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O Elvis Collectors Brasil apresenta mais uma entrevista inédita e exclusiva. Desta vez com o amigo e vocalista Donnie Sumner. Sobrinho do lendário JD Sumner e membro dos quartetos Stamps e Voice, Donnie contribuiu para a música de Elvis tanto em estúdio como em suas apresentações ao vivo. Com uma longa e prestigiosa carreira e agora como Ministro Cristão, Donnie conversou conosco por telefone sobre sua vida e sua amizade com Elvis.

ECB: Elvis Collectors Brasil

DS: Donnie Sumner

ECB: Donnie, para começar essa entrevista,por favor nos fale sobre sua carreira musical.                                                                                                                                     

DS: Meu pai era um pastor Pentecostal. Estive mergulhado em música  a maior parte da minha vida. Fui para a faculdade, me graduei em música e entrei para o meu primeiro grupo em 1960. Tenho cantado música Gospel desde então e estou celebrando quarenta cinco anos na música.



ECB: Quando você conheceu Elvis pela primeira vez?                                                                                                                                                                                                 DS: Foi em 1959. JD, meu tio , morava em Memphis na época. Ele cantava com os Blackwood Brothers. Ele soube que Elvis estava para gravar e eu tinha acabado de escrever algumas canções e meu tio entrou em contato com Charlie Hodge para que ele me permitisse cantar algumas de minhas canções para Elvis. Então eu e JD fomos até Graceland, Charlie nos recebeu nos portões e eu então tive meu primeiro contato com ele. Mal podia cantar. Estava tão impressionado, era quase mais do que podia aguentar. Ele me disse para não ficar nervoso e tentar cantar. Eu tinha dezessete anos. Pegue um garoto caipira de dezessete anos do interior do Tennesse e faça ele cantar para Elvis Presley, canções que ele escreveu..isso certamente lhe fará ficar nervoso (risos)



ECB: Qual foi sua primeira impressão dele?                                                                                                                                                                                                           

DS: A primeira coisa foi quão másculo e quão bonito ele era. Mas a coisa que me impressionou mais foi que ele era bastante humilde, muito cortês. Ele não era esnobe, era apenas mais um dos caras e isso provavelmente me chamou mais a atenção do que a aparência dele.



ECB: Em 1972 você you foi para Vegas para sua primeira temporada com Elvis. Algum tempo depois Elvis iniciou uma turnê pelos EUA. Como era a vida na estrada com um astro tão grande?                                                                                                                                                                                                                                                 DS: Viviamos minuto a minuto. Acordávamos por volta do meio-dia, uma hora da tarde e ficávamos ali até que Elvis estivesse pronto. Então nos reuníamos na sala de estar e assistíamos TV, conversávamos, davámos risadas e cantávamos até três ou quatro da madrugada. Então íamos todos dormir. Quando ele estava em turnê era como se ficássemos acordados 24 horas por dia.

 


ECB: Sua primeira sessão de estúdio com ele foi em Março do mesmo ano. Como era trabalhar com Elvis nesse ambiente?                                                                        DS: A primeira gravação que fizemos foi durante o documentário Elvis On Tour, na nossa primeira turnê. Já estive em muitas sessões, mas nunca estive numa sessão como aquela. Normalmente os músicos eram colocados em cabines isoladas e todos eram muito cuidadosos com barulhos e tentavam não se mexer além do necessário. Então a coisa que mais me surpreendeu, foi o fato dele usar um microfone de mão e ficar andando pelo estúdio, assim como fazia no palco. Não sei como eles separavam as faixas, mas de alguma forma eles faziam.                                                                                                                                                                                                                                                                   Quando gravamos Separate Ways, na nossa primeira noite de gravação, acho que a primeira música gravada foi Always On My Mind...e Separate Ways foi a segunda ou a terceira. JD e Elvis sentaram no meio do estúdio e ouviram a canção várias e várias vezes por duas horas e meia. E foi a última música que gravamos naquela noite (risos).

 

ECB: Você participa do documentário ganhador do Globo De Ouro, Elvis On Tour, num momento tocante, cantando The Lighthouse no segmento gospel. Por favor, nos conte sobre esse momento intimista e inspiracional.                                                                                                                                                                                              DS: Durante as sessões de gravação, as coisas podem ficar um pouco tensas e cansativas. Quando Charlie percebia que Elvis estava ficando chateado com alguma coisa, não importa o que estivéssemos fazendo, ele caminhava até o piano no meio da sessão e começava a tocar alguma coisa como "Wasted Years", "Sweet By And By". Assim que Elvis ouvia isso, ele era como um cachorro quando passa um ônibus. Ele levantava as orelhas e perseguia o ônibus (risos). Quando essas canções gospel lentas começavam a tocar ele sempre ia até o piano, não importando o que estivéssemos fazendo. E foi o que aconteceu aquela noite. Charlie foi até o piano e começou a tocar (cantando)  "Wasted Years, Wasted years, Oh how foolish..." Elvis se aproximou e começou a cantar e logo em seguida queria que cantássemos algumas canções dos Stamps, mas Chalie não sabia como tocá-las, então eu sentei ao piano e cantamos duas ou três canções lentas e antigas dos Stamps...When Its My Time, I Can Feel The Touch Of His Hand e então Elvis queria ouvir The Lighthouse. Então eu a cantei.                                                                                                                                                                                                                                                                             Fiquei muito surpreso quando o documentário saiu e a canção foi incluída. Senti me lisonjeado em ser parte dele.

 

Donnie Sumner e os Stamps cantando The Lighthouse, para contentamento de Elvis, em "Elvis On Tour"

 

 

ECB: Nesse mesmo segmento, Elvis menciona as sessões gospel que ocorriam nas madrugadas das suas suítes em hotéis. Quais são suas lembranças dessas noites?                                                                                                                                                                                                                                                                       DS: Quando eu estava com o The Stamps Quartet, dirigíamos de Nashville até usa casa, onde passávamos a noite cantando gospel para ele. Isso se extendeu por três anos. Ai eu deixei os Stamps e organizei um grupo chamado The Tennessee Rangers, que Elvis mais tarde mudou o nome para Voice. Tocamos no Grand Ole Opry, éramos cantores country mas voltamos para trabalhar como cantores fixos na casa de Elvis. Sem exceção, toda noite, por três anos. E quando digo isso, digo para valer porque no último ano que estive com ele, só fui para casa doze dias naquele ano. Todos os outros dias estávamos com Elvis e todas as noites ele nos chamava para cantarmos música gospel. Ele não gostava muito de canções rápidas, preferia as canções mais lentas, bonitas, do tipo sulista.

As pessoas frequentemente se perguntam qual era a música favorita dele e eu posso te dizer, porque eu a cantei para ele por três anos, todas as noites (risos) e era "In The Sweet By and By" com Sherril Nielsen cantando a melodia de tenor alto. Uma vez cantamos dezoito vezes , todos os versos, de ponta a ponta (risos).

Outras que ele gostava muito eram Why Me Lord, Help MeAn Evening Prayer. Ele adorava Wasted Years. E muitas outras antigas dos Stamps e dos Blackwood Brothers que ele gostava muito.


ECB: Elvis era uma pessoa profundamente religiosa, sempre em busca do significado da vida e estudando diferentes crenças. Você teve conversas com ele a respeito de fé e da vida?                                                                                                                                                                                                                                                                    DS: Naquela época eu não era um Cristão convertido e não fiz qualquer tentativa em abordar a teologia cristã com ele. De tempos em tempos ele me chamava em seu quarto e acho que a razão disso era porque meu pai era um pregador e ele achava que por isso eu devia saber das coisas (risos) e então ele me fez uma pergunta.     Na verdade, escrevo sobre isso no meu livro In The Shadows With Kings (tradução literal: Nas sombras com os reis), onde conto minha história e de meu pai adotivo, JD meu tio, Elvis meu chefe e Cristo como meu Mestre. Esses são os reis em minha vida. No capítulo " O que é um Cristão?" conto sobre essa noite quando Elvis me chamou ao seu quarto e disse: "Donnie, tem algo que quero lhe perguntar." Eu disse: "O que é, chefe?" E eu acho que ele ouviu Rex Humbard (famoso pregador de progamas na TV), e ele me disse: "Vi alguém perguntando Você é um Cristão?" Eu não sei realmente o que é isso. O que é ser Cristão Donnie?"  Comecei explicando a ele que de acordo com a crença fundamental da fé na bíblia, Jesus morreu por nossos pecados e se você aceitar o que ele fez, o aceitar como o senhor de sua vida e receber o perdão que ele nos provém, então você é parte de seu corpo e por isso, eles se referem a você como cristão, por seu nome. Isso não lhe transforma em alguém perfeito, mas sim, como eles dizem, nascido novamente. Os que creêm na Bíblia acreditam que nascer de novo é a chave para o paraíso, em dado momento. Acreditamos que apenas nascendo novamente, você pode ter a vida eterna e esse foi o tom de nossa conversa. Fora isso, não lembro de termos nos aprofundado na teologia Cristã, mas sei que ele era provavelmente a pessoa mais consciente de Deus que eu conheci. Ele se aprofundou em religiões orientais e as estudava constantemente. Ele tinha um livro chamado " O Profeta" o qual ele distribuiu cópias para todos nós e o leu várias e várias vezes. Ele se interessava em meditação transcendental e era uma espécie de guru para nós. De tempos em tempos meditávamos. Ficávamos sobre travesseiros, usando robes e meditávamos.                                                                                                                                                                                                                                                                Nada disso lhe prepara para o paraíso, mas lhe deixa consciente da presença de Deus. Ele era um pesquisador e foi provavelmente o mais aplicado pesquisador que conheci.



ECB: Ele frequentemente aparecia em convenções gospel nos anos setenta, muitas vezes para ver performances dos Stamps. Você se recorda de algumas dessas ocasiões?                                                                                                                                                                                                                                                       DS: Lembro me de todas as vezes em que ele esteve lá. Nas primeiras vezes ele foi até o Ellis Auditorium e esteve apenas algumas vezes em Nashville. Nos dois lugares, JD havia construído um camarote, com janelas de todo um lado, um sistema de som e ar condicionado. Minha avó, JD, minha tia e toda minha família ficava lá. Era nosso ponto de encontro.  Quando Elvis ia lá, ele sempre ia ficar no camarote com JD. Dava sempre pra dizer quando eu e JD estávamos lá e quando Elvis e JD estavam lá, porquê quando eu e JD estávamos no camarote, ninguém mais estava. Quando Elvis estava, havia filas para vê-lo (risos)                                                                                                                                                           A primeira vez que ele foi, foi em Memphis. Era Outubro de 1965 e eu estava cantando a canção "I Can not fail the Lord". Comecei cantando a canção e Elvis veio e entrou nas coxias, do lado de JD. Não o vi entrando mas na parte final da canção eu sempre atingia uma nota muito aguda e a segurava por um longo tempo. Naquela noite, naquela nota eu me virei na direção de JD, e por cima do ombro de JD, eu vi Elvis nas coxias e acabei perdendo a nota (risos).

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Elvis numa convenção gospel, em algum momento de 1972



ECB: Você voltou ao ambiente de estúdio com Elvis em Julho de 1973, no Stax em Memphis. Quais são suas lembranças dessas sessões?                                                  DS: Fiquei surpreso por ele ter escolhido o Stax. Não era nada espetacular, era apenas um bom estúdio mas nada realmente bacana. Mas o que mais me lembro dessas sessões é que trabalhamos na cançãoThree Corn Patches e nós nunca conseguíamos um take completo dela porque assim que Elvis começava a cantar as primeiras frases "Three Corn Patches..." ele se lembrava de uma coisa que os idosos põe nos pés (risos). Aqui no nosso país chamamos um tipo de calo de "milho" (corn) (Nota: Uma espécie de ferida dura e pontiaguda que acomete dedos do pé) e os idosos compram uns curativos (patches) para botar nesses calos e eles são chamados de curativos de milho (corn patches). Ele achava muita graça e nunca conseguíamos um take completo dessa canção doida. Não era uma boa canção pra começo de conversa, mas gravamos isso por três horas e meia. Não conseguíamos termina-la porque não parávamos de rir.

ECB: No final desse mesmo ano, Elvis gravou duas canções suas; Mr. Songman e I Miss You.  Fale-nos um pouco sobre o processo de criação dessas composições e como Elvis decidiu gravá-las.                                                                                                                                                                                                                                             DS: Escrevi ambas na mesma noite. Minha mulher havia me deixado algumas semanas antes e eu voltei para casa para tentar conversar com ela, mas ela não estava na cidade. Havia ido para a Flórida com meus filhos, visitar a mãe. Então quando cheguei na cidade não havia ninguém e por isso desci a Broadway aqui em Nashville e fui até um restaurante sujo chamado  Line Bughs. Era um local onde as pessoas de vida noturna, da rua, pessoas que mal conseguiam sobreviver iam. E eu estava lá, umas três ou quatro da madrugada, sentado numa mesa. Cada mesa tinha uma jukebox particular na parede. E eu estava tocando todas essas músicas tipo " Ela se foi e me deixou... Meu Coração Está Partido, Me Sinto Como Um Cachorro...(risos) e isso me deu a idéia de Mr. Songman. A canção foi escrita para uma jukebox nesse restaurante. Na mesma noite cheguei ao meu quarto no motel e escrevi  I Miss You.                                                                                                                                                                                                                                                                             Ela foi gravada quando estávamos em Palm Springs e o Coronel ligou para Elvis e disse: "Você vai ter que gravar mais músicas senão estaremos quebrando nosso contrato". Elvis disse: "Não vou gravar nada". E o Coronel respondeu: "Sim, você vai". Elvis então lhe disse: " Bem, diga a RCA que se eles querem alguma coisa eles vão ter que vir até aqui, porque eu não vou até Los Angeles". Na semana seguinte dois caminhões lotados com equipamento estacionaram na frente da casa de Elvis, trazendo microfones e todo tipo de equipamento. Elvis perguntou: " O que vamos gravar? Não temos nenhuma música! (risos). Charlie disse: " Bem, Donnie escreveu algumas canções. Tim Baty escreveu algumas". Elvis respondeu: "Bem, vamos lá então." Então fizemos minhas duas músicas, Mr. Songman e I Miss You. Depois ele começou a cantar várias canções rockabilly de outros artistas, só porque ele as conhecia.       Ele não queria saber quem as tinha gravado, só queria conseguir músicas para a RCA! .                                                                                                                                                                                                                                                                           Na noite anterior, Sherril Nielsen havia feito um transplante de cabelo e teve duzentos plugs de cabelo tirados da parte de trás e implantados no topo da sua cabeça. Na manhã seguinte, ele estava tomando pílulas para dor e quando começamos a trabalhar na música "Are You Sincere", não tinhamos nenhum músico. Era só eu tocando piano elétrico e Tim Baty tocando violão. Depois eles levariam tudo para Los Angeles, manteriam a voz de Elvis e fariam os overdubs necessários.                                                                                                               Quando gravamos Are You Sincere, queríamos que Katy Westmoreland fizesse a parte final (cantando) "Are You Sincere...", Sherill fez essa parte apenas como um rascunho, para servir de orientação e quando Elvis cantou a última nota, Sherril fez o final e desafinou. Sherril disse: " Cara, ainda bem que vão colocar alguém outro pra fazer essa parte final!" E Elvis respondeu: "Essa é a primeira vez que eu vejo você desafinar e o mundo não vai ouvir". Bem, a RCA lançou a canção com Sherril cantando o final, desafinando como só ele. (risos)

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Elvis com The Stamps Quartet.

ECB: Ele pareceu mudar gradativamente para a música country nessa época. Você acha que sua contribuição para esse gênero é pouco valorizada?                                  DS: O que faz a música country é o cantor. Ray Charles cantou música country, mas não era country (risos). Elvis cantou música country, mas não era country. Ele podia cantar gospel, mas não era gospel. Ele podia cantar pop e não era pop. Todo tipo de música toma para si um pouco do cantor. Ha muitas canções country com letras bonitas e se você pega um cara como Elvis, que tem uma voz diferente e um padrão rítmico diferente, ele pode pegar essas canções e transforma-las em algo completamente diferente, como Ray Charles fazia.



 

ECB: Foi também nessa época que o grupo Voice, com você, Tim Baty e Sherril Nielsen foi formado. Como o grupo surgiu?                                                                            DS: Sherill e Tim Baty eram parte dos The Statesman, um grupo gospel. Eu cantava com os The Stamps. Começamos a não gostar da direção que nossos grupos estavam tomando naquela época e também a música gospel estava passando por uma mudança na indústria. Os Oak Ridge Boys haviam desistido da música gospel e foram para o country. Os Statesman idem. Eu disse para Sherril: "Porque nós não fazemos nosso próprio grupo country, e cantamos do jeito que sempre fizemos? Vamos pegar essas músicas country e cantá-las do nosso jeito". Então deixamos nossos grupos e começamos um novo chamado, The Tennessee Rangers e acabamos cantando no Grand Ole Opry. Fomos para Vegas e Elvis estava encerrando sua temporada e fez sua festa de encerramento. Como eu era convidado de Elvis, fui até a festa. Tom Jones estava lá, Bob Gentry, Jack Lord, Martin Allen, Red Fox. Naquela noite cantamos In The Sweet By And By para Elvis, porque ele queria ouvir canções gospel. No fim daquela noite assinamos um contrato com Elvis e parte do contrato dizia: “Para cantar a pedido, In The Sweet By And By”. Foi assim que começou. Ainda eramos os The Tennessee Rangers quando numa noite, estávamos em sua casa na Monovale Drive e Larry Galler e ele tinha acabado de ler um livro chamado "The Voice". Tinha uma linda capa. Estava na mesa de Elvis. Ele pegou o livro, olhou pra foto da capa e me chamou:: "Donnie, venha aqui”. Vi ele sentado na sala de estar e quando me aproximei ele disse " Vocês não são mais os Tennessee Rangers. De agora em diante vocês são Voice." E eu disse said "Ok...Voce pode me chamar do que quiser, contanto que chame sempre" (risos). E foi assim que recebemos o nome Voice.



ECB: Por volta da metade de 1974, seu abuso de medicamentos começou a tornar-se alarmante. Você alguma vez falou com ele sobre esse problema?                        DS:Posso honestamente lhe dizer que isso era a coisa mais remota da minha mente, naquela época. Eu estava tão profundamente envolvido com drogas que eu mal conseguia enxergar direito vinte e quatro horas por dia. Não sei o quanto Elvis estava consumindo, mas eu provavelmente consumi isso ou mais. Então não posso honestamente dizer-lhe que fiz algo para ajuda-lo, porque eu estava me drogando com tudo o que podia encontrar. Não tenho orgulho disso, é apenas parte da minha história.




ECB: O que você acha que deveria ter sido feito para livra-lo do vício?                                                                                                                                                                  DS: Acho que a única coisa que poderia te-lo ajudado seria se todos nós, Red, Sonny, Dave, Eu, Joe, Dr. Nick, Charlie, tivéssemos a coragem de ter dito à ele: "Elvis, isso não está certo. Temos todos que mudar" Mas nós reforçávamos nosso comportamento, ao invés de tentarmo-nos nos ajudar. Elvis não tem mais culpa do que o resto de nós, porque nenhum de nós fez nada para mudar nossos estilos de vida. Qualquer culpa que alguém atribua a Elvis, deve também atribuir aos outros dezoito de nós que viviam com ele. Por que se todos nós tivéssemos tentado, poderiamos te-lo mudado. Mas estávamos todos tão envolvidos com nossos afazeres, nossas buscas e prazeres que não tentamos achar um tempo para ajuda-lo. Eu me arrependo por isso.





ECB: Qual foi a última vez que você falou com ele?                                                                                                                                                                                                 DS: Uma semana depois do dia do trabalho, em 1976. Falei a ele que queria me demitir, voltar para Nashville, entrar numa clinica de reabilitação e pegar minha vida de volta. E se ele me permitisse, gostaria de quebrar meu contrato e voltar para Nashville. Ele disse: “Me orgulho de você Donnie. Queria eu poder fazer isso. Queria começar tudo de novo. Mas não tem como fazer isso, tenho que continuar sendo Elvis. Mas se você precisar de um amigo, você sabe onde me encontrar. Te quero muito bem” Eu disse: "Também te quero muito bem, chefe". Alguns segundos depois me virei e essa foi a última vez que eu o vi.  

 

ECB: Como você acha que devemos lembrar dele?                                                                                                                                                                                                 DS: Acho que o jeito que lembro-me dele, é o jeito que gostaria que todos lembrassem. Primeiro como o mais talentoso e versátil artista ao qual já fui exposto. Segundo, lembro-me dele como um adolescente muito cortês do Tennessee. Ele nunca teve a chance de envelhecer. Ele sempre teve dezenove anos.                                                                                            

E lembro-me dele como um cara que adorava se divertir, que ouvia e contava piadas e como um dos mais leais, protetores e generosos amigos que já tive em minha vida.

 

Donnie Sumner cantando The Anchor Holds

 

 

ECB: Falemos um pouco sobre você, Donnie. Como é a sua vida como Pastor?                                                                                                                                                    DS: Minha vida como pastor é uma guinada de 180º da minha vida como cantor. Eu costumava ser uma pessoa egoísta, ambiciosa, que fazia tudo para chegar ao topo. Era um manipulador de pessoas e me utilizava das circunstâncias para benefício próprio. Não estou me gabando, mas quando fiz de Cristo o meu senhor, ele não apenas mudou minha carreira e meu status social, como também meu coração. Nesse momento da minha vida eu não tenho maior prazer do que ajudar o próximo. Vivo sob a filosofia de que você pode conseguir tudo o que quiser na vida se você ajudar o seu próximo a ter aquilo que ele deseja. Sou pastor agora e minha mensagem é de que em Cristo há uma nova vida, uma vida abençoada e nele somente há a esperança de vida eterna.



 

ECB: E o CONCERTO DE ADORAÇÃO e os Pastores Espirituais?                                                                                                                                                                             DS: Iniciei os Pastores espirituais em 1980, quando peguei a estrada para cantar em igrejas. Meu concerto de adoração é basicamente música cristã, canções gospel do sul que adaptei ao meu estilo. Muitas eu mesmo escrevi. Minhas motivações para esses concertos é capturar a atenção da platéia e dizer-lhes o que se passou em minha vida e como ela mudou por causa de Cristo. Dar-lhes esperança no fato de que suas vidas também podem mudar, não importam as circunstâncias. Que a doença pode ser curada, que a incerteza financeira pode ser mudada e problemas podem ser resolvidos. Famílias podem se unir novamente, crianças podem ser respeitosas e que você pode alcançar seus sonhos mais facilmente com Cristo. É isso o que eu faço.



ECB: Quando poderemos ler seu livro e quanto a seus projetos futuros?                                                                                                                                                       

DS: Tenho trabalhado nele por quatro anos já. É bem difícil. As pessoas me perguntam porque ainda não terminei meu livro e eu lhes respondo que não sabia o quão chata era minha vida até escrever sobre ela (risos). Espero termina-lo em muito breve. Acho que já tenho 75% pronto e o motivo de ainda não estar terminado é que o editor quer que eu escreva mais sobre Elvis.                                                                                                                                                                                                                                                                           Então tenho reescrito algumas de minhas memórias para aumentar a parte de Elvis e tornar o livro mais atraente ao mercado Elvis.                                                                        Também tenho trabalhado no estúdio e tenho seis novas faixas nas quais estou trabalhando. Na verdade estava trabalhando na mixagem de uma delas quando recebi seu telefonema. Um dos álbuns a ser lançado será chamado Donnie Sumner The Artist, The Writer, ( Donnie Sumner, O Artista e o Compositor) com dezessete composições minhas.                                                                                                                                                                                                                                                                 Também tenho outro que deve sair até Fevereiro, chamado Donnie Sumner Sings Old Songs With Old Friends (Donnie Sumner Canta Antigas Canções Com Antigos Amigos). Peguei uma porção de canções que gravei no passado com amigos, usei as partes deles, misturei com a minha voz e fiz novos arranjos instrumentais. Coloquei JD, James Blackwood, Bill Baise, Ed Hill, por exemplo. Também peguei vários hinos antigos e fiz arranjos ao estilo Blue-Grass. Sairá provavelmente em Março ou Abril e será intitulado The Other Side Of Me ( O Meu Outro Lado.)

ECB: Esperamos ansiosos pelos seus próximos projetos, Donnie. Muito obrigado por seu tempo e pelas histórias compartilhadas. Também aproveito para desejar-lhe, e a sua família, um feliz Natal.                                                                                                                                                                                                                                        DS: Fico contente que tenha apreciado, O mesmo a você.

 

Gostaríamos de agradecer o Sr. Sumner pelo seu tempo e desejar-lhe o melhor para o futuro.  Também aproveitamos para desejar um Feliz Natal e Um Excelente Ano Novo para todos os nossos visitantes e fãs de Elvis.

Visite o webiste de Donnie  http://www.donniesumner.com

 

Donnie Sumner entrevistado por Sergio Biston em Dezembro de 2008

Transcrição e Tradução: Sergio Biston

Perguntas Elaboradas por: Luiz Henrique ( 12 e16 ) Sergio Biston (Demais)  

 

 

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