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Foto cortesia de: sonnywest.com

 

O Elvis Collectors Brasil apresenta mais uma entrevista inédita e exclusiva, desta vez com o amigo e segurança, Sonny West. Sonny trabalhou para Elvis por dezessete anos e esteve com "o rei" nos seus altos e baixos. Sonny foi seu guarda-costas e organizou o esquema de segurança de suas turnês e apresentações em Vegas. Também apareceu em alguns filmes de Elvis como dublê e em pequenas pontas. Nessa conversa, Sonny West falou dos tempos com Elvis, de risos e lágrimas, sobre o famoso livro Elvis What Happened? e sobre seu novo livro Elvis: Still Taking Care Of Business.

The Early Years

 

ECB: Para começar essa entrevista, por favor nos conte sonbre seu início e como foi crescer em Memphis.

SW: Memphis era um lugar excelente para crescer. Passei a maior parte dos meus primeios anos em conjuntos habitacionais do governo, onde viveam crianças da minha idade. Sempre tinha alguém para brincar. Éramos pobres, mas uma criança não sabe disso até que alguém conte a ela. Os anos 50 devem ter sido a melhor época para crescer e ser um adolescente. 

 

ECB: Você estudou na mesma escola de Elvis, mas você só o conheceu mais tarde. Você se interessava por sua música antes de conhecê-lo? Você assistia seus filmes? 

SW: Frequentei a mesma escola que ele, a Humes, mas estava três anos atrás de dele. Estudei lá na 7ª e 8ª séries e nessa época Elvis já estava 10ª e 11ª primeira série (N.E: sistema americano de ensino, equivalente ao secundário brasileiro), então eu não o conheci. O conheci quando ele estava no exército e eu acabara de sair da força aérea.  Eu adorava sua música mesmo antes de conhecê-lo. Minha canção favorita era I Was The One, que eu tocava toda vez que tinha uma jukebox por perto. Gostava de vários de seus filmes, mas meu favorito era King Creole.

 

 

ECB: Como foi sua primeira conversa com ele? Que impressões ele deixou em você? 

SW: Fiquei muito impressionado por ele ser um cara tão bacana. Ele estava muito tranquilo e foi  muito educado. Um verdadeiro cavalheiro. 

 

 

ECB: Como você acabou trabalhando para ele e quais eram suas funções?

SW: Ele pediu para que eu fosse trabalhar com ele duas ou três semanas depois que ele voltou do exército. Meu trabalho era tomar conta das coisas para ele, o que incluia afastar namorados ciumentos que quisessem agredi-lo.

 

 

ECB: Elvis havia perdido sua mãe recentemente quando você começou a trabalhar com ele. Ele falava com você sobre ela e sua morte?

SW: Ele havia perdido sua mãe antes de eu conhecê-lo, em 1958. Foram três ou quatro semanas depois que o conheci. Aí mais dezoito meses até que eu fosse trabalhar com ele. Ele falava bastante dela no começo e visitávamos com frequencia seu túmulo.

 

 

ECB: Como era o relacionamento de Elvis com seu pai, Vernon?

SW: Elvis amava seu pai, mas era muito próximo de sua mãe. Passaram muito tempo juntos quando ele era uma criança. Ela o levava ele para a escola ainda que a maioria das mães já tivesse deixado de fazer isso e só parou por que Elvis implorou a ela.

 

ECB: Como era o relacionamento de Elvis com Dee, sua madrasta? Ele nunca a aceitou, isso é verdade? 

SW: Elvis tratava Dee com respeito, já que ela era a mulher de seu pai. Ele aceitava o fato, mas não a considerava uma madrasta, apenas a mulher de seu pai. Ele disse publicamente que enquanto ela fizesse seu pai feliz e entendesse que ela não era uma substituta de sua mãe, tudo estaria bem.

 

 

ECB: Depois que você começou a trabalhar com Elvis, você logo começou a participar de seus filmes. Como era essa experiência, especialmente para alguém que ia aos cinemas assistir aos filmes de Elvis? Alguma história engraçada em especial?

SW: Meus anos favoritos com Elvis foram quando fazíamos filmes. Mais do que tudo, eu adorava filmes quando era criança e até cheguei a pensar em tentar fazer parte de um, especialmente como cowboy. Esse era meu tipo de filme favorito.

Tenho muitas histórias engraçadas sobre essa época em que fazíamos filmes. Ele tinha um grande senso de humor e faziamos loucuras naquela época. Ha realmente muitas histórias engraçadas dessa época para mencionar e como eu escrevo do jeito que ando, ia levar muito tempo para escrever. Fiz uma entrevista para outro website e quando terminei, senti que escrevi um terceiro livro. Naquela época consegui organizar meus pensamentos, mas nunca mais.

 

 

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Sonny, Red e Elvis trocam alguns socos em Live A Little,Love A Little

 

ECB: Você também esteve presente em muitas sessões de gravação, certo? Como eram essas sessões?

SW: Nas sessões de gravação era quando as coisas desaceleravam um pouco. Quero dizer, havia um aspecto mais sério em seu comportamento quando ele entrava no estúdio. Isso não quer dizer que deixávamos de brincar com os músicos, cantores e com nós mesmos, mas não na maioria do tempo. As vezes ficávamos com ele no estúdio, cantando e tocando durante a gravação ou então ficávamos em outra sala, onde podíamos ouvi-lo pelas caixas acústicas.

 

 

ECB: Depois de sua dispensa do exército, ele fez alguns papéis sérios como em Flaming Star e Wild In The Country. Ele mostrou nesses filmes que poderia um dia, tornar-se um bom ator. O potencial estava lá. Entretanto, isso nunca aconteceu e ele rapidamente se viu envolvido em uma série de papéis superficiais, interpretando o cantor bonitão que se envolvia em brigas e ficava com a garota no final. Alguns desses filmes ofereciam bons valores de produção,como Blue Hawaii e Viva Las Vegas, mas após um tempo a qualidade dos scripts, canções e enredos caiu consideravelmente. Ele alguma vez expressou seu descontentamento com os filmes à você?

SW: Sim. Ele ficou desiludido com os filmes porque eles se tornaram basicamente o mesmo filme, apenas em outras locações, até mesmo em outros países, como é o caso de alguns. Mas ele tinha contratos que o obrigavam a fazer esses filmes, então ele os fazia e procurava se divertir o máximo possível, com nós, com os membros do elenco e até mesmo com a equipe de apoio. O motivo que levou sua carrereia cinematográfica nessa direção é que eles se dividiam em duas categorias: Os que tinham música e davam muito dinheiro e os quem não não tinham canções não davam tanto dinheiro. O filme que rendeu a maior bilheteria foi Blue Hawaii. Mas ele também foi seu algoz, pois todos os estúdios queriam fazer um filme que fosse tão lucrativo quanto. Mas ninguém conseguiu. 

 

 

ECB: Foi durante essa época que os Beatles começaram sua dominação mundial. Como Elvis se sentia em relação ao sucesso da banda?

SW: Elvis estava feliz pelo sucesso dos Beatles. Ele os achava muito talentosos e até gravou algumas de suas canções. Ele gostava principalmente de Something, de George Harrison.

 

ECB: Quando os Beatles vieram até os Estados Unidos, eles expressaram o desejo de conhecer Elvis. Qual foi a reação de Elvis ao saber disso e quais são suas lembranças desse encontro de gigantes? 

SW: Os Beatles foram muito influenciados por Elvis quando eram mais jovens e diziam que só entraram para o mundo da música devido a esse impacto que Elvis lhes causou. Eles queriam ter conhecido Elvis quando fizeram sua primeira visita aos Estados Unidos em 1964, mas a agenda apertada durante as filmagens de um de seus filmes, não permitiu o encontro. O Coronel Parker e o empresário dos Beatles, Brian Epstein, arranjaram o encontro para o ano seguinte. Eles vieram até a casa de Elvis em Bel Air, Beverly Hills, na California, e ficaram muito tímidos na presença de Elvis. Depois de um tempo começaram a rir e conversar e aí começaram a cantar as músicas um do outro e tocar um pouco de guitarra e baixo. Ringo jogou um pouco de bilhar com meu primo Red e comigo, já que ele não tinha nenhuma bateria por perto para tocar. Depois de várias horas, deixaram a casa num ótimo clima, após uma noite muito agradável. John Lennon diria, mais tarde " Antes de Elvis não havia nada".

 

Priscilla Presley

 

ECB: Você se lembra quando Elvis decidiu trazer Priscilla para sua casa? Porque ele a trouxe e como ele consegui convencer os pais dela que seria seguro deixar uma filha adolescente mudar-se para morar com um astro do rock que morava em outro país?

SW: Elvis decidiu trazer Priscilla da Alemaha , onde sua família residia com seu pai que estava na força aérea americana. Ele a conheceu em 1959 e começou a namora-la quando ainda estava no exército. Quando ele deixou a Alemanha para voltar à America e foi dispensado do exército, começou a sentir a sua falta. Ele convenceu sua mãe e seu pai em deixa-la vir até os Estados Unidos e ficar com seu pai e sua nova esposa, Dee, mais ou menos por volta de 1962, 1963. Ele prometeu que ela terminaria seus estudos e ela terminou.

 

 

ECB: Você se lembra do dia em que ela chegou e as mudanças no relacionamento entre Elvis e os membros da Máfia? 

SW: Lembro-me quando ela chegou na California primeiro para uma visita, depois retornou e ficou. O relacionamento com os caras não mudou em nada. As coisas continuaram como sempre foram antes de Priscilla chegar. Mas nós tomavamos cuidado com o nosso linguajar perto dela, como sempre fizemos com as outras namoradas de Elvis.

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ECB: Como era o relcionamento entre Priscilla e a Mafia de Memphis?

SW: Foi bom no início, mas depois de um tempo ela começou a ficar ressentida, porque achava que nós impediámos Elvis de passar mais momentos a sós com ela. Mas isso não era nossa culpa, era o que Elvis queria. Quando ele queria privacidade ele tinha. Ponto final.

 

 

ECB: Você acha que Elvis realmente a amou ou que ele teve uma grande paixão por causa de sua beleza e outras qualidades que ele gostava em uma garota e mais tarde, quando essa paixão esfriou ele se arrependeu de tê-la trazido aos Estados Unidos e casou-se por obrigação? 

SW: Eu acredito definitivamente que Elvis amava Priscilla por causa de sua beleza, charme e timidez quando começou a namorá-la. Mas também sei que ele amou Anita Wood antes de conhecer Priscilla e daí amou Linda Thompson depois que Priscilla se foi. Ele também amou Ann- Margret. Também houve outras que ele amou nesse tempo, talvez não tanto quanto essas, mas as amou. Já com relação à casar-se com Priscilla, não acredito que ele quisesse isso. Nem com ela, nem com ninguém. Elvis não era do tipo pra casar. Ele pertencia as mulheres do mundo. Não estava lá quando ele estava com sua última namorada, mas conhecendo Elvis como o conhecia, ele também não iria se casar com ela. Não era um problema com elas, era Elvis. 

 

 

ECB: Elvis teve muitos outros relacionamentos além de Priscilla, quando estava casado com ela. Como ele mantinha esses relacionamentos em segredo? 

SW: Elvis teve vários relacionamentos com outras mulheres enquanto estava com Priscilla, antes e depois de seu casamento. Não era por causa dela, era ele. Ele amava mulheres, a sua feminilidade. Ele gostava de conversar com elas a respeito de seus pensamentos com relação à religião, música, a vida em si e assuntos atuais daquela época. Quando ligado romaticamente à outra mulher enquanto estava com Priscilla, ele dizia que era apenas fachada para a mídia, apenas propaganda. O que também acontecia e acontece até hoje.  

 

ECB: Embora seu relacionamento com Priscilla fosse conturbado, ele ficou muito feliz quando ela anunciou sua gravidez. Conte-nos sobre essa época da vida de Elvis e como ele contou a você que em breve seria pai? 

SW: Elvis ficou muito entusiasmado e feliz quando Priscilla disse a ele que seria pai. Eu não estava lá quando eles contaram a novidade, mas quando ele me falou o quão feliz estava, não havia dúvidas que aquela criança seria muito amada e mimada. A sua vida estava ótima e tudo estava indo bem para ele.  

 

ECB: Ha muitas histórias sobre como Elvis ficou depressivo após a partida de Priscilla. Entretanto, ele parecia muito feliz com Linda Thompson. Você acha que a história tende a ser romanceada ou ele realmente sentiu sua perda?

SW: Elvis ficou muito magoado quando Priscilla disse a ele que estava indo embora e entrou em depressão por um curto período de tempo. Aí ele conheceu Linda Thompson e ela levantou seu astral com sua personalidade esfusiante e grande senso de humor. Isso sem mencionar sua beleza e figura estatuesca.

 

A Volta

 

ECB: Quando os filmes começaram a cair nas bilheterias, e ele cansou-se deles, algo magico aconteceu. O Especial Singer, ou como o conhecemos agora, o "Especial Da Volta". Alguns críticos musicais referem-se ao especial como o mais fantástico retorno da história do rock. Quais são suas lembranças dessa época e quais eram as expectativas de Elvis com relação ao especial? 

SW: Quando ele começou a fazer o especial, agora conhecido como "Especial Da Volta", era pra ser um especial de Natal. O diretor tinha uma visão diferente para o show e depois de convencer Elvis sobre essa direção, o conceito do especial foi modificado. Em sua maior parte, constituia-se de segmentos ensaiados filmados sem a presença do público. Mas então o diretor (N.E: Steve Binder] teve a idéia de filma-lo cantando para uma platéia. Elvis usou a roupa de couro preto e aquele segmento foi o que gerou a maior resposta e entusiasmo, não só da platéia, mas também de Elvis. Foi enormemente responsável em acender o desejo em Elvis de cantar ao vivo novamente. Ele ficou muito orgulhoso do produto final, e quando o público assistiu e correspondeu com entusiasmo, assim como os críticos, ele ficou muito contente.  

 

ECB: Após o sucesso do especial da Singer, Elvis voltou aos palcos. Las vegas foi o local escolhido. Quais são suas lembranças das expectativas e temores de Elvis para essa estreia e como era o trabalho de segurança nesse novo cenário?

SW: Elvis havia completado seus contratos com os estúdios cinematográficos quando estreou em Vegas no International em 31 de Julho de 1969. Foi uma época fantástica e todos estavam um pouco apreensivos. Ninguém mais do que Elvis. Ele estava muito nervoso, mas era um nervoso "bom". Na noite de abertura, o ar estava carregado de eletricidade, todos estavam agitados nos bastidores e podiam sentir essa eletricidade. Elvis foi fantástico! Ele tinha tanta energia e carisma, cativando a todos de uma maneira única. Foi realmente uma grande noite e continuou assim por sessenta shows, em trinta dias.

A segurança não era um desafio, na verdade. Haviam os guardas do hotel em cada canto do palco, no chão. Eu estava atrás das cortinas, do lado do palco. Fora algumas garotas que pulavam no palco para tentar abraça-lo ou beija-lo, não houveram problemas naquela noite. Os problemas começaram no versão seguinte, em 1970, quando iniciou-se sua terceira temporada.

 

 

ECB: O trabalho de segurança em Vegas era certamente diferente quando comparado às arenas gigantescas das turnês pelo país, correto? 

SW: Sim, era.  A segurança começou a ficar mais difícil em Vegas por causa do palco baixo e de como era fácil subir nele. Só o que se precisava fazer era subir numa cadeira e botar o pé no palco. E você ficaria surpreso em saber o quão rápido as garotas conseguiam fazer isso. Nas arenas, o palco ficava cerca de 1,82 de altura, com seguranças, normalmente policiais uniformizados, enfileirados em frente ao palco. Então não era fácil subir no palco, mas acontecia algumas vezes.

 

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 Sonny West observa enquanto Elvis assina alguns autógrafos. Houston, 1970

 

ECB : Houve um incidente em particular em Vegas em 1973, que ficou conhecido como " a noite da briga". Os relatos dão conta de que três homens pularam no palco e atacaram Elvis, que se defendeu contra um, enquanto os outros eram dominados por você e Red. Quais são suas lembranças desse incidente e porque esses homens atacaram Elvis? 

SW: Elvis não foi na verdade atacado por ninguém. Um cara pulou no palco e correu em direção à ele. Ele tinha um casaco sobre seu braço direito. Não dava para ver se ele tinha ou não uma arma em suas mãos. Meu primo Red, pegou ele por traz antes que ele chegasse até Elvis e o levou para as coxias, onde o entregou à segurança. Alguns dos seus amigos homens que estavam na mesa, havia umas doze pessoas nela ( algumas mulheres), começaram a tentar subir no palco. Tive que correr e passar por Elvis para chegar lá, já que estava na outra ponta. JD e Jerry estavam evitando que os demais subissem ao palco e ficamos retirando as pessoas para que os seguranças as levassem para fora do showroom. O hotel os prendeu e eles foram levados à delegacia. Lá, eles disseram à polícia que o cara só queria apertar a mão de Elvis, mas a polícia disse-lhes que não se corre em direção à alguém com o braço coberto, como se estivesse escondendo uma arma. A polícia descobriu que eles tinham longas fichas criminais, e alguns deles já haviam sido presos por carregar armas escondidas.

 

 

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Sonny West (direita) e seu primo, Red (extrema esquerda) com Elvis, Fevereiro de 1973

 

ECB: Outro momento peculiar foi quando ele comentou do palco, os rumores de que estaria drogado. O famoso "discurso" foi lançado em um famoso bootleg chamado Desert Storm. Você se lembra dessa noite em particular e o o que deixou Elvis tão irado?

SW: Havia um um carregador do hotel que começou a falar que Elvis estava "chapado de drogas", porque haviam muitos remédios sendo levados da farmácia para a suite de Elvis. De alguma forma, Elvis descobriu o que estavam falando e naquela noite, enquanto fazia o show, começou a falar sobre isso para a platéia. Depois de contar sobre os rumores, ele disse o que ia fazer com o cara que estava espalhando esses rumores. Ele estava extremamente irritado e como você disse, irado!

 

 

ECB: Existem centenas de filmagens em 8mm de seus concertos, feitos por fãs na platéia. Sabendo que Evis comprou uma das primeiras câmeras 8mm, não é incrível que ninguém, incluindo ele, teve a idéia de gravar do palco, alguns de seus shows como um registro desses momentos?

SW: Na verdade não. A câmera 8mm de Elvis era usada para filma-lo em sua vida particular, como em suas férias, jogando futebol americano, andando à cavalo em Graceland e no seu ranco e também, nas viajens entre Los Angeles e Graceland, durante a época dos filmes. Uma das ocasiões que deveríamos ter usado a câmera foi quando os Beatles vieram à sua casa na Califórnia em 1965, para o famoso encontro. Esta teria sido uma boa oportunidade. A qualidade sonora e visual dessas câmeras não seriam satisfatórias para que ele desejasse registrar seus concertos.

 

Os Últimos Anos

 

ECB: Os últimos três anos de sua vida deixam à impressão de que ele não queria mais entrar em estúdio. Você acha que ele perdeu interesse na criação musical ou simplesmente cansou-se dos procedimentos de gravação?  

SW: Elvis fez uma sessão de gravação em 1969, no American Studio em Memphis, que produziu grandes canções como Suspicious Minds, In The Ghetto e outras que eram muito boas. Por alguma razão, ficou difícil levá-lo ao estúdio depois disso. Alguns álbuns foram gravados de seus shows em Vegas, Memphis, New York e claro, o álbum duplo, Aloha From Hawaii. Mas a partir daí, devido ao agravamento de sua adição por remédios, ele já não queria ir com frequências ao estúdio. 

ECB: Após uma curta e desastrosa turnê em Setembro/ Outubro de 1974, ele foi hospitalizado em Janeiro do ano seguinte. Essa internação lhe fez muito bem, e na maior parte de 1975 ele pareceu estar com bom ânimo e em melhor forma. Você viu isso como uma sinal de esperança para o futuro?

SW: Sim e não. O que quero dizer com isso, é que ele já havia tentado antes e conseguido, mas lentamente ele voltava para os remédios. Cada vez que ele tentava, havia esperança que fosse durar, mas não acontecia.

 

ECB: Seu último natal com ele foi em 1975. O que você se recorda dessa época?

SW: Natal em Graceland, durante muitos anos, foi sempre uma época incrível. Esperávamos ansiosos pelo Natal, que significava uma época de muita alegria. Celebrávamos o ano novo com fogos em Graceland, e em algumas ocasiões ele alugou uma casa noturna só para seus amigos, para a festa de fim de ano. Os últimos Natais que passei com ele foram difíceis para mim, pessoalmente, pois sentia que nunca mais seria a mesma coisa novamente. Eu sentia que ele estava perdendo a batalha. 

 

 

ECB: Você também esteve presente em uma de suas últimas férias, em Vail em 1976, se não me engano. Em algumas das fotos podemos ver Elvis usando óculos de Ski.  Ele esquiou um pouco e se divertiu? Ha mais fotos ou talvez alguam filmagem 8mm dessa ocasião?

SW: EmJaneiro de 1976, fomos para Vail, no Colorado, para celebrar seu aniversário de 41 anos. No ônibus que ele alugou para nos levar do aeroporto de Denver à Vail, cantamos Feliz Aniversário para ele. Todos estavam preparados para se divertir, pois não havia alegria já a algum tempo.  Nos divertimos muito. Elvis não esquiou mas alugou alguns snowmobiles para andar pelas montanhas e tinhamos também uns discos plásticos nos quais sentávamos e descíamos a montanha abaixo. Passávamos as pernas pelo corpo da pessoa que estava no disco da frente, formando um "trem". Aí escorregávamos montanha a baixo tentando manter o "trem" junto, coisa que nunca conseguíamos. Não conheço muitas fotos dessa época, mas se existirem, gostaria muito de ter cópias delas. Elas representariam tempos alegres numa época muito difícil.

 

 

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O grupo durante as férias em Vail, Colorado, 1976

 

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ECB: 1976 começou muito ruim para ele, ao que parece. Seu peso estava fora de controle e seu vício em pílulas estava ainda pior. Houve alguma conversa entre você e ele, sobre seu vício e sua saúde? 

SW: Sim, mas as conversas começaram antes mesmo de 1976, elas apenas ficaram mais frequentes entre 1975-1976. Ele ficou bravo conosco e disse para que parássemos de falar isso para ele, ou então procuraríamos outro trabalho. Nós não paramos e ele mandou o seu pai nos despedir em Julho de 1976.

 

ECB: Nessa época de sua vida e carreira, você acha que ele buscava um novo desafio? Muito se fala sobre a turnê mundial que nunca aconteceu. Essa culpa deve repousar somente sobre os ombros do Coronel Parker ou Elvis também teve sua parcela?  

SW: Ele teve alguns desafios. Um foi fazer o filme Nasce Uma Estrela, com Barbra Streisand, mas ele não se decidiu em faze-lo. Ele inventou algumas desculpas em porquê ele não iria faze-lo, depois de ter dito à ela, durante o encontro, que queria fazer. Depois do encontro ele também nos disse que ia fazer. Tinhamos esperança que esse fosse o momento de trazê-lo para os filmes novamente, os quais sempre nos divertíamos muito fazendo.

Mas ha um mal entendido sobre o Coronel ser o culpado por Elvis não ter feito o filme. Elvis mudou de idéia e pediu ao Coronel que o tirasse do esquema.

O Coronel fez o que Elvis pediu e pegou a batata quente. Ele acabou culpado até por um dos caras do grupo. Isso porque o cara não estava lá, alguns dias depois, quando Elvis desistiu da idéia. Os que estavam lá, viram os sinais de que Elvis não faria o filme.

 

ECB: Em Julho de 1976, você, Red e Hebler foram demitidos. Qual foi a sua reação?

SW: A primeira reação foi mágoa e depois raiva, por ele ter pedido ao pai dele que nos demitisse, alegando "cortes nas despesas", enquanto ele estava fora da cidade e assim não poderíamos chegar até ele e perguntar o verdadeiro motivo, o qual já sabíamos, mas queríamos ouvir de sua boca. Por não termos acesso à ele, o único caminho que encontramos para chegar até ele era escrever.

 

 

Elvis, What Happened?

 

ECB: Após esse episódio, juntamente com Red e Hebler, você decidiu escrever o "lendário" livro Elvis What Happened? Porque o livro foi feito?

SW: Porque não tínhamos acesso a ele e a única maneira que vislumbrávamos era escrever um livro e mostrar a ele o que ele tinha e o que ele estava fazendo com aqueles que o amavam. Tinha que ser honesto e tinha que chamar sua atenção. Se não funcionasse, sabia que iriamos perde-lo. Se ele não reconhecesse a verdade do livro, ele iria negá-lo assim como negava ter um problema com remédios e continuaria em seu caminho de auto-destruição. Ele ficou muito bravo conosco por escrevermos o livro, como esperávamos, e até tentou nos "comprar" para não fazer o livro. Se tivéssemos aceitado, seríamos iguais aos médicos que davam à ele os remédios que ele pedia. As pessoas que não concordam com o fato de termos escrito o livro, nos chamando com nomes que não ouso nem mencionar nessa entrevista, deveriam pensar o que seria se o livro tivesse funcionado. O que aconteceria se Elvis aceitasse o desafio e parasse de tomar os remédios e se recuperasse? Do que as pessoas nos chamariam? Eu sei do que Elvis nos chamaria se tivessemos contribuído para que ele parasse de tomar os remédios: Amigos muito bons.

 

 

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Elvis What Happened?

 

ECB: Você disse em algumas entrevistas que se arrepende do resultado final do livro. Porque?

SW: O que quis dizer com isso, foi  que a maneira como os incidentes que relatamos ao escritor não foram transcritos de maneira a mostrar a preocupação e o carinho que tinhamos por ele. Quando lemos o manuscrito para a edição final, passamos pelo livro muito rapidamente e não notamos esse fato. Claro, quando recebemos nossas cópias algumas semanas antes do livro ser lançado e o lê-mos novamente, eu notei o estilo de escrita, mas era tarde demais para mudar. Mas o maior arrependimento com relação ao livro é que ele não atingiu seu propósito: Fazer com que ele parasse o que estava fazendo consigo e conseguir ajudar para largar o vício em remédios.  

 

ECB: Você acha que em algumas partes o livro ficou muito exagerado devido ao estilo de Steve Dunleavy? Se sim, ha alguma passagem em especial que você se arrepende da maneira com a qual foi colocada na edição final, ou que de alguma forma causou a impressão errada? 

SW: Não sei se "exagerado" é a palavra correta, mas foi realmente um estilo sensacionalista. Mas o problema que tenho com o livro, é a falta de expressão dos nossos sentimentos na maneira que ele escreveu o livro, o que se deve ao fato de ele escrever para o tablóide Star. Ha inúmeras passagem que dão uma impressão errada devido ao seu estilo de escrita.

 

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Sonny West e David Hebbler, durante a conferencia após a morte de Elvis.

 

ECB: Você sabe se Elvis leu o livro e se sim, o que ele achou sobre ele?

SW: Não sei se ele leu o livro, mas sei que leu o manuscrito, enquanto ele era feito. Ele conseguia cópias enquanto nossas histórias eram transcritas da fita para o papel. Pelo que tem sido dito por várias fontes que estavam com ele na época, devo dizer que ele estava muito bravo. Ele não achava que tinha um problema, já que estava em estado de negação. Nós sabíamos que ele ficaria furioso, como afirmei na página antes do primeiro capítulo. Mas também disse que ele sabia que era tudo verdade. 

 

ECB: A outro livro que também causou um grande alvoroço na comunidade, o infame "Elvis", de Albert Goldman. O que você tem a dizer sobre esse livro e sua participação nele?

SW: Eu fiquei furioso e muito frustrado com esse livro! Lamar me pediu para fazer uma entrevista com Albert Goldman que estava escrevendo o livro.  Eu não tinha idéia que ia ser o tipo de livro que foi. Quando eu vi trechos sendo publicados, fui pegar a cópia que tinha sido enviada e autografada à mim, algumas semanas antes e procurei no index. Estava procurando as páginas onde meu nome fora citado ou onde eu tivesse dito algo. Queria saber se ele associou meu nome com as coisas que havia escrito. Ele não havia feito isso. Ele me fez perguntas as quais disse à ele que não queria responder e ele disse "ok.", e continuou com a entrevista. Eu disse a ele que ele não me citasse erroneamente ou indicasse que eu concordava com algo que eu não havia comentado. Ele concordou em fazer isso.

Ele manteve sua palavra, mas essa é a única coisa positiva que posso dizer sobre ele. Eu liguei para ele e disse-lhe para nunca mais me contactar e para jogar fora o meu telefone e o meu endereço, pois não queria de forma alguma ser associado à ele novamente.

O Novo Livro

 

ECB: Você está agora lançando um novo livro, Elvis: Still Taking Care of Business. Porque você decidiu lançar um novo livro?

SW: Eu sabia já ha muito tempo, que escreveria um novo livro. Na verdade esse é o meu primeiro livro, já que não escrevi o primeiro, mas sim falei para o gravador e Dunleavy colocou tudo no papel, do seu jeito. Eu escrevi esse novo livro, com Marshall Terrill, um excelente biógrafo e escritor de alguns livros excelentes.

Fizemos um acordo antes que qualquer palavra fosse escrita, para que as coisas que disse fossem escritas da maneira que eu queria e assim fossem passadas ao leitor. Ele concordou completamente e foi assim que o livro saiu. Marshall e eu somos bons amigos agora, e eu estou orgulhoso do livro. Não acho que teria ficado tão bom se fosse com outra pessoa.

Esse livro representa a minha contribuição ao legado de Elvis, o que acredito ser um olhar profundo sobre quem era Elvis, o homem, cantor, ator, entertainer, chefe e acima de tudo, meu melhor amigo. Eu o adorava e embora o primeiro livro tenha sido feito por amor, esse novo livro é um testemunho de meu carinho por ele, o que ele siginificava para mim e a sua influência e impacto em minha vida.

 

  

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Elvis: Still Taking Care Of Business, o novo livro de Sonny West and Marshall Terrill.

Clique acima para adquirir uma cópia autografada.

 

 

ECB: O que os fãs vão encontrar no novo livro?

SW: Meu livro tem grandes histórias nunca antes contadas, de eventos engraçados e momentos emotivos, desde de 1958, quando o conheci.  Na verdade, algumas histórias antes de conhece-lo, envolvendo uma garota que eu namorava em 1956 em Tucson, Arizona e uma no funeral do pai de Red. As críticas tem sido muito boas, a maioria delas confirmando um sentimento comum, a de que o carinho que tinha por Elvis é evidente no livro.

 

ECB: Você acha que esse novo livro é um balanço mais realista e balanceado de sua vida com Elvis?

SW: Sim, acredito que sim. Nesse livro sobre minha vida com ele, Eu escrevi como realmente aconteceu, quando aconteceu e porque aconteceu.  Não exagero, não seguro nada. É o que é. Ponto final.

 

ECB: Se Elvis pudesse ler o seu novo livro, o que você acha que ele lhe diria?

SW: Acho que se Elvis pudesse ler esse livro, ele saberia do carinho que tinha por ele e estava comprometido em dar-lhe segurança e proteção, enquanto ele estivesse sob meus cuidados. Acho que em muitos momentos do livro, ele riria ao lembrar algumas histórias e algumas loucuras que nos dezesseis aos de nossa amizade. 

 

ECB: Sonny, para terminar essa entrevista você poderia por favor nos dizer o que está fazendo agora e quais são seus planos para o futuro?

SW: Estou viajando pelos Estados Unidos e por outors países fazendo shows onde conto minhas histórias da vida com Elvis e também faço um segmento de perguntas e respostas com a platéia. Trabalho também com Covers e também faço meu próprio show. Minha mulher viaja comigo e visitamos lindos países, os quais lê-mos a respeito mas nunca imaginávamos visitar. Bem, graças à Elvis e seus fãs por todo o planeta, tivemos a sorte de conhece-los.

Na verdade, quando recebi seu e-mail sobre essa entrevista, falamos sobre como seu país é maravilhoso pelas propagandas que vemos na TV e na revista. Tenho um grande amigo meu, Mitch Ballard, produtor executivo de B.J. Thomas, também um grande amigo meu, que quando foi à traballho ao seu país, se apaixonou e voltou a visitá-lo todas as vezes que entrava de férias.

Talvez um dia tenhamos a oportunidade de quem sabe receber uma proposta para ir ao Brasil com um cover ou quem sabe apenas nosso show.

Tenho também um novo website, que está funcionado e recebendo atualizações diárias. Dará aos fãs a chance de saber o que estou fazendo agora e num futuro próximo. Eles também podem comprar meu livro que será pessoalmente autografado. Para maiores detalhes, basta acessar  www.sonnywest.com  Acho que os fãs vão apreciar o website e encontrar algumas coisas interessantes. Assegurem-se que o som de seus computadores esteja ligado para ouvir um arquivo de som muito especial

 

ECB: Por fim, como você acha que devemos nos lembrar de Elvis e do que você sente mais falta dele?

SW: Sinto falta de tudo. Sinto falta de sua amizade, seu senso de humor insano, sua risada contagiante, sua personalidade como um todo. Ele era uma pessoa muito generosa, não apenas para nós que ganhamos carros ou presentes caros, mas para os necessitados, que eram pobres ou desprovidos do básico, aquelas coisas que temos como garantidas na vida. Ele tinha um grande coração, que ele herdou de sua mãe, e muitas vezes se transbordava de preocupação pelos outros. Tenho muita sorte de tê-lo conhecido como poucos o conheceram, então tenho lembranças especiais. Mas para os fãs que o amam, amam sua música, filmes e o que ele representa como uma boa e carinhosa pessoa, vocês sempre terão essa lembrança. Se meu livo, meu show ou em DVDs puder aumentar isso ainda mais, ficarei muito satisfeito em faze-lo.

Terminando, gostaria de agradecê-lo e agradecer à todos do Brasil por essa oportunidade de partilhar meus pensamentos e ao mesmo tempo, quem sabe esclarecer algumas questões sobre ele.

 

Que Deus abençoe a todos e os mantenha sempre em sua graça.

 

 

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