis Presley CD-ROM e Livro

 

 

 

 

 

 

O livro trazia 66 fotos até então inéditas no país e um CD-ROM interativo narrado por Lúcia Veríssimo (!) onde era possível conhecer a vida e obra de Elvis.

No campo musical entretanto, Os fans só tiveram acesso aos lançamentos no exterior. Em 1994 A BMG lançou a campanha "40 anos de Rock n Roll", marcada pelo relançamento de 10 CDs da discografia de Elvis.

Campanha da BMG em 1994

Apesar da boa companha publicitária, o projeto nada trouxe de produtivo aos fans de Elvis, ja que a seleção de discos foi mal feita e nada trazia de inédito.

Agora, em pleno século 21, comemoramos 51 anos de Elvis Presley e pode-se dizer que os dois lançamentos da BMG Internacional, 30 # 1 e Second To None, junto com a campanha Its Now Or Never da BMG Brasil revigoraram o mercado de Elvis no país. Hoje, em 2005, Elvis está desfrutando de uma grande popularidade no mundo que reflete-se em nosso país. Temos vários fan clubes ativos e podemos dizer que somos algumas dezenas de milhares no país. O fan-clube Gang Elvis continua na ativa com força, juntando mais de 400 pessoas em seus encontros bimestrais.Odair Brás Jr lançou seu livro “Elvis” em todo o Brasil e o fan Clube Elvis World de Waldenir Ceccon lançou o livro Elvis, o Rei de Las Vegas, o primeiro livro técnico sobre Elvis no Brasil, do qual este que vos escreve, teve a honra de participar.

Elvis: O Rei de Las Vegas

A internet também veio impulsionar a divulgação do legado de Elvis em nossa terra, com o surgimento de vários sites sobre sua vida, carreira e legado.

Mas o que nos reserva o futuro? Se olharmos para trás, logo após a morte de Elvis, veremos que seu legado somente cresceu durante os anos, mesmo que tenha passado por períodos de ostracismo. Entretanto, um fator que certamente impede o Brasil de se tornar um país destacado na comunidade é o mesmo problema que causa males muito maiores e mais importantes no país: O poder, ou melhor dizendo, a falta de poder aquisitivo dos consumidores. Não nos cabe aqui discutir os inúmeros aspectos que implicam essa situação, mas obviamente os preços exorbitantes praticados pela indústria fonográfica mundial, afetam diretamente o poder de venda dos discos, não só de Elvis como também de outros artistas.

O futuro, entretanto, promete. A revigoração do catálogo de Elvis no país pela BMG no início de 2004, o surgimento de sites sobre sua obra (como este que acaba de nascer) e o aprimoramento técnico mostrado em projetos como Elvis, O Rei de Las Vegas tem trazido, e trarão, excelentes frutos.

Entretanto, no fim, o fator chave para o sucesso de Elvis no país e no mundo, não necessita de grandes e mirabolantes campanhas de marketing. Nem de sites que encham nossos olhos e nem mesmo de um grande poder aquisitivo. Basta apenas, um par de ouvidos.

 


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