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No dia 8 de Janeiro ele comemorou seu aniversário de 23 anos. Nas semanas seguintes compareceu aos estúdios para gravações do filme e trilha sonora, foi até sua loja de discos favoritas, a Poplar Tunes, comprou discos e aproveitou a compania de amigos. Na última noite como civil ficou acordado, foi ao drive inn assitir Sing Boy, Sing e se divertiu num rink de patinação. Pela manhã, meia hora antes do horário, chegou ao local do recrutamento. Era 24 de Março de 1958. Em Agosto a morte de Gladys atingiria Elvis de forma devastadora. Como se no centro de um furacão, a vida de Elvis mudava de maneira vertiginosa e em Outubro ele desembarcaria em Bremenhaven, na Alemanha, onde serviria o exército americano por 18 meses. Sob todos os aspectos, a vida na Alemanha seria uma experiência completamente diferente de tudo aquilo que Elvis Presley já havia experimentado, e uma que deixaria marcas profundas que o influenciariam por todo o resto de sua vida.
Mal teve tempo de pisar em solo alemão, no meio dos fãs que se aglomeravam para recebê-lo, rapidamente embarcou num trem que o levaria ao 32º Batalhão da terceira Divisão Armada Americana, conhecida como "Inferno Sobre Rodas", em Friedberg. Os quatro dias seguintes foram extramamente agitados. A mídia e a RCA aproveitaram todo o tempo disponível para fotografar o astro em suas atividades militares. Elvis aparecia se misturando com colegas do exército, pilotando tanques e ocasionalmente interagindo com os fãs locais. Finalmente, no dia 5 de Outubro o exército fechou as portas para a mídia e os curiosos e Elvis enfim começou a sua vida de recruta. Os 18 meses que Elvis passou na Alemanha são uma espécie de anomalia numa vida que foi explicitamente exposta por quase toda a sua extensão e ainda mais depois que se encerrou em 1977. Desde quando começou a causar algum tipo de comoção no início de 1955, Elvis esteve sempre no olho do furacão. E quando de sua volta em 1960, nunca mais saiu da vista do público. Sua passagem pelo exército foi de certa forma a última vez que Elvis viveu o mais próximo da normalidade de um cidadão comum. O primeiro lugar que chamou de casa, após conseguir uma permissão do exército para residir fora das instalações militares, foi o Grünelwald Hotel. Se Elvis não estava preparado para a Alemanha, o hotel Grünelwald não estava preparado para ele e sua trupe; formada por Red West e Lamar Fike, dois de seus amigos mais próximos que vieram junto com sua bagagem, além de seu pai Vernon e sua avó Minnie Mae. Guerras de pistolas d´água, lutas que quebravam camas, sessões de música ao piano que varavam a madrugada e até "casos" com as camareiras fizeram com que, após muitas reclamações do gerente do hotel, Elvis se mudasse para uma residência que pudesse acomodar todo o grupo.




                                            

Por vezes usava um fusca batido que dera como meio de locomoção aos amigos Red e Lamar,antes dele acabar nas mãos de seu instrutor de Karatê Jürgen Seydel.
As vezes, quando voltava do serviço, pulava uma cerca de madeira no quintal do vizinho para despistar os fãs, mas não tardou para que eles descobrissem sua rota de fuga e ali o esperassem.
A noite, quando as cortinas se fechavam, juntava os amigos e as garotas e o que restou de sua família e cantavam por horas ao piano. Juntava-se à eles, um novo amigo, que Elvis conheceu ainda na longa viagem de navio para a Alemanha. Era um baixinho boa praça, de riso fácil e que em comum com Elvis tinha a musicalidade. Seu nome: Charlie Hodge. Nas tardes de folga, todos se reuniam num descampado no fim da rua e jogavam Futebol Americano.
 
Localizada na 14 Goethestrasse, a simples e simpática casa de três andares e cinco quartos seria a residência permantente dos Presleys e amigos até sua volta aos Estados Unidos.
A vida ali se tornou quase bucólica. Pela manhã Elvis tomava seu desejum com ovos e bacon e biscoitos feitos pela sua avó, todos juntos à mesa. Depois Elvis saia para cumprir suas obrigações militares, pilotando jeeps, limpando armas, atirando, correndo e participando de treinamentos. Na frente da casa, próximo ao portão de muro baixo, mandou colocar uma placa: AUTÓGRAFOS 19:30 -20:00.
Ali, na frente do portãozinho de madeira, o maior astro da música dos últimos 50 anos, o fenômeno cultural em escala global sem precedentes na história do showbuziness, recostava-se no muro, as vezes ainda de capacete e uniforme e relaxadamenre concedia autógrafos , posava para fotos e conversava com os fãs locais, muito menos exuberantes em suas reações do que os do resto do mundo. Nesse mesmo portão foi fotografado, indo e vindo do posto do exército para almoçar.
US53310764 - A Vida Secreta Na Alemanha - Por Sergio Biston

Era Dezembro de 1957 quando Elvis Presley, o maior ídolo musical que o mundo já vira, recebeu um comunicado extra oficial de Milton Bowers, oficial de alistamento do exército, de que sua convocação já estava pronta. Bowers preferiu que Elvis a pegasse pessoalmente, temendo que se enviada pelos correios, a notícia se espalharia rapidamente. Se para o mundo Elvis pareceu disposto e pronto para servir o seu país, para a família e seu círculo mais íntimo de amizades Elvis mostrou sua decepção com a convocação e seus temores. Segundo George Klein, ele estava devastado.
No dia 19 Elvis escreveu uma carta endereçada ao exército, solicitando um adiamento de sua convocação em nome da Paramount, para que assim pudesse concluir a produção do filme King Creole e em suas palavras, "para que o pessoal não perdesse tanto dinheiro, com tudo o que eles já fizeram." Em três dias o exército respondeu favoravelmente ao seu pedido. Restava então apenas esperar pela convocação oficial.
A vida serena e relativamente feliz não viu entretanto, a chegada de um inimigo silencioso. Um inimigo que afetaria profundamente sua vida daqui para frente. Ele se apresentou de forma inocente. Alguns comprimidos oferecidos por seu Sargento. Os comprimidos, anfetaminas, eram usados na base militar para permitir que os soldados pudessem suportar as longas e arrepiantes noites do austero inverno alemão. Rapidamente Elvis se tornou um ávido usuário dos comprimidos, que lhe davam grande energia e ainda serviam para regular seu peso. Logo todos passaram a usá-los, alheios aos efeitos aditivos e nocivos do seu uso prolongado e a longo prazo. Mudanças bruscas de comportamento, irritabilidade e insônia são alguns dos efeitos colaterais mais comuns desse tipo de medicamento. Mas em 1959 pouco se sabia, ou se falava, desses efeitos e muitos médicos receitavam as substâncias como inibidores de apetite. Também pesa o fato de que Elvis sentiu um tipo de legitimação no uso desses comprimidos, já que eles lhe foram confiados por experiêntes superiores do exército. Não demorou para o comportamento de Elvis começar a oscilar e uma de suas namoradas na época, a jovem secretária
Elizabeth Stefaniak relembra variações bruscas de seu humor. Elvis podia se irritar profundamente com alguém num piscar de olhos e bastava uma frase errada para a situação desandar.
Apesar disso, a vida corria normalmente na Alemanha. Elvis continuava sendo um soldado exemplar e sua educação e atenção para com os outros continuava a lhe render amizade e o apreço geral dos seus companheiros de exército. "Ele é um cavalheiro...Um cara que se importa muito com os outros", diria o tentente Taylor, da Companhia B.
Quando as obrigações militares não o impediam, Elvis aproveitava para entregar-se a diversões adultas. Em Munique visitou com os amigos o famoso cabaré Moulin Rouge e dois dias depois foi a vez do Lido. Nessas ocasiões foi fotografado em momentos de grande intimidade com as dançarinas locais. Numa dessas noitadas, levou para sua suíte várias coristas do show Blue Belles, fazendo com que as nove da noite do dia seguinte, Lamar Fike tivesse que lidar com o proprietário do cabaré que, ao telefone, lhe perguntava se podia ter suas dançarinas de volta ou não conseguiria fazer o show já que o elenco inteiro estava com eles.













Elvis entegou-se também a um novo hobby, o Karatê. Seu primeiro professor foi Jürgen Seydel, que ministrava aulas da arte marcial em sua casa nos dias de folga e após o expediente militar. Elvis continuaria a estudar e praticar a arte até quase o fim de sua vida, chegando inclusive e a produzir um documentário sobre Karatê que infelizmente nunca foi terminado.
Os dias na Alemanha, entretanto, aproximavam-se rapidamente do seu fim e a vida que Elvis estava lentamente construíndo longe de casa seria em breve deixada para traz. Mas não antes de uma última grande reviravolta pessoal. Ela veio na bela figura de uma jovem de 14 anos, chamada Priscilla Beaulieu, num final de tarde de Setembro de 1959. Os meses finais de Elvis na Alemanha revolveram-se quase que totalmente em torno dessa nova paixão e ocasionalmente nas pontas que deveriam ser amarradas antes de sua partida.

Em Março de 1960 Elvis deixou a Alemanha em definitivo. Levou consigo malas e malas cheias de discos, roupas e lembranças. Trouxe também sua paixão por Priscilla e o contato com as pílulas que muitos anos depois acabariam por abreviar sua vida.
A vida naquela pequena cidade da Alemanha, na rua 14 da Goethestrasse jamais voltaria. Para o bem ou para o mal.
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Texto e pesquisa: Sergio Luiz Fiça Biston, Junho de 2011
Fontes: Guralnick, Peter - Careless Love
              Schroe, Andreas - Private Presley
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