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Joe Esposito não necessita de nenhuma apresentação. Um dos amigos mais próximos de Elvis e padrinho de seu casamento com Priscilla, ele conheceu Elvis quando ambos serviam o exército. Joe teria sua vida mudada para sempre quando aceitou trabalhar para o maior astro mundial. O que se seguiram foram anos de diversão, amizade, surpresas e os inevitáveis momentos tristes. Nessa entrevista exclusiva para o Elvis Collectors Brasil, "Diamond" Joe falou sobre esses anos e sobre seu amigo, Elvis Presley. 

 

O Início

 

ECB: Joe, para dar início a essa entrevista, conte-nos sobre seu início e sobre quando você conheceu Elvis.

 

JE: Eu nasci em 1938, em Janeiro. Tive uma boa vida e fui convocado para servir ao exército em 1958, com apenas vinte anos de idade, o que era bastante incomum, já que a maioria das pessoas eram convocadas aos vinte três anos. Fui convocado duas semanas antes de Elvis. Não fiquei contente em servir, mas acho que era para ser, porque foi por isso que conheci Elvis. Ele estava na Alemanha e eu estava lá também. Nos tornamos amigos e minha vida mudou totalmente. Deixei o serviço militar para ir trabalhar com ele. Foi assim, desse dia em diante, passei a trabalhar para ele. 

 

ECB: Qual foi sua primeira impressão de Elvis?

JE: Minha primeira impressão dele... Eu estava muito nervoso porque nunca tinha conhecido uma celebridade antes, especialmente a maior estrela mundial. Foi fantástico...Senti que ele era uma cara legal. Podia sentir algo sobre ele, quando apertei sua mão...Sabia que seríamos amigos. Não me pergunte por que, não sei explicar, apenas senti. E foi exatamente o que aconteceu, nos tornamos muito bons amigos e ele era um amigo realmente incrível. 

 

ECB: Quais eram os previlégios de se trabalhar para Elvis?

JE: Conhecer a vida do show business, em Hollywood e várias celebridades por causa dele, e era muito empolgante estar em Holywood fazendo filmes. Como lhe disse, eu era esse menino de Chicago e jamais poderia imaginar que minha vida seria desse jeito. Poucas pessoas podem dizer que tiveram uma vida como a minha. Muito poucas.

 

 

A Volta Do Exército, Os Filmes E O Casamento.

 

ECB: Elvis alguma vez comentou sobre o medo de voltar e não ser tão popular quanto antes?

JE: Não, nunca comentou nada. A reação ao especial com Frank Sinatra,  foi muito, muito positiva e as pessoas ainda queriam vê-lo e sua música continuava forte. Mas ele nunca falava sobre essas coisas. Ele era um cara que não contava seus problemas, mas sempre perguntava dos seus, porque ele queria ajudá-lo se você tivesse algum. Ele mantinha tudo pra si e nunca falou muito sobre sua mãe. Claro, sabemos que ele a amava muito, mas ele não queria falar muito sobre ela. Acho que ele não queria ser lembrado do tamanho do seu amor por ela. De qualquer forma, ele nunca falou sobre esse período de sua carreira.

 

ECB: Logo após seu retorno do exército, ele fez uma sessão de gravações que deu origem ao muito bem recebido álbum,Elvis Is Back!. Você esteve presente nesss sessões? Quais foram suas impressões e lembranças dele como artista, criando sua música?

JE: Bem, foram tempos muito, muito empolgantes. Quando fui trabalhar com ele, nunca perdi uma só sessão de gravação até o dia em que ele faleceu. Essas sessões eram muito, muito interessantes e quando eu ouço determinada canção, lembro quando a gravamos e o quanto nos divertimos fazendo isso. Ele divertia-se muito gravando em estúdio. Era como um concerto, cada uma delas, porque os músicos eram excelentes e nos divertíamos muito gravando as canções. As canções sérias, você pode sentir que ele cantava com o coração, porque ele amava cantar e era muito emocional. Certas canções, quando ele canta, você pode senti-las. Algumas canções traziam lágrimas nos olhos quando presenciavamos sua gravação e para mim, foram ocasiões fantásticas.

 

ECB: Nessa época, Elvis também estreou o filme G.I. Blues. Este filme e Blue Hawaii no ano seguinte, formariam o padrão para toda sua carreira cinematográfica. Apesar de não serem grandes filmes, Elvis e a máfia divertiam-se muito nos sets de filmagem. Você se recorda de algum filme em especial? 

JE: Ah sim, absolutamente. Muita diversão. Elvis adorava se divertir e fazer filmes era muito divertido, especialmente as locações, como Havaí, Holywood...Nos divertíamos muito nos sets. E ele trabalhava muito bem. Sempre chegava no horário, nunca se atrasava, todos gostavam dele, todos os funcionários, diretores, atores...Era muito divertido!

Viva Las Vegas foi muito divertido, especialmente Ann Margret. Ann Margret foi uma das pessoas mais bacanas que conheci no show business, uma mulher fantástica e continuo amigo dela ainda hoje. Follow That Dream, filmado na Flórida...nos divertimos muito nas locações com ele, os atores e todo o pessoal. Alguns filmes tem elementos que sempre estarão em minha mente e conheci muitas pessoas interessantes. 

 

IECB: É sabido que Elvis não gostava dos papéis superficiais que lhe eram oferecidos e almejava ser um ator sério. Ele alguma vez confrontou o Coronel sobre essa questão? Ele alguma vez exigiu melhores roteiros ?

JE: Veja, ele falava conosco sobre essa insatisfação. Ele não gostava de muitos dos roteiros, mas devia ter reclamado com o Coronel e ele iria teria feito as mudanças necessárias. Mas Elvis não era de reclamar e se reclamasse, reclamava para nós. Ele não reclamava para quem devia reclamar e esse era um de seus defeitos. Foi um dos seus erros.

 

ECB: Também durante essa época, ele se envloveu romanticamente com Ann Margret. Quão envolvidos estavam e ele alguma vez considerou casar-se com ela? 

JE: Não acredito. Haviam esses rumores em jornais e revistas. Eles eram ótimos juntos, muito, muito próximos, combinavam, divertiram-se muito mas ambos sabiam, Elvis sabia, que ele nunca se casaria com alguém do show business, porque ele queria uma esposa que não fizesse filmes e estivesse em locação em Holywood. Ele queria uma esposa em casa. E por isso ele casou com Priscilla, a quem ele amava, sem dúvidas. Mas casar com alguém do show business ele não teria feito.

 

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Elvis e Ann Margret em Viva Las Vegas.

 

ECB: Foi por isso que o romance terminou de forma tão abrupta?

JE: Sim, estava ficando muito forte e acho que Elvis percebeu isso. Mas continuaram amigos após o rompimento. Ele apenas sabia que não iria dar certo e seria errado para ambos. 

 

ECB: Os anos 60 foram tempos de mudança para Elvis. Ele havia perdido sua mãe havia pouco tempo e seu pai logo casou com outra mulher, Dee Stanley. Parece que Elvis odiava profundamente esse fato, é verdade?

JE: Bem, ele não odiava o fato, mas não estava muito empolgado com ela. Porque ele sentia, e todos nós também sentíamos isso, que Dee casou-se com Vernon para ficar perto de Elvis. E basicamente foi isso o que aconteceu. Ela não se casou com Vernon para ficar com Vernon, mas porque ela teria de alguma forma, Elvis.

 

ECB: Como ficou o relacionamento de Elvis com seu pai após Vernon envolver-se com Dee? 

JE: Você sabe, Elvis amava seu pai e disse: " Se isso lhe faz feliz, tudo bem". Ele queria que seu pai fosse feliz e basicamente foi isso o que aconteceu. Ele nunca falou com seu pai sobre isso, nunca reclamou. Ele dizia " É o meu pai e se ele quer curtir a vida  e é feliz com ela..."

 

 

ECB: Falando desse assunto, é dito por algumas fontes que Elvis não queria se casar com Priscilla, mas fora forçado a fazer isso pelo pai dela. Isso é verdade?  

JE: Absolutamente não. Elvis sempre quis casar-se com Priscilla. Uma vez que se apaixonaram, ele sabia que casaria com ela. Ele apenas não queria casar-se com ela enquanto ela não completasse vinte e um anos. Se você olhar as fotos das cerimônias, ele estava muito feliz. As pessoas, o show business e os jornais adoram falar de coisas negativas por que isso faz dinheiro. Você não conseguia obrigar Elvis a fazer algo se ele não quisesse. 

 

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Elvis casa-se com Priscilla. Joe é um dos padrinhos.

 

ECB: Também durante essa época, Elvis deu-lhe um presente muito especial. Por favor, conte-nos sobre isso.

JE:  Eu tinha um apartamento em Los Angeles, que estava alugando. E ele e Priscilla vieram ao apartamento e começamos a conversar. Ele disse "Você precisa de uma casa e não de um apartamento". E eu disse: " É, um dia desses..." Ele respondeu: "Não um dia desses, vamos comprar uma agora!". Ficamos em estado de choque. Havia uma corretora nos esperando do lado de fora e saímos para procurar casas e ele me comprou uma! Para mim e minha família. E foi tão difícil, o que você pode dizer à uma pessoa que lhe dá uma casa? Tudo o que pude dizer era " Cara, eu te amo e muito, muito obrigado por fazer isso por mim". Ele adorava a expressão no rosto de uma pessoa quando ele dava algo que elas não podiam ter. Ele adorava, era muito generoso. 

 

 

Os Anos Finais

 

ECB: O final dos anos 60 e início dos anos 70 marcaram o segundo retorno de Elvis, quando ele voltou ao topo. Quais são suas lembranças dessa época, quando ele fez o especial para a NBC e seu retorno às apresentações em Vegas? 

JE:  Foi uma grande revolução. Elvis esteve num abismo durante o meio dos anos sessenta, com a música e a "Invasão Britânica". Quando ele começou a mudar as coisas e se preparar para o especial, ele estava muito preocupado pois não sabia como o público iria reagir. Mas como todos sabemos, foi o especial do ano. Ele estava fantástico e tudo foi muito bem montado pelos envolvidos na produção, Steve Binder [N.E: Produtor do especial] e todos os outros. Isso o fez se sentir muito bem e foi aí que o Coronel ficou sabendo que Elvis voltaria aos palcos. Essa era a parte favorita para ele. Ele adorava estar num palco, cantando. 

 

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Elvis e Joe durante a primeira turnê da década de 70. Red West pode ser visto à esquerda e Sonny West ao fundo, a direita.

 

ECB: O que se seguiu foram anos de concertos, criações artísticas e alguns hits como The Wonder of You e Burning Love, culminando com o projeto Aloha From Hawaii. Quão empolgado estava Elvis com o projeto?

JE: Estava muito, muito nervoso a princípio. Quando ele fez o show via satélite, ninguém antes havia feito. Ele foi o primeiro. Era muito, muito caro alugar o satélite por uma hora e por isso o Coronel foi até a NBC, pois eles eram os donos do satélite. Na verdade, a divisão radiofônica deles. Então eles firmaram o acordo e foi o primeiro especial do gênero. Ele estava uma pilha de nervos, mas à medida que foi ensaiando e curtindo o Havaí, começou a se sentir cada vez mais confortável. O problema com um show desse tipo, é que você tem que entrar no palco num determinado momemto e sair em outro, senão o sinal é cortado após uma hora. Então a parte mais difícil, com a qual ele estava mais preocupado , era cronometrar o show corretamente. Eu estava ao lado do palco, com uma lanterna e dez minutos antes do tempo se esgotar, pisquei a lanterna em sua direção e ele sabia que só tinha dez minutos. Foi uma performance inacreditável. Tudo destinado à caridade e ele estava muito confortável com a situação quando entrou no palco. Fez uma trabalho fantástico, estava fabuloso, o que mais podemos querer? Um grande cantor, num grande cenário, grandes músicas e agora é parte da história. 

 

ECB: Logo após o Aloha From Hawaii, Elvis voltou a Vegas, para sua frustração. Para piorar as coisas, um incidente desagradável aconteceu quando alguns homens invadiram o palco e o atacaram. O que realmente aconteceu naquela noite e porque esses homens atacaram Elvis?

JE: Não houve um ataque à Elvis. O cara correu para abraça-lo, mas você nunca sabe quando o cara pula no palco e corre em direção à uma pessoa famosa, se ele vai esfaquea-lo ou o quê. Então os seguranças o agarraram rapidamente e o conteram. Mas ele não ia atacar Elvis, só queria conhecê-lo.

 

ECB: Infelizmente, após quatro ou cinco anos de grandes projetos, o entusiasmo de Elvis em estar perante um público pareceu diminuir, na medida que a pressão e o stress de um calendário de apresentações cruel começaram a cobrar seu preço. Ele começou a ganhar muito peso e seu problema com medicamentos agravou-se ainda mais. Isso levou à algumas performances ruins, como em Maryland, 1974. Essa foi a primeira vez que ele se apresentou terrivelmente perante a platéia. O que realmente aconteceu para que ele ficasse nesse estado? 

JE: Bem, ele viciou-se em remédios. Todos sabem que esse é um vício difícil de se livrar. As pessoas sempre nos perguntam porque não fizemos nada sobre isso. E nós tentamos, mas você não conseguia obrigar Elvis a fazer algo que ele não quisesse. Todos que tem problemas com álcool ou são viciados em drogas ou em remédios, devem tomar a decisão de mudar suas vidas por conta própria. Você não pode convencer uma pessoa a fazer isso. A sua família, do lado de sua mãe, viciava-se com facilidade. Vários de seus primos mais jovens, morreram prematuramente por causa do álcool ou até mesmo por causa de drogas. Ele viu dois primos dele mortos na cama em Memphis, enquanto eu trabalhava com ele. Então eu acho que ele trouxe isso do lado da família da mãe dele. É muito difícil, quando você é um astro dessa magnitude e as pessoas correm por você, é muita pressão. Ele estava ficando mais velho naquela época, com trinta e nove, quase quarenta anos e quando você fazia quarenta anos naquela época, era um grande momento em sua vida e dali pra frente, o caminho era uma descida. Não era como hoje.  Então, aquelas coisas publicadas em jornais e revistas " gordo e quarentão", o afetavam profundamente. E o que você faz? Toma uma pílula ou outro drink...Mas ele não era um alcólatra, então tomava as pílulas

Foi isso que o pegou. E na última parte de sua vida, aqueles caras, que se chamavam de amigos, escreveram o livro sobre ele, Elvis, What Happened? e isso o deprimiu. No último ano de sua vida, tudo o que falávamos diariamente, toda a noite, até o dia em que ele morreu, era sobre o livro.

 

 

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 Maryland, 1974

 

 

ECB: O Coronel sabia sobre seus problemas de saúde e seu problema com remédios?

JE: Ah sim! O Coronel conversou com ele sobre isso, com certeza!. E Elvis dizia, só pra tirar você da sala: "Vou mudar, vou ficar melhor", mas não o fazia. E se você o questionasse novamente ele dizia: " Ei, se você não gosta das coisas por aqui, caia fora".

 

 

ECB: Ele estava furioso com os rumores dos tablóides que diziam que ele estava viciado em heroína e no show de encerramento de sua temporada de Agosto de 1974 em Vegas, ele ameaçou quebrar o pescoço do "filho da puta" que havia dito isso. Você se recorda dessa noite?

JE: É, eu lembro…Não foi assim tão ruim. Todos nós dizemos coisas quando estamos nervosos, que não vamos fazer. Ele ficava muito irritado com as coisas mais ai sentava e pensava "Ei, o que estou fazendo?"

Quando você é um grande astro, eles inventam histórias, mudam fatos...porque eles adoram vender jornais e revistas. Ainda é assim hoje.

 

 

ECB: Durante a temporada de Março de 1975, ele recebeu a visita de Barbra Streisand, que lhe ofereceu um papel no filme A Star is Born (Nasce Uma Estrela). Elvis ficou muito animado com a proposta e parece que queria muito fazer o filme. Porque o Coronel impediu o projeto e como Elvis reagiu a oportunidade perdida?

JE:  Eu estava lá quando Barbra e o seu namorado vieram falar com Elvis. Estava na sala com ele e ele achou uma grande idéia, um grande papel. Mas aí ficamos sabendo dos detalhes, porque você não sai fazendo um filme só porque alguém lhe convidou. Ele recebeu os detalhes e um deles é que o namorado de Barbra, que era cabeleleiro, John Peters, iria dirigir o filme. Várias coisas foram discutidas, " Espera lá, esse cara não é um diretor, é um cabeleleiro". Ele não é um grande diretor ou algo assim. E aí começamos a receber informações de que Barbra não era uma pessoa fácil de se trabalhar e demandava que tudo fosse feito do seu jeito. Então certamente aconteceria um conflito entre ela e Elvis. Também teve a questão financeira. Elvis não ia receber o que estava acostumando a receber por um filme. Várias coisas que no final, não se encaixaram. 

Nunca saberemos como teria sido, se ele tivesse feito o filme, mas algumas coisas na vida acontecem sem que saibamos o porquê. Mas muitas vezes elas tem um motivo.

 

 

ECB: Você se lembra dos dois últimos Natais em 1975 e 1976?

JE: Bem, nós curtíamos nossos Natais. Tivemos ótimos momentos porque o Natal era a época do ano favorita dele. Ele adorava o Natal, adorava dar presentes, adorava o clima de Natal. Era uma pessoa muito religiosa e adorava as canções de Natal, então nos divertíamos muito. Era difícil por causa do que ele estava passando, mas num dia ele acordava bem, e estava contente, alegre, bem aparentado, se divertindo muito e assim ficava por umas duas semanas. Mas aí alguma coisa o deprimia de repente e ele voltava a tomar os remédios. Era dífícil. Bons e maus momentos.

 

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Elvis e Joe, durante uma das turnês de 1976.

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ECB: Ele fez seu último especial para a TV em 1977 para a CBS. Ele alguma vez comentou sobre o especial e o que achava dele?

JE: Não. Ele não estava em boa forma e as vezes era difícil falar com ele sobre certas coisas. Ele era esse tipo de cara que uma vez que tivesse se comprometido a fazer algo, ele faria. O que acontece com esse especial é que ele está péssimo, mas se você o ouvir cantar, sua voz ainda está forte, ele apenas não está com uma boa aparência. Foi triste, para todos nós.  

 

 

  

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 Joe e Elvis em uma das últimas turnês, em1977.

 

“O Livro”, Ginger E O Fatídico Dia 

 

ECB: Próximo do final de 1976, ele conheceu Ginger Alden. Ele parecia muito feliz com ela por um tempo. Mas após alguns desentendimentos, parece que ele foi perdendo o interesse nela e segundo rumores, ele já estava a substituindo por outra garota. Outros rumores dão conta de que ele iria se casar com ela. Qual é a verdade, Joe?  

JE: Não...Há muitas histórias sobre essa situação. Ele conheceu ela, uma garota muito bonita, muito bacana, mas o maior problema com Ginger é que a família dela estava sempre em cima, o tempo todo. A mãe dela era o "chefe" dela, dizendo o que ela devia fazer e o que não devia, o que aceitar e o que não aceitar...Ela estava sempre conosco, querendo ficar perto de Elvis o tempo todo e ele não estava muito contente com isso. Ele gostava bastante de Ginger, mas a mãe dela a controlava demais e queria ficar com Elvis o tempo todo. Não acho que ele fosse casar com com ela. Ele talvez tenha dito isso a ela, para que ela ficasse com ele, mas depois de um tempo ele começou a ver outras garotas. Não acho que ele fosse casar com ela.  

 

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Elvis com Ginger, após o show de Atlanta em Dezembro de 1976.

 

ECB: Um pouco antes, Elvis demitiu seus amigos de longa data Sony e Red West e também David Hebler. Isto teria conseqüências devastadoras para sua vida pessoal. Qual foi o verdadeiro motivo da demissão dos irmãos West e de David Hebler?

JE: Vernon  foi quem decidiu demiti-los. Eles estavam recebendo vários processos na justiça, porque eles ( N.E: Os seguranças Sonny e Red) eram um tanto quanto agressivos nas turnês. Quando você pára alguém, você não pode agir tão veementemente e machuca-lo. Foi por isso que Vernon disse à Elvis " Estamos sendo processados por diferentes pesssoas, por causa do que está acontecendo na estrada e temos que deixar esses caras irem embora". E foi isso o que aconteceu. Elvis disse " Ok pai, se é o que deve ser feito..." E ele os deixou ir e por isso o livro foi lançado. Aparentemente eles ficaram muito, muito chateados mais eu sei e eles deviam saber, principalmente Red, que eles seriam chamados de volta em três meses. Todos nós fomos demitidos em algum momento, porque Elvis estava com raiva. Eu sei muito bem e Red deveria saber disso ainda mais. Mas do nada, eles se juntaram com esse péssimo escritor [N.E.: Steve Dunleavy] para escrever esse livro e quando Elvis ficou sabendo, ele ficou muito chateado e isso o persegui até a última noite. Nos últimos nove meses de sua vida, todas as noites, falávamos somente sobre o livro...Sobre ele ter sido traído por aqueles que considerava amigos. Ele simplesmente não conseguia tirar o livro da cabeça. Ele ficava dizendo  "Minha filha vai ler isso quando ficar mais velha" "Ela vai entender errado" e "Porque eles fizeram isso comigo?" Foi muito, muito duro.

Conseguíamos cópias dos capítulos, à medida que eles eram escritos e ele lia esses capítulos e esses o deixavam, muito, muito perturbado. Como sabemos, ele esteve depressivo durante todo o último ano de sua vida e eu diria que 80 % dessa depressão era por causa do livro.

 

ECB: Não muito depois dele ter sabido sobre o livro, ele infelizmente faleceu. Você foi testemunha ocular deste dia terrível que o mundo nunca esqueceu. Mesmo sendo um assunto doloroso, você poderia nos contar sobre o dia em que o mundo perdeu o maior astro da música? 

JE: Bem, como você sabe, estávamos nos preparando para sair em turnê naquele dia. Deveríamos ir para Portland, Maine, porque ele iria fazer um concerto lá, no dia 17. Então, estávamos lá, no dia 16, aprontando as coisas como sempre fazíamos. Deixaríamos a cidade em direção à Portland. Cheguei na noite do dia 15 e falei com ele por telefone. Perguntei a ele se ele precisava de alguma coisa em especial para o próximo dia, enfim, as coisas que costumava fazer. Ele disse: " Bem Joe, só não se esqueça de me acordar às quatro da tarde.". Então eu arrumei tudo e cheguei na casa no dia 16, por volta do meio-dia. Entrei em contato com o piloto e com a tripulação, para lhes informar a que horas iríamos partir. Al Strada esteva na casa, cuidando de suas roupas. Eu estava fazendo meu trabalho e as duas da tarde uma ligação de Ginger veio do andar superior, e a governanta atendeu. Ginger perguntou se algum dos caras estava por perto. Ela disse " Deixe-me falar com um dos caras" e o telefone passou para Al Strada. Ela disse à ele que Elvis tinha caído no chão do banheiro. Corremos para o andar de cima e foi aí que encontramos Elvis caído no chão do banheiro. Tentei reanima-lo, mas não consegui. Agarrei o telefone e chamei uma ambulância. De repente Vernon subiu as escadas e fiquei muito preocupado porque ele havia sofrido um ataque do coração um ano e meio antes, então estávamos preocupados com ele. Tentei reanimar Elvis enquanto esperávamos pela ambulância e finalmente ela chegou. O colocamos dentro dela e entrei junto. Charlie Hodge pulou para dentro também. O Dr. Nichopoulos chegou naquele exato momento  e também foi concosco na ambulância. Levamos Elvis até o hospital, e ele foi levado à sala de emergência. Fomos encaminhados para uma outra sala e ficamos ali esperando. Finalmente, Dr. Nichopoulos veio e nos disse que ele havia partido. Naturalmente, todos choramos. Não podíamos acreditar.

As pessoas começaram a chegar, Billy Smith estava lá, jornais e canais de TV procuravam confirmar a história com o hospital, querendo saber o porque Elvis estava lá.

Pedimos ao Dr. Nick que fosse até a casa antes que anunciassemos o falecimento de Elvis e contasse a Vernon antes que ele tivesse que ouvir pelo rádio. Um dos policiais levou o Dr. Nichopolous até Graceland para que ele pudesse informar Vernon e depois disso comecei a fazer as ligações necessárias. Liguei para o Coronel em Portland e contei o que aconteceu. Ele ficou chocado. Ele disse : "Joe, vou chegar em uma hora, aguente." .

Então liguei para Priscilla e contei a ela e para outras pessoas. O médico do hospital veio até mim e perguntou se eu queria fazer o anúncio, porque a imprensa estava esperando. Pensei por um tempo e disse que não conseguiria fazer. Pedi que ele o fizesse.

Depois disso, atendi ligações do mundo todo, de diferentes pessoas, jornais e repórteres. Foram dois ou três dias muito duros, mas tinhamos um trabalho a fazer e nos unimos, sentávamos para conversar...Vernon queria o caixão aberto para que os fãs  pudessem dar o último adeus à Elvis. Foi duro, mas todos fizeram um bom trabalho. Sabiamos que aquele seria o último show de Elvis, era assim que falávamos, e por isso queríamos fazer tudo muito bem.

As pessoas vieram do mundo todo, foi muito, muito impressionante e muito difícil. Essa seria a última vez que veríamos Elvis Presley. Foi duro, muito duro. Na verdade, só fui me dar conta que ele tinha partido, depois de três meses. Não queria aceitar o fato de que meu amigo estava morto. Queria acreditar que o veria novamente. Aí fiquei muito, muito depressivo. Foi duro. Foi difícil para todos nós.

 

ECB: Você acredita que ele morreu devido a uma overdose acidental de remédios?  

JE: Não, Elvis tinha um coração dilatado. Sempre teve. É chamado de "coração de atleta" e não é nada bom. Ele tinha pressão alta e outros problemas de saúde. Com toda a quantidade de remédios que estava tomando, e com a vida que levava...Sempre diziamos para ele: " Você tem que tirar uns seis meses de descanso" e ele dizia: " Não, tenho que continuar trabalhando". Acho que seu coração simplesmente disse: "É isso, não posso mais suportar" e parou. Elvis podia tomar grandes quantidades de remédios sem ser afetado. Nunca imaginamos que ele morreria aos quarenta e dois anos de idade.  Sempre pensávamos que um dia ele iria acordar e dizer: "Eu mesmo faço isso" e mudaria tudo...Mas nunca aconteceu.

 

 

ECB: Enquanto estamos nesse assunto, você poderia nos esclarecer a respeito da foto de Elvis no caixão? Quem a tirou e qual foi a reação de Vernon quando soube sobre ela?  

JE: Foi muito, muito perturbador. Foi um de seus parentes, um de seus primos. O National Enquirer deu-lhe a câmera e disse que pagaria 10.000 dólares se ele conseguisse uma foto de Elvis no caixão. Isso mostra o que as pessoas fazem por dinheiro. Ele tirou a foto e deu ao National Enquirer. É incrível como alguém pode fazer algo como isso, especialmente um parente.

 

ECB: Depois de sua morte, muitos pensaram que naturalmente ele seria lentamente esquecido. Entretanto, seu status continua a crescer a cada ano. Você estava lá nas comemorações do 30º aniversário de sua morte. O que você achou das celebrações e do fato de que, mesmo trinta anos depois, as pessoas vem de todas as partes do mundo para homenagea-lo em Memphis? 

JE: Acho e sempre achei que havia algo de especial em Elvis. Ele tinha um carisma, um olhar, seu incrível sorriso e voz... Você percebe que ele cantava do coração. E isso faz as pessoas se sentirem bem. É por isso que a sua música continua forte entre as crianças, adolescentes e jovens...Ele tinha um apelo que outros artistas não tinham e nunca vão ter. Deus deu a ele algo que não dá a nenhum outro e é por isso que ele continua presente. Quando as pessoas ficam deprimidas, colocam um CD de Elvis e se sentem bem. 

Fiquei muito,muito impressionado e mal podia acreditar que se passaram trinta anos desde do dia em que ele se foi. Ele está maior do que nunca, fãs jovens enlouquecendo por ele e isso me faz sentir muito bem. Isso mostra que só existiu um Elvis Presley e nunca haverá outro.

Me sinto honrado por ter sido seu amigo e fazer parte de sua vida.  

 

Seus Projetos E Os Novos Livros

 

ECB: Mudando para assuntos mais amenos, você produziu uma boa quantidade de material sobre Elvis ao longo dos anos. Na era do VHS, My Home Movies of Elvis foi um grande sucesso entre os fãs. Existem mais filmagens em 8mm deste tipo que ainda não foram vistas pelo público? 

JE:  Sim, ainda existem. Não necessariamente minhas, mas tenho um amigo que tem muitas dessas filmagens. Qualquer dia desses iremos lançá-las. 

Os meus filmes caseiros, essa é uma história diferente. Eu queria ter feito um especial bacana com eles, mostrando o lado pessoal de Elvis, mas nunca aconteceu devido a problemas legais. Espero que um dia dê certo.

 

 

 

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Joe com Priscilla em uma praia, por volta de 1969. Joe está segurando uma camera 8mm.

 

 

ECB: Você também lançou alguns livros que foram muito bem recebidos pelo público e agora você lançou dois novos livros. Um deles é Remember Elvis. O que podemos esperar deste livro? 

JE: Bem, é um livro muito interessante. Nunca fizeram um livro como esse antes. São centenas de entrevistas com pessoas que namoraram Elvis, trabalharam com ele nos sets de filmagem, fizeram negócios com ele e outras celebridades... Eles falaram sobre Elvis, o que achavam dele como pessoa. É fantástico quando você o lê, porque as palavras são diretamente da boca das pessoas. Nós gravamos as conversas e as transcrevemos, então não é como na maioria dos livros onde alguém senta e toma notas do que é dito e depois escreve do jeito que acha melhor. É muito interessante e todos que leram dizem ser um dos melhores livros que já leram, porque conta como Elvis era de verdade.

 

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ECB: Também ha um novo website onde os fãs podem lhe enviar perguntas sobre sua vida com Elvis e sobre o outro novo livro, Celebrate Elvis, correto?

JE:  Sim, nós temos um outro livro chamado Celebrating Elvis e constitui-se basicamente de uma série de entrevistas com pessoas que nunca falaram sobre Elvis e mais uma série de perguntas que os fãs fazem, as quais respondo nesse livro. É um bom livro que leva o leitor à parte mais íntima de sua vida. São palavras diretamente da minha boca e quando há alguma pergunta que não posso responder, eu simplesmente digo que não posso. Eu não invento as coisas.

 

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[Nota: Os livros de Joe podem ser adquiridos pelo website: http://www.tcbjoe.com/joesbook.html ou clicando sobre os livros.]

 

ECB: Algum projeto para o futuro próximo?

JE:  Bem, ainda ha algumas coisas que quero fazer. Ainda quero fazer algo com os meus filmes em 8mm, eventualmente.

 

ECB:  O que você mais sente falta dele e como devemos nos lembrar se sua pessoa? 

JE:  Bem, você deve lembrar-se dele através de sua música, pois ela faz as pessoas se sentirem bem. Ele adorava estar no palco por causa dos fãs. Ele sabia que se não fosse por eles, ele não seria quem ele era. Muitas celebridades ignoram os fãs. Elvis amava seus fãs e ficava mais de meia hora parado, tirando fotos e dando autógrafos. Muitas dessas novas estrelas não fazem isso.

Como lhe disse, eu sinto que Elvis está na minha vida todos os dias. Ainda hoje. Porque que aqui estamos nós falando dele, trinta anos depois. Conheci muitas pessoas por causa dele e fiz muitos amigos por sua causa. Não acredito que tenha tido tanta sorte de ter trabalhado para ele. O cara mais bacana do mundo e um artista tão talentoso. Tive muita sorte e fico muito, muito contente em ter sido seu amigo.

 

Gostariamos de agradecer a Joe Esposito por essa entrevista e pelo tempo que nos dedicou ao telefone, respondendo as nossas perguntas. Gostaríamos também de desejar-lhe boa sorte em seus futuros projetos e em sua vida.

Joe Esposito entrevista por Sergio Biston em Novembro de 2007.

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