A Profile Vol 2- Disco 4. Por Sergio Luiz
”Eu
canto todos os tipos de canção”
-Elvis
Presley, em resposta à Marion Keisker
Poucos
registros existem dessa temporada particularmente interessante. Além deste, o
único soundboard disponível até agora está no CD BIG BOSS MAN, da FTD. Além
disso, seleções apareceram na compilação Live In Las Vegas, da BMG. Esta foi a
ultima vez que Elvis reestruturou seus shows, dando-lhes um aspecto mais
contemporâneo.
Como
na temporada anterior, Elvis trabalhou novas canções e colocou seu coração nas
performances. Os concertos de Março de 1975 podem ser considerados uma
continuação e um refinamento da temporada de agosto de 1974. Elvis adicionou
novas canções e manteve algumas das canções da temporada passada, balanceado-as
com antigos sucessos ( uma lição que ele provavelmente aprendeu na temporada
passada e se assim for, Hound dog equivale ao “pão para as
massas”).
O que adiciona ainda mais importância à esses shows, é o fato de que
Elvis está provavelmente no auge de sua voz. É uma voz forte, grave e passional
que se ouve nas 18 canções capturadas pela mesa de som. O set list é a definição
do que Elvis queria dizer quando respondeu à pergunta de Marion Keisker ha mais
de 20 anos. Muitos estilos de musica marcam presença neste concerto: Rock,
Country, baladas e musica pop, em performances memoráveis
Durante
estas noites em Vegas, Elvis decidiu não desperdiçar muito tempo conversando com
a platéia, preferindo fazer apenas comentários em sua maioria bem humorados,
entre as canções. Isso o permitia focar mais nas canções, resultando em
performances memoráveis que poderiam muito bem serem consideradas definitivas.
Canções como Its Midnight, And I Love You So, Fairytale e If You Love Me são
executadas com imenso zelo e paixão .
Neste
concerto em particular, uma das mais memoráveis e distintas habilidades de Elvis
fica em evidencia: Sua capacidade de emocionar o ouvinte com apenas um gesto,
uma flexão de sua voz. É o que ocorre no final de And I Love You So. Após uma
performance brilhante, ele solta um curto grito nos momentos finais da canção e
este simples fato é suficiente para arrepiar o ouvinte e faze-lo respeita seu
poder. É a comprovação de que um bom cantor não é feito apenas de cordas vocais
afinadas, mas também de emoção.
Outro grande momento desse show, é sua rendição de “My Boy”. Sua performance revela um pouco de si próprio. Seus problemas pessoais e sua necessidade desesperada em encontrar uma rota de fuga destes problemas estão refletida nesta canção. Se não pela letra, pela sua performance emotiva. Quando Elvis sobe brilhantemente na nota do verso final, é como se desse forma à suas dores, como se gritasse sua dor ao mundo, procurando alguém para ouvi-lo, na escuridão em que seus sonhos se tornaram.
Las Vegas, Março de 1975
O
mesmo ocorre em It´s Midnight, mas desta vez, Elvis não está lamentando pelo que
a vida se tornou, mas por suas próprias falhas, ou talvez, pelas falhas de
outros...A performance desta canção nesta temporada, por vezes suplanta sua
versão oficial, presente no álbum Promised Land.
Mas se a vida de Elvis transformara-se em uma existência triste e sem
amor, pelo que Elvis vivia? Talvez pelo desejo de voltar para suas origens e
acomodar-se, e, se assim fosse, Green Green Grass of Home, uma das novas canções
desta temporada, seria a expressão do que talvez Elvis gostaria que acontecesse?
O que aconteceria se Elvis pudesse se livrar dos flashs, do burburinho da mídia,
da adoração e da adulação, do grande peso de ser um rei? Talvez ele pudesse
voltar para Tupelo, encontrar seu verdadeiro amor, construir um lar e viver
feliz para sempre...Quem pode dizer?
Promised Land, outra sobrevivente da temporada anterior, também
encaixa-se neste contexto, embora de maneira diferente. As performances ao vivo
de Promised Land não são tão energéticas quanto a versão de estúdio, mas Elvis
esta confiante em sua performance, ou talvez, em suas convicções.
Mas é o no final deste show memorável que Elvis revela o que poderia ser a resposta para todas as questões que nos perguntamos. É uma performance que nos convida à uma viagem ao seus pensamentos e talvez ao reconhecimento por parte de Elvis, de que um Rei é apenas um Rei graças aos seus seguidores. Uma canção que talvez revele seu ultimo e grande amor, o ultimo pilar em que podia apoiar-se em sua vida: Seus fãs. A canção é You’re The Reason I´m Living
Som: 3,7/5
Show:5/5
* Segundo alguns colecionadores mais atentos, as três faixas iniciais são do dia 21.
® 2006 Sergio Luiz Fiça Biston. Originalmente publicado pelo autor no site Elvis Still Active In Norway em 2000.
® 2006 Elvis Collectors Brasil -
Sergio Luiz. O
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